10 fatos sobre o motor Volkswagen EA111

Propulsor da Volkswagen nasceu após o fim da Autolatina e sempre se destacou pela robustez e fama de durabilidade

motor ea 111 16 volkswagen fox extreme
Motor alemão substituiu o famoso AP e equipou diversos modelos da gama VW (Fotos: VW | Divulgação)
Por Felipe Boutros
Publicado em 10/08/2025 às 07h00

A engenharia da Volkswagen consegue fazer uma bela coleção de conjuntos mecânicos emblemáticos. E que muita gente tem saudades, mesmo após saírem de linha, como é o caso do motor EA111.

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Sinônimo de robustez e simplicidade mecânica, esse motor EA111 da Volkswagen durou mais de 25 anos, equipou vários modelos da marca alemã, entre eles o mais importante de todos: o Gol. Ou seja, o powertrain fez história no Brasil e hoje ainda sobrevive em milhões de veículos usados com a mesma fama de durabilidade.

Hoje vamos contar alguns fatos sobre o motor Volkswagen EA111.

Do fim fez-se o começo

Curiosamente, um dos motores mais famosos da fabricante alemã nasceu após a mal sucedida – e até traumática – Autolatina. No fim de 1996, a VW inaugurou a sua nova fábrica de motores em São Carlos (SP) depois de selar o fim da holding com a Ford, que havia sido assinada em 1987.

Em busca de um motor para substituir o criticado CHT de origem Ford, que equipou sua linha de compactos durante a Autolatina – inclusive o Gol -, a Volkswagen iniciou a produção de uma linha de propulsores 1.0 que ficou conhecida depois como EA111.

O projeto do motor Volkswagen EA111

O novo motor EA111 da Volkswagen era feito de bloco de ferro fundido enriquecido com titânio, com quatro cilindros e injeção eletrônica multiponto. Usava cabeçote com tampa estrutural (que integra as capas dos mancais da árvore do comando de válvulas) e bielas fraturadas.

Em nome da redução de peso, o conjunto mecânico também se valia de cárter parcialmente feito de alumínio, além de virabrequim com quatro contrapesos. Ou seja, o motor EA111 era um projeto mais avançado tecnologicamente não só que o CHT da Ford, mais também que o Volkswagen AP, sempre reverenciado como uma entidade.

Volkswagen Gol TSi 1997 verde traseira propaganda de época
Gol “bolinha” trouxe grandes inovações para o líder de vendas, inclusive estreou o novo motor

O começo do motor EA111 foi em 1997, sob a alcunha AT-1000 e dentro do cofre do Volkswagen Gol 1.0 da geração “Bolinha”. Com duas válvulas por cilindro, a potência era de 62,5 cv e o torque máximo chegava a 9,1 kgfm.

O começo foi um 1.0 8V, mas o motor Volkswagen EA111 teve muitas crias. Também gerou variações 1.4 e 1.6, além de opções turbo e até multiválvulas.

Vidas curtas

Apesar do sucesso do conjunto mecânico, o EA111 experimentou fracassos pontuais. Um dos mais marcantes foi justamente o 1.0 16V que equipou versões do Gol e da Parati também a partir de 1997.

Nesta configuração, o motor Volkswagen EA111 era dotado de comando duplo de válvulas, gerava 69,4 cv e 9,4 kgfm. Contudo, em 2002 o 1.0 16V foi descontinuado, muito por conta de relatos de vida útil curta da correia dentada.

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O motor EA 111 também equipou a versão 1.0 do Parati

Outro que decepcionou foi o 1.0 turbo, que marcou a estreia do chamado Gol G3, lançado em 2000. Rendia 112 cv e 15,8 kgfm e tinha variação nos comandos de admissão.

Só que em 2003 deixou de ser produzido após queixas recorrentes de defeitos, fama de alto custo de manutenção e a mania de brasileiro querer economizar no óleo e colocar qualquer lubrificante no coitado do conjunto – que pedia produto bastante específico.

Mudou de posição

Um detalhe peculiar sobre o Volkswagen EA111 é que ele começou posicionado de forma longitudinal no cofre do motor do Gol e da Parati. Porém, nos também compactos Polo (2001) e Fox (2002), o propulsor passou a ser montado transversalmente.

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Para caber no Fox, a VW mudou a posição de montagem, instalando o bloco em posição transversal

Porém, o veterano hatch e a station-wagon seguiram com o bloco longitudinal. O Gol só foi mudar esse conceito em sua terceira geração de fato, lançada em 2008, quando a linha (inclusive o ressuscitado Voyage) passou a usar a arquitetura PQ24, a mesma que servia a… Polo e Fox.

O primeiro flex

Em 2003, o primeiro carro flex do mundo, o Volkswagen Gol, usava motor… AP 1.6. Coube ao Fox 1.0 fazer as honras da família EA111 para beber etanol e gasolina em qualquer proporção. O hatch altinho chegou ao mercado naquele mesmo ano com 72 cv de potência com combustível de origem vegetal e 71 cv, com o de base fóssil.

O 1.6 EA111 foi virar flex também no próprio Fox, para depois se perpetuar pela linha compacta da Volkswagen no Brasil.

Outras marcas também usaram o Volkswagen EA111

O emblemático motor EA111 não foi exclusividade dos modelos Volkswagen. Ele também foi vendido aqui por outras marcas do Grupo VW. Inclusive a espanhola Seat, com o Ibiza que foi exportado para cá com a malfadado 1.0 16V – já montado em posição transversal.

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O EA111 também esteve presente no Audi A3 nacional, assim como no Golf IV, que também foi produzido no Paraná

Já o 1.6 equipou o Audi A3 produzido em São José dos Pinhais (PR) entre 1999 e a primeira metade dos anos 2000. Era o mesmo motor do Golf IV montado na mesma unidade e sobre a mesma plataforma. No caso dos hatches médios, tinham cabeçotes de alumínio e comando de válvulas roletado.

Serviu à Kombi

Para os puristas, foi uma punhalada no peito. Sim, o motor EA111 com refrigeração líquida serviu à última fase da Volkswagen Kombi. Na configuração 1.4 8V flex, passou a equipar a Velha Senhora a partir de 2006, no lugar do motor 1.6 refrigerado a ar tão clássico como a veterana van.

O conjunto mecânico da Kombi entregava 80 cv com etanol e 76 cv, com gasolina, e respectivos 12,7 e 12,5 kgfm de torque máximo. Só que não bastasse decretar o fim dos aircooleds, a Kombi com EA111 trazia uma grade frontal controversa – tudo para resfriar a “novidade”: o radiador.

EA111 VHT: ‘High torque, high complaints’

Junto com o lançamento da última geração do Gol e do Voyage veio uma atualização do motor EA111, que recebeu o sobrenome VHT. Sigla para Very High Torque, o propulsor trouxe uma série de aperfeiçoamentos.

Entre as alterações, mudanças nos comandos de válvulas e nos dutos do coletor de admissão, novos filtro de ar e pistões, e bielas mais longas. Além disso, foram adotados uma nova correia poli-V, coletor de escapamento em chapa de aço e nova central eletrônica.

VOLKSWAGEN VOYAGE 2015 PRATA FRENTE E LATERAL
Motor passou por ajustes ao longo de sua trajetória para oferecer mais vigor

Desta forma, as unidades 1.0 passaram a render 76 cv de potência com etanol e 72 cv, com gasolina. Mas o maior ganho foi no torque máximo: 10,6 kgfm e 9,7 kgfm, respectivamente. No 1.6, os números foram para 104/101 cv e 15,6/15,4 kgfm.

O começo dessa nova fase VHT do motor EA111 não foi nada fácil. Problemas de lubrificação começaram a macular a fama de robustez do conjunto. Donos de veículos equipados com o propulsor passaram a relatar um barulho de “tec-tec-tec” em marcha lenta.

Queixas sobre consumo excessivo de óleo, desgaste prematuro das bronzinas e dos pistões e até formação de borra se espalharam. A Volkswagen admitiu o erro e mudou a especificação do óleo lubrificante – na verdade, adotou a mesma de antes do EA111 virar VHT.

Trajetória de sucesso

Mesmo assim, o motor EA111 é um case de sucesso da Volkswagen e da indústria. Contribuiu e muito para a fábrica de São Carlos atingir o marco de 20 milhões de propulsores montados e ficou no mercado até 2022, quando as novas normas de emissões de poluentes aceleraram sua extinção.

Carros que usaram o motor Volkswagen EA111

  • Volkswagen Gol
  • Volkswagen Parati
  • Volkswagen Polo
  • Volkswagen Fox
  • Volkswagen SpaceFox
  • Volkswagen Saveiro
  • Volkswagen Voyage
  • Volkswagen Golf IV
  • Audi A3
  • Seat Ibiza
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