Chefão mundial da VW: Brasil está fora dos nossos planos de eletrificação
Ao completar 70 anos de operações no Brasil, empresa alemã volta à inércia do berço esplendido e não se atenta ás tendências do mercado
Ao completar 70 anos de operações no Brasil, empresa alemã volta à inércia do berço esplendido e não se atenta ás tendências do mercado
“Brasil, África do Sul e Índia terão outras soluções”, foi o que afirmou Oliver Blume, CEO do grupo Volkswagen em Berlim, na Alemanha, quando detalhou para a imprensa mundial os planos globais de eletrificação da empresa. Nos próximos cinco anos, o grupo vai investir 180 bilhões de euros em eletrificação e digitalização. Mas, desta quantia, míseros 1 bilhão serão investidos em toda a América Latina, incluindo neste valor veículos convencionais com motores a combustão.
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Blume destacou ainda que os investimentos em tecnologia estarão restritos à Europa, China e América do Norte, regiões mais atrativas e lucrativas para a marca. Imagina-se que, diante desta posição assumida pelo grupo, a Volkswagen do Brasil não receberá verbas da matriz voltadas ao desenvolvimento de projetos para a eletrificação de veículos.
Ford, Stellantis, General Motors, Honda, Toyota, Mercedes, BMW, Porsche, Audi, Nissan, JAC, CAOA (Chery e Hyundai), Kia, Jaguar Land Rover e as chinesas BYD e GWM já incluíram os eletrificados em seu portfolio.
Quando o CEO da VW se referiu a “outras soluções” para o Brasil, estava mencionando – indiretamente – que a empresa acredita e iria investir no etanol como solução regional. Tanto que a filial brasileira foi encarregada pela matriz de desenvolver apenas projetos que contemplam os biocombustíveis. Ela tem, por exemplo, parceria com uma universidade paulista para um projeto que tornaria viável a utilização do etanol (do qual se extrairia o hidrogênio) para alimentar a célula a combustível (Fuel Cell) e o carro rodar com energia elétrica. A Nissan tem a mesma parceria com outra universidade de São Paulo. A empresa alemã tem também um acordo com o Centro de Tecnologia Canavieira (Piracicaba-SP) para o desenvolvimento do etanol como combustível, reduzindo custos de sua produção e tornando-o mais eficiente na combustão dos motores.
O que Oliver Blume deixou claro é que sua empresa não pretende destinar recursos para a eletrificação veicular no nosso país: “O Brasil está incluído no nosso plano de investimento, mas quanto aos elétricos, o quadro não é tão bom”. Prova disso é que o grupo está investindo pesado na eletrificação de seu próximos modelos, em fábricas de baterias e software para carros autônomos. Nenhum destes recursos para a modernização passa pelo Brasil.
Serão três fábricas de baterias de última geração, na Alemanha (Salzgitter), Espanha (Valencia) e Canadá (St. Thomas) que estarão produzindo até 2027. E desenvolve, junto com uma start-up norte-americana, a mais inovadora tecnologia de baterias, as do tipo estado solido (solid state).
Enquanto isso, ela celebra nesta semana seus 70 anos de Brasil com muito pouco a comemorar, pois não está na melhor de suas fases no país. Ocupa o terceiro lugar no ranking das marcas, atrás da Fiat em primeiro, GM em segundo. Seu carro mais vendido no nosso mercado, o T-Cross, está em sétimo lugar em vendas, atrás de modelos da Fiat, GM, Jeep e até da Hyundai.
A Volkswagen do Brasil dá mostras de ter voltado ao mesmo berço esplêndido que ocupou há alguns anos, quando assistiu impávida e inerte ao lançamento de inúmeros SUVs no nosso mercado, despencando sua participação no ranking das marcas. Acordou e decidiu produzir três SUVs: T-Cross, Nivus e Taos. E voltou a dormir, pois já está há três anos sem nenhuma novidade no Brasil, apesar da “febre das picapes”: Ranger e Maverick da Ford, Montana da GM, Strada, Toro e Landtrek da Fiat e mais as das chinesas (GWM e BYD) já confirmadas.
Enquanto isso, ela mantem as duas mais antigas do mercado: Amarok que chegou em 2010 e a terceira geração da Saveiro no mesmo ano. Apresentou um conceito no Salão do Automóvel de 2018 (Tarok) e ficou por isso mesmo. Desistiu também de lançar uma nova geração da Amarok que seria “irmã” da nova Ranger (como fez a VW da África do Sul) produzida na Argentina por não concordar com o orçamento apresentado pela Ford. Deu um tapa na velha Amarok e seguiu em frente.
E, por falar em berço esplêndido, a marca alemã é das únicas no Brasil a não oferecer, no portfolio, nenhum híbrido ou elétrico. Pelo jeito e pelo que afirmou o poderoso chefão da marca, Herr Blume, vai ser difícil ela acordar deste pesado sono.
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O que será dos proprietários, ou pelo menos grande parte dos proprietários de postos de abastecimento, que não poderão mais adulterar o combustível? Será uma desgraça.
Mas ainda terá o marcador, que vai mostrar determinado valor, mas que irá apresentar outro.
Pronto chefe! carregamos “tantos watts”, mas na verdade só carregaram “tantinhos”.
Não entendo a estratégia da VW: abandonou segmentos relativamente lucrativos e de imagem, deixando de vender veículos premium em nosso mercado. Havia Golf / Golf Variant, Tiguan, Passat/Passat Variant… tem loja em região nobre que perdeu completamente o sentido, como q Caraigá no bairro dos Jardins.
Não adianta importar esse modelos com pouquíssimo volume de vendas e com preços estratosféricos. Por exemplo, quem tem bastante dinheiro vai comprar um Audi ao invés de um VW premium.
Notícia boa para o Brasil. O modelo europeu ou americano não necessariamente é o melhor para o Brasil. Decisão acertada da VW e outros fabricantes que entendem que nosso mercado tem peculiaridades, pois o Brasil pode diminuir a emissão de CO com o etanol. Concordo com vc que a VW deu mancada ao não ofertar nenhum modelo híbrido no nosso mercado, mais por questões de marketing mesmo.
Concordo!
Concordo plenamente. O Brasil não possui infraestrutura e muito menos poder aquisitivo para arcar com carros elétricos que devido às políticas governamentais acabam se tornando ainda mais absurdamente caros que os veículos à combustão. Pouquíssimos teriam condições de adquirir e futuramente mantes os elétricos.
Nenhuma novidade. Nunca fomos prioridade.
De minha parte fico satisfeito que empresas gringas invistam em tecnologia para equacionar melhor o rendimento do etanol em veículos.
Aliás é um orgulho brasileiro que tenhamos essa solução, de CARBONO ZERO, que NENHUM OUTRO PAÍS dispõe.
Claro que há muitos jornalistas por aí, até que militam no meio ambiente, a base de jabá de eletrificação veicular, tecnologia QUE NÃO DOMINAMOS.
Então, se podemos ter o completo ciclo, da produção à bomba, de um combustível sustentável, pra que então colocar azeitona em empada alheia???
VW no Brasil com o Etanol está verde, creio que a onda de carros elétricos EV no mundo seja muito mais um desafio do ocidente contra o cartel do petróleo e não uma bandeira verde. Ainda resta que os carros a combustão são muito mais interessantes que carros elétricos que com pouco uso estarão com suas baterias usadas que proporcionarão baixa autonomia como os nossos celulares.
Não é o primeiro Grupo que comunica essa decisão.
No que diz respeito aos elétricos a bateria, sinceramente, não discordo da negativa.
Atitude mais acertada tem sido a da Toyota: Priorizar as tecnologias hibridas, e também a pesquisa em tecnologias a hidrogênio.