Volvo XC40 Pure Electric é um ‘Porsche acelerando’, mas sem barulho e poluição
A versão elétrica do SUV da marca sueca tem dois motores, 408 cv, tração integral e é capaz de alcançar 100 km/h em 4,9 segundos
A versão elétrica do SUV da marca sueca tem dois motores, 408 cv, tração integral e é capaz de alcançar 100 km/h em 4,9 segundos
A principal missão de carros elétricos é não poluir (ao menos enquanto rodam). Mas esse tipo de veículo cada vez mais vai mostrando outras qualidades. Na apresentação do XC40 Recharge Pure Electric (que custa R$ 389.950), primeiro veículo 100% elétrico da Volvo, um executivo da marca comparou o poder de aceleração do SUV com nada menos que o Porsche 718 Cayman. Ou seja, 0 a 100 km/h em 4,9 segundos.
Enquanto o esportivo alemão faz o trabalho graças a um motor 2.0 turbo de quatro cilindros e 300 cv, o sueco (produzido na Bélgica) utiliza dois motores de 150 kW cada. A tração é distribuída pelas quatro rodas. A potência total é de 408 cv, e o torque chega a 67 kgfm.
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Na prática, quando se pisa firme no acelerador, a resposta é um soco. Motores elétricos têm torque instantâneo. A força não vai subindo aos poucos, como nos propulsores a combustão. E o plural aí foi usado à toa. O menor SUV da marca sueca tem uma unidade em cada eixo.
Outra surpresa é que não há botão de partida. A peça, que mandou para a aposentadoria a chave convencional em diversos modelos, agora está experimentando um pouco do próprio veneno. Saiu sem deixar substituto. Para sair, basta estar de posse da chave presencial, colocar a pequena alavanca de câmbio em “D” e acelerar.
Da mesma forma, também não há freio de estacionamento, e o uso do pedal de freio é quase “opcional”. Como em outros elétricos, o modo “one pedal drive” permite dirigir usando apenas o acelerador na maioria das situações. Ao aliviar o pedal, a velocidade cai rapidamente.
Dessa forma, o sistema recupera o máximo possível da energia cinética, que volta para a bateria em forma de eletricidade. Por causa disso, a Volvo estima que os discos de freio podem durar até 100 mil km.
Além do desempenho cada vez mais empolgante, a autonomia dos elétricos também tem aumentado muito, afastando de vez o medo que os motoristas tinham no passado de ficar sem carga. O XC40 Pure Electric tem autonomia de 418 km no ciclo WLTP (condições reais de tráfego), número que pode variar muito conforme o uso.
Nosso teste de dois dias e cerca de 250 km foi feito basicamente em rodovias. Nessa condição, ao contrário do que ocorre com carros equipados com motor a combustão, a autonomia cai mais depressa, porque praticamente não há recuperação de energia (pouca frenagem e desaceleração).
Saímos de Porto Alegre com 94% de carga, e após 150 km o painel indicava 41% restantes. Mas dirigimos sem muita preocupação em poupar energia. E, vez por outra, pisei fundo para que os dois motores mostrassem suas credenciais. O “lado Porsche Cayman” se manifesta, e não parece que estamos ao volante de um carro de 2.118 kg (cerca de 400 kg a mais que a versão a combustão).
Ao colocar um destino no Google Maps, o sistema informa uma estimativa da quantidade de carga remanescente no final da viagem. Na tela da central multimídia, aparecem também os pontos de recarga no trajeto.
A Volvo informa que a bateria de 78 kWh leva cerca de sete horas para carregamento total em wallbox, o carregador de parede. Nos carregadores rápidos, a marca sueca informa que 80% da carga é atingida em aproximadamente 40 minutos. A Volvo, aliás, anunciou que irá fornecer gratuitamente o carregador domiciliar para compras feitas até o fim do ano. O wallbox custa R$ 8.950.
De acordo com cálculos da empresa, uma carga completa custa entre R$ 60 e R$ 80 de eletricidade, dependendo da “bandeira” tarifária. O custo equivale a cerca de 25% do que seria gasto com gasolina.
O XC40 traz o sistema operacional Google Automotive Services. Com isso, aplicativos do sistema Android são nativos do carro, possibilitando interação do motorista, sem conexão de fios do celular.
Por meio de comandos de voz, o Google Assistente pode realizar funções como alterar a temperatura do ar-condicionado, selecionar destino, ouvir música ou podcast e até acionar luzes de casa, por exemplo. É possível também baixar aplicativos da loja Google Play, sem usar o celular.
Em movimento, tudo o que se ouve no carro é um sutil ruído dos pneus no chão e o vento escorrendo pela carroceria bem desenhada. Caso queira quebrar o silêncio quase absoluto, os usuários têm à disposição o sistema da Harman Kardon, com 660 W e 13 alto-falantes.
O XC40 Pure Electric é equipado de série com belas rodas de 20″, com pneus 235/45 na frente e 255/40 na traseira. Em conjunto com a suspensão bem calibrada, eles garantem conforto mesmo na terra, absorvendo bem as imperfeições do piso.
O menor SUV da Volvo continua atraindo pelo bom acabamento e superfícies macias no painel e portas. Há poucos botões físicos, e o console central tem apenas a pequena alavanca de câmbio. Não há marchas, nem borboletas no volante, tampouco modos de condução. O motorista decide “no pé” o jeito como o XC40 deve se comportar.
O quadro de instrumentos do XC40 Pure Electric é uma nova tela digital de 12,3″, que exibe nível de bateria, velocímetro digital, mapa e quando o veículo está gastando ou recuperando energia. A central multimídia mantém a tela vertical de 9″, e há quatro portas USB-C, sendo duas na frente e duas atrás. Além disso, o SUV tem também carregador de celular sem fio.
O comando do teto solar panorâmico é feito por meio de uma tecla do tipo “touch”, sensível ao toque.
Além do teto, tudo no XC40 elétrico é de série, caso de bancos com ajustes elétricos, ar-condicionado de dupla zona, faróis Full-LEDs direcionais, sete airbags e acionamento automático da tampa do porta-malas (por movimento de pé).
Também são equipamentos de série os assistentes de condução, caso do controle de cruzeiro adaptativo, sistema de permanência em faixa com correção de volante, sensores de ponto cego e tráfego cruzado, câmeras 360º, etc. Uma das novidades é que o dispositivo City Safety, além da frenagem automática para pedestres, ciclistas e animais, também atua esterçando o volante, em emergências.
Por fora, a maior característica do XC40 Pure Electric é a grade frontal fechada. Isso ocorre com frequência em automóveis elétricos, já que não há propulsor a combustão exigindo refrigeração. A outra referência está na inscrição “Recharge” nas colunas traseiras.
Sob o capô do XC40 Pure Electric, como não há motor a combustão ocupando espaço, sobrou área para um pequeno porta-malas, de 31 litros. É o suficiente para uma mochila ou uma pequena mala. Esse compartimento é um complemento ao porta-malas “oficial”, na traseira, de 413 litros. Assim, são 444 l no total.
De acordo com João Oliveira, diretor geral da Volvo Cars no Brasil, as 300 unidades do modelo colocadas em pré-venda foram negociadas em duas semanas. E as 150 unidades adicionais também se esgotaram rapidamente. Agora, com a chegada dos carros ao país, a importadora está na fase de faturamento e entrega das primeiras 450 unidades.
O XC40 Pure Eletricrecebeu da fábrica o código “P8 AWD”, sendo que o “P” refere-se a “pure” (puramente elétrico), o “8” é uma referência à potência da bateria próxima de 80 kWh, e o AWD informa a tração integral. Futuramente, a empresa deve lançar o P6, de menor potência e apenas um motor elétrico.
Com essa ofensiva elétrica, a marca sueca pretende liderar o mercado de carros eletrificados premium no Brasil. Oliveira reforça que todos os veículos da marca à venda por aqui têm “pelo menos” um motor elétrico. “Isso não acontece nem na Suécia”, garante. “Apenas Brasil e Noruega oferecem a linha 100% eletrificada”, afirma. “A indústria automobilística foi parte do problema (da poluição). Agora queremos ser parte da solução.”
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