Como mudança de regulamento impacta a Fórmula 1 em 2022
Mudanças na aerodinâmica e novo teto orçamentário chegaram para tentar tornar a Fórmula 1 uma categoria mais equilibrada em 2022
Mudanças na aerodinâmica e novo teto orçamentário chegaram para tentar tornar a Fórmula 1 uma categoria mais equilibrada em 2022
Após Max Verstappen superar Lewis Hamilton em uma temporada que ficou marcada como uma das mais intensas e disputadas da Fórmula 1, a principal categoria do automobilismo deixa 2021 para trás e chega com uma cara nova para 2022.
O ano é marcado pela entrada de um novo regulamento que consiste, sobretudo, em diminuir a escancarada diferença de performance entre as equipes de ponta em relação às do fundo/meio do pelotão.
Para isso, novas diretrizes técnicas e mecânicas foram implementadas para simplificar a aerodinâmica dos bólidos e tornar mais fácil as ultrapassagens e desenvolvimento dos carros. Além disso, o valor do teto orçamentário (presente na Fórmula 1 desde 2021) foi reduzido.
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O carro de 2022 é completamente diferente de qualquer outro que já foi visto na categoria. Por isso, as equipes já estavam trabalhando no desenvolvimento de seus modelos ao longo da temporada 2021, Haas e Ferrari talvez sejam o maior exemplo disso.
Em 2022 a Fórmula 1 teve alterações mecânicas, como na suspensão por exemplo, mas o ponto principal é a aerodinâmica. Um grave problema do certame até o ano passado era a alta turbulência, ou “ar sujo”, que o carro da frente produzia para quem vinha atrás.
Estima-se que a redução da aerodinâmica era de 35% a 20 metros de distância entre um carro e outro, e o prejuízo era ainda maior quando eles estavam a 10 metros: 46%. A perseguição se tornava muito difícil em pistas de retas longas e curvas de alta velocidade, como Silverstone e Monza por exemplo.
Por isso, para 2022, a Federação Internacional de Automobilismo (FIA) aderiu o uso do efeito solo, que estava banido da categoria desde 1983. Dessa forma, o desenho dos carros se tornou mais simples e arredondado. Essa característica pode ser percebida nas asas traseira e dianteira que também possuem menos elementos, e também no bico. Ademais, os bargeboards – apêndices aerodinâmicos localizados nas laterais – foram eliminados e as entradas de ar foram redesenhadas.
Além do traço arredondado, outro elemento que contribui para a redução da turbulência são as proteções de rodas dianteiras, que ajudam a direcionar o ar para longe da asa traseira.
Com as alterações, espera-se que a redução da perda aerdinâmica seja de 4% quando o carro de trás está a uma distância de 20 metros em relação ao da frente, e que déficit seja de 18% quando a 10 metros.
Em 2022 os pneus fornecidos pela Pirelli para a Fórmula 1 contam com 5 polegadas a mais do que no ano anterior. A mudança chega para reduzir o aquecimento da borracha quando os pilotos estiverem andando no limite. Isso, consequentemente, reduz também o desgaste. Por isso, Mario Isola, diretor da Fórmula 1 na Pirelli, confirmou que a maioria das corridas em 2022 terão apenas 1 pit-stop.
O aumento das rodas também auxilia quando se exige muito dos freios. Freadas fortes, que travam os pneus, desgastam muito a borracha e as vezes é possível notar algumas bolhas que reduzem a aderência e durabilidade do composto. Uma área de contato maior com o solo favorece a durabilidade do pneu.
O dinheiro é algo que sempre fez muita diferença na Fórmula 1, não à toa frequentemente aparecem pilotos que compram suas vagas em equipes que passam por dificuldades financeiras. E ele está diretamente ligado ao desenvolvimento do carro. Quanto maior o aporte financeiro, mais se pode investir para melhorar a qualidade e confiabilidade do seu equipamento. E a diferença no orçamento era gritante F1.
Para se ter uma ideia, em 2019 a Williams foi a equipe que teve menos gastos: algo equivalente a R$ 440 milhões na época (e andou em último). Mercedes e Ferrari, que foram respectivamente primeiro e segundo no Campeonato de Construtores, gastaram R$ 1,6 bilhão cada.
Para 2022, o regulamento da Fórmula 1 permite um gasto de U$ 140 milhões por time (aproximadamente R$ 790 milhões na cotação atual). Apesar de ainda ser muito mais do que a Williams gastou em 2019, é uma medida que busca aproximar as escuderias e tornar o esporte um pouco mais sustentável.
Apesar das alterações visando a competitividade, é difícil cravar que as equipes estarão mais próximas em desempenho neste ano. Após a primeira bateria de testes de pré temporada realizada na Espanha entre os dias 23 e 25 de fevereiro, pilotos como Max Verstappen, Pierre Gasly e Carlos Sainz elogiaram as mudanças e confirmaram que seguir o carro a frente está mais fácil.
Mas isso, de forma isolada, não quer dizer que a categoria será mais competitiva, visto que uma das equipes pode achar uma fórmula mágica e desenvolver carros bem melhor do que as outras – como aconteceu com a Brawn GP em 2009, por exemplo.
E por falar em pré temporada, as atividades realizadas em Barcelona não nos deixa cravar qual é a equipe que está mais forte para 2022. A Mercedes registrou o primeiro e o segundo melhor tempo das atividades com Hamilton e George Russell respectivamente, mas isso não quer dizer, necessariamente, que eles são os mais rápidos.
Durante a pré temporada, os tempos na tabela não podem ser o único critério de análise para saber quem está forte ou fraco. Afinal, deve ser levado em conta qual composto de pneu foi utilizado, se o carro estava com o tanque cheio ou vazio, e por ai vai. E nesses testes em Barcelona, exclusivamente, as informações são escassas pois a atividade não foi televisionada.
Além disso, esse é um período em que os times estão conhecendo os seus carros. Então, o tempo é utilizado para acumular quilometragem (onde a Ferrari liderou realizando 439 voltas nos três dias) para detectar possíveis problemas e testar diferentes acertos aerodinâmicos.
Mais informações poderão ser extraídas durante a segunda bateria de testes que acontece no Bahrein entre os dias 10 e 12 de março. A primeira corrida do ano está prevista para o dia 20, também no Bahrein.
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Um grande problema citado por todos é o efeito golfinho. entre os inúmeros blablabla…. o velho e bom amortecedor de massa sado pela Beneton na década 1990 que foi criado na década 1960, seria uma solução muito barata para resolver o problema. Talvez por esse motivo ninguém falou disso ainda,