Volkswagen 70 anos: 10 carros icônicos da marca alemã

No aniversário de 70 anos da montadora alemã no Brasil, relembre alguns modelos que marcaram a história da marca

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Em 70 anos, muitos modelos VW marcaram a história do automóvel no Brasil (Fotos: VW | Divulgação)
Por Fernando Miragaya
Publicado em 25/03/2023 às 15h03

Há sete décadas, a Volkswagen botava os pés oficialmente no Brasil. No dia 23 de março de 1953, a fabricante alemã iniciou o processo de montagem dos primeiros Fuscas em um galpão no Ipiranga, bairro da Zona Sul de São Paulo. Começou ali a trajetória de uma das mais importantes marcas de automóveis do país.

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Ao longo desses 70 anos, a Volkswagen obviamente teve carros icônicos. Inclusive o Besouro que abriu os trabalhos da fabricante aqui nos anos 1950. São modelos que fizeram sucesso seja pelas vendas, mas também pelo design e simbologia para a marca.

Confira 10 carros icônicos da Volkswagen.

Volkswagen Fusca

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O Fusca tem uma legião de fãs que não o troca por nada (Foto: Volkswagen | Divulgação)

Começamos logo com o carro mais icônico destes 70 anos de Volkswagen no Brasil. O Fusca começou a ser montado em sistema CKD lá naquele galpão paulistano para, seis anos depois, ganhar as linhas de montagem da enorme fábrica de São Bernardo do Campo (SP).

Foi o automóvel de maior sucesso de sua época e o mais vendido por décadas. Basta ver qualquer foto dos anos 1960 e 1970 para constatar como o Fusca dominava a paisagem das ruas e estradas brasileiras.

O modelo teve diferentes fases e muitos motores (1200, 1300, 1500 e 1600). Até recebeu apelidos, como Fafá (por causa das lanternas traseiras) e Cornowagen (para sua variante com teto solar), mas sempre com o mesmo estilo simpático e indefectível. Ao todo, foram mais de 3 milhões de unidades produzidas só por aqui.

E o Fusca se aposentou meio que de forma compulsória: tanto pela idade do projeto, quanto pela chegada (e sucesso) do Gol. Mas era um carro tão icônico da Volkswagen que, em 1993, voltou a ser produzido como um agrado político em tempos de um Governo Itamar Franco que queria impulsionar a ideia de carro popular. Ainda ficou três anos em produção.

Volkswagen Karmann-Ghia

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VW Karmann-Ghia ainda faz sucesso por onde passa

Um dos mais belos carros da história chegou ao nosso mercado em 1962. O Brasil, a propósito, foi o primeiro país a produzir o Karmann-Ghia fora da Alemanha. Isso graças à persistência do presidente da Volkswagen do Brasil, Friedrich Schultz-Wenk, para fazer este carro icônico por aqui.

À época, o executivo convenceu a Karmann a abrir uma unidade no país para produzir o belo cupê que tinha assinatura do estúdio italiano Ghia. O processo de montagem, inclusive, era similar ao feito na Europa. O chassi do Fusca era enviado para a Karmann, que produzia o modelo em um método quase artesanal.

Por aqui, o carro também teve suas peculiaridades. Trocou o motor 1.2 pelo 1.5 do Fusca – posteriormente, adotou o 1.6. Além disso, quando o modelo mudou na Europa, criou-se um carro próprio para o Brasil. Conhecido como Karmann-Ghia TC, foi lançado em 1972 com plataforma do Type 3, carroceria Ghia e claras referências ao Porsche 911.

Ao todo, o Karmann-Ghia teve mais de 23 mil unidades fabricadas no Brasil entre 1962 e 1971. E outras 18 mil do TC entre 1972 e 1975.

Volkswagen Brasília

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Brasília foi desenvolvida para suceder o Fusca, mas acabou saindo de linha antes dele

Ao longo destes 70 anos, a Volkswagen lançou diferentes carros para tentar substituir o Fusca, mas que também se tornaram icônicos. Um dos mais famosos foi o Brasília. No começo dos anos 1970, o então presidente da montadora no Brasil, Rudolf Leiding, solicitou ao seu time um carro com a base do Fusca, porém compacto por fora e espaçoso por dentro.

O Brasília foi lançado em meados de 1973 com conceitos inovadores. Era mais largo que a maioria dos rivais e ainda tinha uma ampla área envidraçada, algo raro nos projetos da época. Na motorização, recebeu o propulsor 1.600 do “Zé do Caixão” – ou “Fusca Quatro Portas” ou então o oficial VW 1600 Sedan.

Com mais de 4 metros de comprimento e 2,40 metros de entre-eixos, se tornou um sucesso. Foram mais de 1 milhão de unidades produzidas, e mais de 130 mil exportadas. Inclusive, a exigência de alguns mercados externos pela configuração quatro portas possibilitou a comercialização desta carroceria por aqui – que ficou popular entre taxistas e frotistas.

Curiosamente, o Brasília não substituiu o Fusca – não só conviveu com o Besouro, como foi encerrado antes. Ele sim acabou sendo “trocado” pelo Gol. Lançado em 1980, o futuro carro de maior sucesso da indústria automotiva nacional acabou forçando a descontinuação do Brasília, em 1982.

Volkswagen SP2

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SP2 é considerado como uns dos VW mais bonitos já desenhados e fez inveja até mesmo nos projetistas alemães; definitivamente merece lugar de destaque na lista dos 10 carros icônicos da Volkswagen

Um dos carros mais icônicos e arrojados que a Volkswagen já fez no Brasil foi o SP2. O desenho do modelo, lançado em 1972, até hoje desperta suspiros. Com capô longo, perfil baixo, caimento acentuado da coluna C e tomadas de ar traseiras funcionais, o modelo era o sonho de consumo dos entusiastas de carros esportivos.

Porém, a esportividade ficava mais no design. O SP2 era equipado com o então novo 1.7 resfriado a ar de 75 cv – só 10 cv a mais que o SP1. O 0 a 100 km/h era feito em 14,2 segundos, nada fora da curva para os automóveis de passeio compactos da época.

Mas o que importava era mesmo o estilo. Inspirado no europeu VW 412 (Type 4), o nome teria sido uma homenagem à sigla do estado de São Paulo, onde o carro foi idealizado e desenvolvido. Caro e de nicho, vendeu pouco mais de 10 mil unidades em quatro anos, mas nem por isso deixa de estar na galeria de carros icônicos da Volks.

Volkswagen Fox

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O Fox chegou em 2003 para aposentar o Gol, assim como a Brasília e o Fusca acabou saindo de linha antes; no entanto vendeu bem e garantiu lugar entre os 10 carros icônicos da Volkswagen

Um dos carros icônicos recentes da Volkswagen é outro projeto genuinamente brasileiro. O Fox foi pensado no fim dos anos 1990 para aproveitar a plataforma PQ24 do Polo, que seria lançado aqui em 2001.

Porém, o Fox correu o risco de nem existir. Como a matriz só ficou sabendo de sua existência quando o primeiro protótipo estava pronto, a filial brasileira teve de comer o pão que o diabo amassou para ter o sinal verde da alta cúpula da VW.

Resolvido o imbróglio com os alemães, o Fox inaugurou o segmento de hatches compactos altinhos. A missão era ser um carro menor que o Gol, porém, com maior sensação de amplitude na cabine e posição de dirigir elevada. Tanto que o projeto, oficialmente chamado de Tupi, foi apelidado nas internas de “Highroof”.

O Fox foi lançado em 2003 apenas com versões duas portas e no ano seguinte já passou a ter suas opções quatro portas. Após um início difícil nas vendas, se firmou na linha Volkswagen e teve crias aventureiras (CrossFox) e station-wagon (SpaceFox). O hatch ainda chegou a ser exportado para a Europa.

Ainda ditou um novo subsegmento. Na segunda metade da década de 2000, rivais como Renault Sandero e Chevrolet Agile tentaram pegar carona na onda dos hatches altinhos. Mais recentemente foi a vez da terceira geração do Citroën C3 ressuscitar esse mercado.

O Fox foi produzido sobre a mesma base por 18 anos e sempre manteve boas vendas, mesmo no fim de vida e em um mercado sufocado por SUVs e hatches mais modernos. Teve três reestilizações e uma pequena variedade de motores até deixar de ser produzido, em 2021. Encerrou seu ciclo com 1,8 milhão de unidades produzidas e mais de 1,3 milhão emplacadas no Brasil.

Volkswagen Passat

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O Passat chegou nos anos 1970 e tinha visual arrojado e motor 1.6 com refrigeração líquida

Voltamos ao início dos anos 1970, quando a Volks já sentia as rivais se mexerem com produtos modernos. A General Motors atacava de Chevrolet Chevette e a Ford, de Corcel. A marca alemã viu que precisava de um carro com nova opção de chassi que não fosse do Fusca, e com tração dianteira.

A Volks se valeu, então, da compra majoritária, em 1964, da Auto Union, onde figurava uma tal de Audi. A marca virou uma espécie de divisão de alta tecnologia do grupo alemão e logo a arquitetura B1 do Audi 80, de 1966, seria muito útil para colocar o símbolo VW em um futuro lançamento.

Era o Passat. Porém, em vez de um sedã como o modelo que lhe servia de base, a Volks optou por uma carroceria notchback. Ou seja, uma espécie de hatchback com traseira comprida e vidro traseiro bem inclinado e integrado à tampa do porta-malas.

O Passat brasileiro foi lançado em julho de 1974 para se tornar um dos carros mais icônicos da Volkswagen por aqui. Com tração dianteira, tinha motor 1.5 de quatro cilindros e câmbio manual de quatro marchas, conjunto também herdado do Audi 80.

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A Pointer foi a versão nervosa do Passat, e tinha um jeitão de Audi Quattro devido aos faróis duplos; ele não poderia jamais ficar de fora da lista dos 10 carros emblemáticos da Volkswagen

Em 1979, a Volks chegou a fazer uma reestilização e o Passat daqui ganhou a frente igual ao do Audi 80 (no lugar das argolas, o VW). Em 1982, outra remodelação, quando adotou faróis retangulares duplos.

O modelo teve outros retoques aqui e acolá e diferentes versões e motores ao longo de seus anos de existência. Entre elas, a configuração mais emblemática – e talvez mais inesquecível: a GTS Pointer, com motor 1.8.

O notchback ainda foi exportado para o Iraque – os modelos recebiam reforços mecânicos e nos revestimentos dos componentes devido ao deserto. Dizem, inclusive, que só teve sobrevida no Brasil justamente devido ao contrato de exportação para o país árabe. Enfim, saiu de linha em 1988 com quase 900 mil unidades produzidas.

Volkswagen Santana

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Santana chegou nos anos 1980 para concorrer num segmento de sedãs médios, que só tinha o Opala como representante

Nos anos 1980, a Volkswagen teve dois Passat convivendo numa boa. É que na Europa o Passat de segunda geração já era realidade. Em configuração sedã, o modelo continuou com a plataforma do Audi 80, mas ficou maior e mais espaçoso.

Caiu como uma luva para os planos da Volkswagen daqui, que precisava responder à concorrência. A Ford tinha o Del Rey e a Chevrolet vendia Monza aos borbotões. Mas para não haver confusão, por aqui o novo Passat virou Santana.

O sedã médio foi lançado no Brasil em 1984 para ser uma referência de sofisticação dentro da linha Volkswagen. E cumpriu bem o seu papel.

Remodelado em 1991, perdeu o glamour com a chegada dos sedãs importados. Mesmo assim, se transformou em um carro icônico para táxis, devido ao custo/beneficio agressivo, espaço interno e nível de equipamentos.

Para se ter ideia, quase ⅔ da frota de táxis na cidade do Rio, no início dos anos 2000, eram de Santana. Deixou de ser produzido em 2006 e deixou muito motorista saudoso – e inconformado.

Volkswagen Golf

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O Golf “sapão” fez muito sucesso no Brasil, mesmo com a versão 1.6 de 100 cv que tinha desempenho mediano mas nem por isso ficou fora da lista dos 10 carros icônicos da Volkswagen

O Golf sempre foi um dos carros icônicos da Volkswagen desde seu nascimento na Europa, em 1974. Mas ele só foi lançado no Brasil em 1995. Em sua terceira geração, o hatch médio vinha da Alemanha, com motor 1.8, e do México, com propulsor 2.0 – depois, todas as versões passaram a vir do país latino-americano.

A trajetória do Volkswagen Golf III em ruas brasileiras ainda reservou duas configurações que também são icônicas. Uma delas foi a conversível. Mas a que fez a turma pirar mesmo foi a VR6, com motor 2.8 V6 de 174 cv.

Coube à quarta geração do Golf ser produzida no Brasil, junto com seu companheiro de plataforma, o Audi A3, em São José dos Pinhais (PR). Do modelo da marca das argolas, pegou emprestado o motor 1.8 turbo de 150 cv e cinco válvulas por cilindro para equipar a variante esportiva GTI – depois 180 cv.

Essa geração do Golf logo recebeu o apelido de “Sapão” e ainda teve direito a um lote com 99 unidades da versão VR6, de 200 cv, só que importado da Alemanha. Contudo, o nosso hatch não seguiu as mudanças de gerações da Europa e, em 2007, a marca fez uma remodelação à brasileira no Golf IV, que passou a ser taxado de “4,5” e de “Golfssauro”.

Mesmo assim, o modelo continuou sendo referência entre os hatches médios. Com sua proposta dinâmica e pegada esportiva, figurou entre os mais vendidos da categoria por anos, até sair de linha em 2014 para “pular” para o Golf VII. Mas com o mercado cada vez mais obcecado por SUVs, o carro da VW e o segmento se esvaíram e ele deixou de ser feito em 2020.

Volkswagen Kombi

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Kombi foi o primeiro modelo a sair da linha de montagem brasileira e saiu de linha no final de 2013 com mais de 1,5 milhão de unidades fabricadas

Esse aí é um dos carros icônicos da Volkswagen com uma legião de fãs. Lançada por aqui em 1950, a Kombi logo conquistou mercado devido à robustez. Tanto que sua montagem em sistema CKD se tornou realidade três anos depois e, em 1957, a marca alemã assumiu a produção da van/furgão em São Bernardo do Campo (SP) – até então era importado e montado pelo grupo Brasmotor.

Com capacidade de carga de 1 tonelada e custo/benefício sem precedentes, a Kombi teve diferentes motores. Desde o 1.2 de 36 cv de potência quando ainda era importado, até o motor 1.4 flex que o acompanhou em sua morte. Sem falar no 1.5 de 52 cv e no 1.6, que ainda colocou a Velha Senhora na era da injeção eletrônica.

A Kombi foi a mesma em praticamente toda a sua trajetória. E perdurou por aqui décadas depois de ter saído de linha na Europa. Neste tempo todo, não teve rivais, o que explica o fato de ser até hoje o comercial leve mais vendido do país, com mais de 1,5 milhão de unidades produzidas.

Volkswagen Gol

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De todas as versões do Gol, a GTI 2.0, de 1996, foi a mais potente já produzida, com 145 cv não podia ficar de fora da lista dos 10 carros icônicos da Volkswagen

Não tem como falar de carros icônicos da Volkswagen e não falar de Gol. O hatch, que recentemente saiu de linha, foi um marco na história da fabricante e da indústria automotiva brasileira. Até hoje, é o carro mais produzido e vendido do país: são mais de 8 milhões de unidades feitas e quase 7 milhões emplacadas.

Foram 42 anos de história, três gerações e um sem número de versões, séries e motorizações. Muitas emblemáticas, como GTS, GTI, Copa, Rolling Stones, Rallye e Vintage. Carregou ainda pioneirismos de ser o primeiro carro nacional a adotar injeção eletrônica (GTI, 1988) e também o primeiro à venda com motor flex (Total Flex, 2003).

O carro que nasceu do Projeto BX – plano, inclusive, peitado na marra pela filial brasileira – foi por 26 anos seguidos o veículo mais comercializado do país. Auxiliado pela fama de robustez e de manutenção descomplicada.

Mesmo no fim de vida, fechou 2022 como um dos veículos de passeio mais vendidos do país. Se despediu no fim do ano passado com uma série de despedida de mesmo nome da Kombi, Last Edition. E merece todas as homenagens por ser o carro mais icônico não só da Volkswagen, como do país.

10 carros icônicos da Volkswagen

  1. Volkswagen Fusca
  2. Volkswagen Karmann-Ghia
  3. Volkswagen Brasília
  4. Volkswagen SP2
  5. Volkswagen Fox
  6. Volkswagen Passat
  7. Volkswagen Santana
  8. Volkswagen Golf
  9. Volkswagen Kombi
  10. Volkswagen Gol
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1 Comentário
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Marcus A. M. de Lima 25 de março de 2023

Na reportagem eles citam o Fusca como o primeiro Volkswagen, mas na verdade a Kombi foi a 001. Inclusive tem uma foto dela em uma revista quatro rodas.

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