Carros chineses causam confusão entre EUA e México

Políticos americanos estão preocupados que veículos da China possam ser utilizados para conduzir ataques cibernéticos aos Estados Unidos

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BYD é uma das montadoras que preocupa o governo dos EUA, já que está instalando uma unidade de produção no México e pode driblar os impostos americanos (Foto: Ernani Abrahão | AutoPapo)
Por Julia Vargas
Publicado em 04/10/2024 às 11h00

A novela criada pelo governo dos Estados Unidos para combater a “ameaça” dos carros chineses em seu território acabou de ganhar um novo capítulo que inclusive ultrapassou as fronteiras do país. Dessa vez, até o México foi envolvido e está sendo alvo de cobranças de parlamentares americanos que pedem medidas imediatas.

A pressão feita por 21 membros do congresso dos EUA tem o objetivo de forçar o governo mexicano a tomar providências contra veículos chineses, que para as autoridades americanas representam ameaças significativas à segurança nacional do país. Tudo isso foi direcionado à presidenta recém eleita Claudia Sheinbaum alertando sobre uma coleta de dados privados e reunião de inteligência que pode ser valiosa para um “adversário em potencial como a China”.

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Os políticos alertam para um suposto risco quer veículos conectados produzidos por empresas ligadas ao Partido Comunista Chinês apresentam. Toda essa confusão começou em maio, quando o presidente Joe Biden quadruplicou a taxa de importação dos carros elétricos chineses, que passou a ser de 100%.

Ou seja, na prática esses veículos custam o dobro em território americano, o que cumpriu o objetivo de dificultar a entrada desses produtos no mercado. Em setembro, essa represália contra os carros chineses ganhou mais uma ofensiva com a nova proposta do Departamento do Comércio dos EUA que pretende proibir o uso de software e hardware chineses em veículos conectados à internet no país.

México é possível brecha para carros chineses

A partir desses acontecimentos recentes, você pode estar se perguntando: onde o México entra nessa história? Os impostos aumentados pelo governo Biden se referem a produtos chineses importados da China, mas não incluem aqueles fabricados no México, país que faz fronteira com o território americano.

Por isso, a presidenta Sheinbaum recebeu uma carta da coalizão de legisladores dos EUA sobre as unidades de produção montadas por fabricantes de automóveis chineses em solo mexicano, que seriam utilizadas para contornar as tarifas. No texto, foi pedido que a líder do país latino reconhecesse os riscos de segurança representados por esses veículos e tomasse medidas imediatas.

Na carta, a união de políticos afirmou:

Os veículos de hoje – incluindo aqueles feitos por empresas chinesas – são equipados com sensores sofisticados, computadores poderosos e capacidades de rede que permitem que esses veículos conectados coletem, armazenem e transmitam grandes quantidades de dados sobre seus ocupantes e seus arredores (…). Acreditamos que essas empresas chinesas, que recebem enormes subsídios estatais, agora estão buscando usar o México como base para entrar no mercado dos EUA.”

Segundo o texto, o México deve tomar três medidas decisivas para mitigar a “ameaça representada pelos veículos chineses”. Primeiro, ela pede que uma política que negue incentivos econômicos federais a empresas vinculadas ao Partido Comunista Chinês seja formalizada.

Em seguida, pede ao governo mexicano que estabeleça um processo de revisão de segurança nacional para “abordar os riscos impostos pela fabricação ou venda de veículos construídos por empresas chinesas ao povo, à sua segurança nacional e à segurança regional das nações da América do Norte e da Organização dos Estados Americanos”.

A carta ainda solicita que o México envie uma delegação para se reunir com autoridades dos EUA até o início de 2025. A finalidade é colaborar no enfrentamento dos riscos associados aos veículos fabricados na China.

Por fim, o texto ainda destaca preocupações sobre os planos da BYD que pretende abrir fábricas de montagem no México. Os membros do congresso dos EUA apontam essa ação como uma tática para “contornar essas tarifas com produção no México” e afirmam que “ações adicionais dos Estados Unidos” podem ocorrer se a China usar o México para fugir dos impostos.

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