Que borra de diesel! Setor de transporte se une contra os 15% de biodiesel
CNT, Anfavea e entidades de transportes e combustíveis criticam possível aumento do percentual de biodiesel no combustível, que causará danos aos motores
CNT, Anfavea e entidades de transportes e combustíveis criticam possível aumento do percentual de biodiesel no combustível, que causará danos aos motores
O AutoPapo já tratou aqui sobre a resolução que pretende aumentar o percentual de biodiesel no óleo diesel feito do petróleo. Uma resolução do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), de 2018, determina que o percentual deveria subir para 13% em 2021, 14% em março de 2022 e 15% a partir de 31 de março deste ano.
Atualmente, o combustível vendido no país já conta com 10% do derivado vegetal. O governo federal fixou o patamar em novembro de 2021 e desde então tem sido mantido.
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No entanto, o aumento do percentual do biodiesel no diesel tem gerado uma queda de braços que envolve de um lado o CNPE e grandes produtores de soja (um dos principais insumos para produção do óleo combustível) e do outro a Confederação Nacional dos Transportes (CNT), A Anfavea (associação que representa os fabricantes) e outras sete entidades dos setores de transportes e combustíveis.
A CNT, junto com as demais entidades, publicou uma nota conjunta sobre os riscos do aumento do percentual do biodiesel no diesel. Segundo a nota, o combustível vegetal produzido atualmente, caso tenha seu percentual elevado, poderá causar danos aos motores não apenas de picapes, caminhões e máquinas agrícolas, mas também em geradores de hospitais e demais aparelhos que utilizam energia produzida por motores a diesel.
“O biodiesel produzido hoje no Brasil é o de base éster. A característica química desse biodiesel gera problemas como o de criação de borra, com alto teor poluidor. Na prática, esse sedimento danifica peças automotivas, bombas de abastecimento, geradores de hospitais, máquinas agrícolas e motores estacionários. Outro dano ocasionado pela borra é o congelamento e contaminação do insumo. O biodiesel cristaliza em baixas temperaturas em motores quando as situações climáticas envolvem variação de temperatura e umidade”, aponta a nota conjunta.
No entanto, a CNT e demais assinantes da nota apontam que seria possível produzir o chamado diesel verde (HVO) com os mesmos insumos, mas sem a presença de éster. Mas a nota aponta que os produtores do biodiesel não querem produzir o HVO devido ao maior custo de produção.
“Com a mesma soja e demais biomassas que se faz o biodiesel de base éster é possível fazer o diesel verde (HVO) – este, sim, sustentável e funcional. Mas as discussões sobre o incentivo à produção e uso de diesel verde não evoluem também por questões econômicas e políticas. Quem produz o biodiesel não quer o HVO. A verdade é que os atuais produtores de biodiesel não querem perder o lucro fácil e rápido do biodiesel de base éster, nem investir na modernização do processo industrial para produzir diesel verde. Os responsáveis pela produção de biodiesel buscam empurrar essa realidade para debaixo do tapete”, afirma a nota.
De acordo com a CNT, Anfavea e demais assinantes do manifesto, a produção do biodiesel precisa passar por revisão. Eles defendem que são necessários estudos para avaliar os impactos em toda cadeia produtiva, que inclui os efeitos no transporte público urbano, assim como no sistema rodoviário.
Ainda segundo o documento, os motores a diesel registraram perda de eficiência e aumento de consumo, elevando a poluição. A nota ainda aponta que houve um efeito cascata, uma vez que o biodiesel com éster provoca falhas nas bombas e defeitos nos veículos dos clientes.
Os mesmos problemas no funcionamento dos motores também têm sido registrados por transportadores, com caminhões quebrados, o que aumenta o custo logístico. A nota ainda afirma que em outros países o percentual de biodiesel não ultrapassa 7%, na União Europeia. Estados Unidos, Canadá e Japão fixaram a mistura em 5%. Na Argentina é apenas 1%.
Assim, os assinantes querem ser ouvidos pelo governo federal e exigem um estudo amplo antes de que o aumento do percentual do biodiesel chegue a 15% e comprometa o funcionamento da cadeia produtiva. Pois nas palavras da CNT e seus pares, esse aumento da mistura só beneficia grandes produtores, que buscam: “garantir uma reserva de mercado contra a concorrência de biocombustíveis mais modernos”.
O AutoPapo entrou em contato com o CNPE. O conselho afirma que ainda não bateu o martelo sobre o aumento do percentual do biodiesel. Uma nova rodada de reuniões deverá ocorrer ainda em março para decidir se mantém nos níveis atuais ou não.
Confira a nota da CNT e demais assinantes, na íntegra.
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Aqui é braziiuuuuuu…. TUDO, SEMPRE, pra SACANEAR o consumidor !!!
ATENÇÃO Você pesquisou no MME e sabe que o B15 ja foi validado pelas montadoras e fabricantes de mo-tores? Sabes que existe um relatório favorável assinado pelos principais fabricantes de veículos e equipamentos a
Diesel? Por favor verifique e veras que o barulho atual é simplesmente retórica sem fundamentos e esse estudo do MME com varias pesquisas chancela o B15. Seria importante você ler. O próprio relatório ja sugeriu melhorias no Biodiesel e estas foram acatadas como a melhor estabilidade oxidativa. Foram 3 anos de estudos de campo.
Abraço
Perfeito seu comentário Gilles. Hoje vivemos uma onda de inverdades e de fake news e é importante rebater com dados e ciência. A ANP, por meio do seu laboratório, também já pontuou que os parâmetros físico-químicos, obedecidas as especificações e as aditivações necessárias, não comprometem os motores dos veículos movidos à diesel. A natureza agradece! Abraço
então qual está sendo o motivo de exemplo a borra que se forma no fundo do tanque dos carros, entupimentos dos bicos.
Quem estar no campo e trabalhando direto com motores a diesel sabe o quanto e ruim o B12, equipamento não pode ficar parado um mês
que forma borras no diesel ate mesmo apodrece, levando a contaminação em todo sistema.