Fábrica da BYD na Bahia: nacional, só o ar do pneu?

Fábrica de carros chinesa está anunciando que começará a produção nacional, mas tudo indica que a realidade, inicialmente, será outra

BYD Dolphin Mini 2025 preto versão de cinco lugares frente parado em concessionária,A esquerda uma bandeira do Brasil.
Os modelos da chinesa chegam praticamente todos prontos, Só para montar (Fotomontagem: Auto Papo | Gabriel Fernandes)
Por Boris Feldman
Publicado em 20/06/2025 às 18h00

A BYD anunciou para o próximo dia 26 de junho o início da produção do Dolphin Mini, na fábrica de Camaçari, Bahia. E eu pedi à BYD mais informações, fotos da linha de montagem, da equipe de funcionários treinados, mas me disseram ser impossível enviar qualquer informação por enquanto.

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Eu espero estar enganado, mas tudo leva a crer que essa inauguração será pro forma e ela vai apenas montar automóveis que chegaram aqui SKD – Semi Knocked-Down –  ou seja, parcialmente desmontados.

E lá em Camaçari eles colocam as portas, a tampa do porta-malas, o capô, as rodas, sem nenhuma operação industrial. Talvez o que tenha de nacional nesse carro produzido em Camaçari seja o ar dos pneus. Vamos lá para conferir!

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Boris Feldman

Jornalista e engenheiro com 50 anos de rodagem na imprensa automotiva. Comandou equipes de jornais, televisão e apresenta o programa AutoPapo em emissoras de rádio em todo o país.

Boris Feldman
9 Comentários
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Revoltado 24 de junho de 2025

Casando de sustentar governo, Anfavea e sindicatos. Quero um carro bom (segurança, consumo, conforto) e barato. Tentamos há décadas ter indústria “nacional” e no fim só temos carros defasados e inseguros. Melhor chutar o balde logo fazer como Chile e Australia, que importam tudo.

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Victor 23 de junho de 2025

Recentemente você defendeu uma ideia contrária e eu critiquei antecipando exatamente isso que está acontecendo.
Vocês deveriam se informar melhor antes de escrever esse tipo de artigo. Émuito fácil ficar sentado numa mesa imaginando coisas. Tem que investigar melhor os fatos. Este canal está perdendo totalmente a sua credibilidade.

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Carlos 22 de junho de 2025

Melhor que Mobi, o pé de boi, a mais de 80 mil.

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Erick 20 de junho de 2025

No brasil não existem fabricas, são montadoras. Em 2025, o nem se abaixasse impostos isso ia resolver, pais só tem rodovia engarrafamento, roubo de carga. carga tributária que só privilegia quem tem alta renda e só alguns setores da economia ganha com isso, agro, sistema financeiro. nenhum retardado vai abrir uma fábrica nem de borracha para fazer o pneu com uma taxa de 15% de juros para te um lucro de 2,5 % de rentabilidade. aí acha mesmo que a BYD vai gastar o dinheiro dela para fabricar um carro, eu que não sou dono da BYD não faria uma loucura dessas imagina quem é.

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Marco 21 de junho de 2025

A ford aqui fabricava. Existia um complexo com várias sistemistas além da própria linha de montagem. Trabalhei no bodyshop e existia fabricação.
Agora a byd vai enganar todos, pq não vão fabricar nada aqui. Moro próximo e falta ainda muita coisa. Vão fazer um galpão de lona, tirar uma fotos e lá vai para imprensa. Enganaram o governo ou fomos enganado pelo desgoverno?

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Santiago 21 de junho de 2025

O País todo é tapeado pelas velhas brechas nas Leis, que permitem importar o carro todo junto com alguns componentes da carroceria soltos. Tais brechas legais garantem que o encaixe/montagem desses componentes aqui no Brasil seja considerado “fabricação nacional”, e o carro que foi 100% importado recebe um lindo adesivo “Fabricado no Brasil”, usufruindo então os mesmos benefícios fiscais que os veículos realmente fabricados aqui.
Isso não é novo, e há muito tempo já deveria ter sido corrigido lá no Congresso Nacional. Mas os nossos bravos parlamentares estão muito ocupados suando a camisa para defenderem os seus interesses próprios. O Brasil que fique esperando, e os vá reelegendo enquanto isso…

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Victor 23 de junho de 2025

Não senhor, são fábricas sim. Não existe perfil empresarial de montadora automobilística. A maioria dos fabricantes realizam a prensagem da lataria, a construção do motor, a pintura, etc.
Se for nessa sua linha equivocada, a grande maioria das indústrias são montadoras, porque até uma fábrica de smartphone compra componentes eletrônicos externos.

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Erick 23 de junho de 2025

Concordo que montadoras realizam etapas como prensagem e pintura no Brasil, mas isso **não configura “fabricação” no sentido pleno**. Nosso parque industrial opera como **montadora complexa**, não como produtor integrado

**1. Componentes vitais são IMPORTADOS (não “fabricados”):**
– **Motores**: A GM em Joinville (SC) só **monta** blocos vindos do México. A fundição de alumínio e usinagem de precisão ocorrem fora.
– **Tintas e químicos**: 90% das pinturas usadas pela Fiat (Betim/MG) e VW (Taubaté/SP) vêm da BASF (Alemanha) e PPG (EUA). O “processo local” resume-se à aplicação.
– **Aço especial**: A CSN fornece chapas, mas aditivos como **boro** (para peças estruturais) são 100% importados da Coreia.

*2. Qualidade inferior ao mesmo custo de fabricação real:**
– **Teste Latin NCAP 2024**:
– **VW T-Cross (feito no PR)**: 3 estrelas
– **BYD Dolphin (importado)**: 5 estrelas
*(Ambos na faixa de R$ 140 mil)*
– **Pesquisa JD Power (VOSS 2024)**: Carros “fabricados” no Brasil têm **356 problemas por 100 unidades**, contra 295 dos chineses exportados.

*3. Preços altos = Custo-Brasil + Montagem, não valor agregado:**
– **Exemplo Fiat Mobi**:
– Preço Brasil: R$ 75 mil
– Custo real de produção: R$ 32 mil
– **43 mil são impostos + margem** para compensar ineficiências logísticas e dependência de importações.

*4. O mito da “verticalização” (onde estão as fundições?):**
– **Toyota em Sorocaba (SP)**: Anuncia “fabricação do Corolla Cross”, mas:
– 70% das chapas da carroceria vêm do Japão;
– Transmissões CVT são montadas com kits da Aisin (Japão);
– Pintura é terceirizada pela Eisenmann (Alemanha).

Não se trata de “desmerecer” a indústria nacional, mas de **reconhecer um modelo falido**: pagamos preço de **fabricante** por produtos com DNA de **montadora**. Enquanto não tivermos:
– **Siderúrgicas** produzindo aço automotivo de alta liga;
– **Fábricas de semicondutores** para eletrônicos embarcados;
– **Químicas** desenvolvendo tintas e aditivos competitivos;
…seremos reféns de um sistema que importa valor agregado e exporta dólares. O “orgulho da fabricação” é válido, mas não justifica pagar R$ 250 mil num SUV com motor argentino e pintura que descasca em 2 anos.

Fontes: ANFAVEA 2024, Latin NCAP, J.D. Power VOSS Brasil, Sindicato Aço Brasil.

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Santiago 20 de junho de 2025

Eu não duvidaria que até o ar dos pneus viesse trazido da China em conteineres-tanque, e vendido aqui como “especial e exclusivo”.
Para garantir a geração de empregos no próprio país, a China não terceiriza sequer a fabricação de porcas e parafusos.
Dai a China haver criado a mais abrangente e eficiente rede logística do Mundo, não precisando transferir as linhas de produção que lhe interessem ser mantidas em casa.

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