5 Volkswagen projetados no Brasil antes do Tera

Os departamentos de engenharia e de design da filial brasileira da marca estão trabalhando muito, mas hoje vamos relembrar os sucessos do passado

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O mais belo na história da marca alemã foi criado no Brasil (Fotos: Volkswagen | Divulgação)
Por Eduardo Rodrigues
Publicado em 02/03/2025 às 09h00

A Volkswagen já foi a marca que mais vendeu carros no Brasil, hoje ela quer voltar a ter esse posto. Atualmente ela já possui o carro de passeio mais vendido, o SUV mais vendido e cresceu a participação no segmento de caminhonetes.

Mesmo com esse histórico de liderança, a filial brasileira foi responsável pela criação de poucos carros do zero. Muitos dos projetos vendidos aqui vieram de fora e receberam atualizações, novas opções de carroceria e mudanças pontuais localmente.

Volkswagen Tera tease carnaval
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É uma estratégia diferente da feita pela atual líder de nosso mercado, a Fiat. A filial brasileira da marca italiana parece um fabricante independente, criando modelos pensados para nosso público.

Atualmente a Volkswagen do Brasil está com mais liberdade, já que ajuda bastante a matriz sendo uma das filiais mais lucrativas. Uma prova disso é o novo SUV Tera, que está perto de chegar ao mercado.

Ele foi todo projetado no Brasil com foco em nosso mercado, para um segmento novo de SUVs compactos de entrada. Seus concorrentes também serão modelos criados para cá: Fiat Pulse e Renault Kardian. Futuramente terá um modelo similar da Chevrolet, que ainda está nas pranchetas.

Para celebrar essa boa fase da Volkswagen, vamos relembrar alguns carros importantes que foram projetados no Brasil. Eles tiveram resultados tão bons que chamaram a atenção da matriz.

1. Volkswagen SP2

A Puma nasceu fazendo um esportivo com mecânica DKW, mas foi popularizada quando passou a utilizar o chassi do Fusca. Ele pode ser considerado como o pai dos carros fora de série, que eram veículos feitos em fibra de vidro por pequenas fábricas para atender a segmentos que não existiam em nosso mercado fechado para importações.

O carro chefe dos fora de séries eram os esportivos, quase sempre feitos sobre o chassi do Fusca. A Volkswagen tinha seu elegante cupê Karman-Ghia, mas sem a agressividade de um Puma ou um Bianco.

Em 1969 ela começou o Projeto X, que era um carro de produção seriada para competir contra os carros fora de série. Comandando o design estava o mineiro Márcio Piancastelli, um nome que vocês verão outras vezes nessa matéria.

O fruto do Projeto X foi a dupla SP1 e SP2, que eram um cupê baixo com frente longa e traseira curta. Os nomes identificavam a motorização, o SP1 usava o mesmo motor 1.600 do “Zé do Caixão”, com 54 cv, enquanto o SP2 tinha um exclusivo 1.700 com taxa de compressão elevada que rendia 67 cv.

Diferente dis rivais artesanais, o SP2 era feito em aço. Isso trazia vantagens em conforto a bordo, mas fazia dele mais pesado e mais lento. O SP1 teve cerca de 60 unidades vendidas, enquanto o SP2 chegou a passar a marca dos 10 mil carros.

Até hoje ele é considerado como o carro mais bonito na história da Volkswagen no mundo. Uma unidade foi levada do Brasil para o museu da marca na Alemanha. Alguns fãs da marca nos EUA e na Europa importam o esportivo para se destacar nos encontros.

2. Volkswagen Brasilia

A Volkswagen tentou substituir o Fusca diversas vezes. Ele era o seu carro chefe, mas o projeto da década de 30 trazia sinais de defasagem diante dos rivais. A primeira tentativa foi com o Brasilia.

A mecânica refrigerada a ar montada na traseira era uma queridinha do brasileiro, já que exigia menos cuidados na manutenção e ajudava a enfrentar estradas de terra. Por isso, o Golf nem chegou a ser considerado para cá.

A solução local foi criar um hatchback com estilo moderno e usando o motor refrigerado a ar. O responsável pelo desenho foi, mais uma vez, Márcio Piancastelli.

O Brasilia tinha foco em ser um carro espaçoso dentro das limitações da arquitetura de motor traseiro. Seu desenho era moderno, com linhas retas e ampla área envidraçada. A frente remetia ao SP2.

Apesar da vida curta, de 1973 a 1982, o Brasília foi um sucesso e vendeu mais de 1 milhão de unidades. Márcio Piancastelli tinha muito orgulho desse projeto, tanto que foi dono de sete unidades.

3. Volkswagen Gol

O carro que finalmente conseguiu ser o sucessor do Fusca foi o Gol. Levou um tempo para conseguir isso, já que o início de sua carreira foi um pouco complicado, mas ele conseguiu atingir o objetivo.

Assim como o Brasília, o Gol veio com a missão de ser um hatch compacto e espaçoso. Dessa vez ele usaria o motor na dianteira, solução mais moderna e apropriada para concorrência que enfrentaria.

O problema foi a insistência no motor boxer refrigerado a ar, que dava a ele um desempenho decepcionante. Foi apenas com a chegada do motor refrigerado a água de quatro cilindros em linha, o famoso AP, que ele deslanchou.

O desenho do Gol foi feito no Brasil com inspiração no Scirocco, que era um cupê derivado do Golf. Ele foi assinado por Márcio Piancastelli, que também trabalhou na perua Parati, no sedã Voyage e na caminhonete Saveiro. Depois ele foi para o departamento de acabamentos e cores, atuanado na criação das versões GT, GTS e GTI do hatch.

O Gol era um carro sem equivalentes na linha global da Volkswagen. Ele usava uma plataforma derivada do primeiro Passat com motor longitudinal, enquanto os europeus tinham o Golf e o Polo com motor transversal.

Em 1994 veio uma segunda geração do Gol, com desenho mais arredondado e uma evolução dessa plataforma de motor longitudinal. Ele enfrentou rivais com projetos bem mais atuais e eficientes, mas seguiu líder por ser robusto.

Em 2008 a Volkswagen lançou a terceira geração do Gol, que é chamada popularmente de quinta pois contam o face-lifts como gerações. Agora ele trocava o motor longitudinal pelo transversal, adotando a moderna plataforma do Polo.

Foi mais um projeto brasileiro, que gerou novas versões da Saveiro e do Voyage. Ele segurou a liderança por mais alguns anos, mas nunca mais voltou ao topo do ranking depois que perdeu a posição para o Chevrolet Onix. Quem fez isso foi o Polo.

4. Volkswagen Fox

Nos anos 2000 o Fusca já havia saído de linha duas vezes, o foco da Volkswagen passou a ser criar um sucessor para o defasado Gol. Em 2001 foi lançado o Polo como um hatch compacto premium, alinhado com a Europa, mais caro e refinado que os populares.

Ele não tinha chances nem pretensão de substituir o Gol, mas sua plataforma PQ24 veio para ajudar nisso. A Volkswagen do Brasil usou a criatividade do designer Luiz Alberto Veiga para fazer um hatch compacto e espaçoso. Parece com o que já vimos sobre o Brasilia.

O Fox foi lançado em 2003 com bons atributos para substituir o Gol: versões de 2 ou 4 portas, motores 1.0 e 1.6 mais atuais e toda a linha era flex. O interior adiantava o que vemos hoje: muito plástico nas portas.

Pelo menos ele compensava essa simplicidade com bons porta-objetos e soluções práticas como o banco traseiro que corria em um trilho para aumentar o porta-malas. A posição de dirigir no Fox era mais alta, inspirada nas minivans e mais fácil para pessoas idosas ou com dificuldades de locomoção se acomodar.

O único derivado da família Fox foi a perua SpaceFox. O hatch teve o aventureiro CrossFox, com suspensão mais alta e estepe pendurado na traseira. Ele não conseguiu ser o sucessor do Gol, mas conseguiu boas vendas.

Vendo isso, a Volkswagen decidiu deixar o Fox mais refinado com o face-lift de 2009. Ele também recebeu algumas versões especiais, como a Bluemotion que estreou o motor 1.0 de três cilindros da marca no Brasil.

Em 2014 o Fox foi atualizado mais uma vez, ganhando motor 1.6 16v e câmbio manual de seis marchas. Foi o único VW nacional com essa combinação. Ele também passou a ter teto solar como opcional, foi um carro compacto bastante completo. Ele saiu de linha em 2020, para racionalizar a gama da marca.

5. Volkswagen Nivus

A Volkswagen demorou a entrar na onda dos SUVs no Brasil, seu primeiro carro do tipo foi o T-Cross em 2019. Na Europa ele utiliza o entre-eixos curto do Polo, mas aqui adotou a medida mais longa do Virtus para competir contra Jeep Renegade e Hyundai Creta com mais competência.

Isso abriu espaço para um modelo menor, com as medidas do Polo. É aqui que se encaixa o Nivus, que foi um projeto brasileiro de um SUV cupê compacto com mais tecnologia embarcada que o irmão hatch.

O desenho foi feito por José Carlos Pavone e, mais uma vez, chamou a atenção da matriz alemã. O Nivus é produzido também na Espanha para o mercado europeu, onde se chama Taigo.

Ele trouxe mais sofisticação a linha nacional de compactos da Volkswagen, com a central VW Play (também desenvolvida aqui) capaz de rodar aplicativos de forma nativa. Com isso não é mais necessário usar o smartphone conectado ao carro para usar o Waze ou seu streaming de música favorito.

O Nivus também contava com seis airbags (o Polo só tinha quatro), painel digital, cruise control adaptativo, faróis full-LED e saídas de ventilação para o banco traseiro. O espaço interno é similar ao do Polo, mas o porta-mals de 415 litros se destaca.

Em 2024 o Nivus ganhou sua primeira reestilização, que deixou o visual mais limpo e trouxe ainda mais tecnologia embarcada. Agora ele conta com um pacote ADAS mais completo e passou a ser um carro conectado, o motorista pode monitorar e controlar funções à distância via aplicativo. A versão GTS chega ainda em 2025, com motor 1.4 turbo de 150 cv.

O irmão Tera está prestes a ser lançado e ficará posicionado abaixo do Nivus. Pense na novidade como o que era o Fox em 2003, enquanto o SUV cupê faz o papel do Polo com faróis redondos nessa escadinha da Volkswagen. Já o Polo atual é o sucessor do Gol.

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1 Comentário
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Maurício 4 de março de 2025

Outros Vw nacionais:, Karmann Ghia TC, Variant2,, Saveiro,Parati, Voyage,Santana e Quantum2,Pointer, Logus, SpaceFox.
Versões/restilização: Apollo, Polo Sedan, Virtus.

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