5 motivos que podem levar a Tesla à falência nos próximos anos

Promessas não cumpridas, concorrência mais forte e falta de novidades são alguns dos motivos que estão dificultando a vida da montadora de Elon Musk

silhueta de Elon Musk em frente a grande painel vermelho com logo da Tesla em braco ao fundo
Controvérsias de Elon Musk são alguns dos motivos que estão prejudicando a Tesla (Foto: Shutterstock)
Por Eduardo Passos
Publicado em 13/03/2025 às 10h00

Quando as montadoras tradicionais estavam em 2010, a Tesla já estava no futuro: a fabricante não foi criada por Elon Musk, mas foi graças às decisões do bilionário que ela provou ao mundo que carros elétricos eram realidade.

O pioneirismo fez a Tesla se tornar, por muito tempo, sinônimo de eletrificação. Os carros da marca viraram símbolo de status e fábricas eram erguidas às pressas para dar conta da demanda.  Além disso, Musk vendeu ideias magníficas aos investidores e fez a Tesla a montadora mais valiosa do mundo, com base no mercado de ações.

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Mas 2010 foi há 15 anos, e o mundo mudou desde então. A Tesla, por outro lado, parece presa no passado e enfrenta desafios que nunca deixaram tão em xeque a sua longevidade. Dessa forma, listamos as maiores pedras no caminho da Tesla, segundo os especialistas.

1. Promessas não cumpridas por Elon Musk

O Tesla Model Y é um imenso sucesso, sendo o primeiro carro elétrico a se tornar o automóvel mais vendido do mundo, em 2023. Entretanto, a Tesla é apenas a 16ª marca em termos de vendas globais: 1,9 milhão de emplacamentos no ano passado, contra 9,7 milhões da líder Toyota.

Mesmo assim, o valor de mercado da Tesla gira em torno US$ 722 bilhões, contra cerca de US$ 245 bilhões da japonesa. E isso considerando que as ações da norte-americana já caíram 41% desde o início do ano.

Mas por que a Tesla vale tanto?

Segundo analistas do Morgan Stanley, principalmente por duas promessas de Elon Musk: carros totalmente autônomos e robôs humanoides, que, segundo o bilionário, seriam até mais importantes no negócio da Tesla que os carros.

O problema é que nenhuma promessa vem sendo cumprida: entre os investidores, circula um meme em que, todos os anos desde 2016, Elon Musk anuncia que “no ano que vem” sua marca terá carros completamente autônomos.

Em 2025, não só eles não existem como Mercedes-Benz e BMW (para ficar nas montadoras ocidentais) já têm automação melhor. A ideia do robô Optimus, por sua vez, é tão abstrata que analistas ouvidos pela reportagem disseram “não ter ideia do que esperar disso”.

robo tesla optimus foto RAMAN SHAUNIA Shutterstock
Robô Tesla Optimus: poucas chances de se tornar real (Foto: Raman Shaunia | Shutterstock)

2. Falta de novidades

Entre 2012 e 2020, a Tesla recrutou especialistas em energia limpa e criou a primeira rede de carregadores rápidos dos Estados Unidos. Trouxe nomes de peso da indústria automotiva, consagrados em marcas como Porsche e Toyota, que se juntaram a nerds do Vale do Silício na primeira startup de carros.

Foi uma série de acertos, coroada pelos lançamentos de Model S, Model X, Model 3 e Model Y, que revolucionaram o mercado, seguindo a lógica da Apple de “ensinar o consumidor o que ele quer”. Mas parou por aí.

A Tesla Cybertruck, lançada em 2023, chegou com dois anos de atraso e muito mais cara do que o prometido. Segundo Musk, à essa altura era para a picape estar chegando às 200 mil unidades vendidas, mas só 40 mil, aproximadamente, têm dono. O estilo absolutamente incomum da caminhonete afastou compradores da “razão”, e pegou somente à turma da “emoção”.

Pior ainda é o Tesla Roadster 2, que prometia ser algo muito parecido com o BYD Yangwang U9 mas já acumula cinco anos de atraso. A marca prevê que ele chegue às lojas em 2025, mas não há qualquer indício de que isso acontecerá.

Diante de tantos atrasos, há temor de que isso também aconteça com o Tesla Cybercab — táxi 100% autônomo que Elon Musk prometeu dominar o mundo a partir de 2027. Até lá, a Tesla ficara 7 anos sem lançar nenhum carro de passeio novo.

tesla cybercab foto Josiah True Shutterstock
Tesla Cybercab teve o lançamento adiado (Foto: Josiah True | Shutterstock)

3. Concorrência chinesa

Elon Musk tem uma relação agridoce com a China. De um lado, o bilionário aproveitou mudanças na Lei local para, em 2019, instalar uma “gigafábrica” em Xangai, onde mais de 1 milhão de unidades já foram produzidas.

Com a “benção” do Partido Comunista, a Tesla chegou a ser líder de carros elétricos no gigante oriental. O problema é que, ao mesmo tempo, o governo da China investia pesadíssimo em marcas como a BYD, que vieram com tudo.

Em 2011, Musk foi perguntado da BYD em uma entrevista à TV e disse, rindo, à repórter: “você já viu os carros deles? Não acho que sejam concorrentes”.

No ano passado, sua opinião mudou drasticamente. ”As fabricantes chinesas são as mais competitivas do mundo… Se não houver barreiras comerciais, elas praticamente demolirão a maioria das outras montadoras globais. Eles são extremamente bons”, disse a investidores.

4. Vendas dos carros da Tesla em queda

Qual o resultado de falta de novos carros da Tesla e uma concorrência cada vez maior? Quedas nas vendas, que vieram acentuadas à marca em 2025, com outros fatores atrapalhando ainda mais.

Na China, as vendas de fevereiro desse ano foram 49% menores do que as de fevereiro de 2024; culpa da preferência cada vez maior por marcas nacionais. Na Austrália, onde os chineses também invadiram, a queda nesse mesmo período foi de incríveis 72%.

Na Europa, houve queda de 76% na Alemanha, 44% na Noruega, 42% na Suécia, 53% em Portugal e 45% na França, entre outros países que, no geral, tiveram aumento na venda de carros elétricos.

Segundo analistas, tem a ver com a chegada de um  facelift  do Model Y, que estaria fazendo os consumidores esperarem um pouco, mas só isso não explica tamanho tombo: a falta de novidades frente às marcas europeias é um problema, assim como…

5. Elon Musk

Elon Musk em pronunciamento na casa branca Foto Andrew Harnik Shutterstock
ELon Musk é o maior apoiador do presidente dos EUA, Donald Trump (Foto: Andrew Harnik | Shutterstock)

Uma das figuras mais controversas da atualidade, Elon Musk foi de um nerd  que encantava com seu discurso futurista a um membro de fato do governo de Donald Trump, nos Estados Unidos.

A proximidade com um candidato de direita causou atrito ainda na campanha com os Democratas. Afinal de contas, nos primeiros anos da Tesla, Musk era ativista da causa LGBT+, defendia medidas ambientalistas e, na maioria dos aspectos, estava à esquerda no espectro político. Não é exagero dizer que, por muito tempo, ter um Tesla era uma forma simbólica de se posicionar nos EUA, muito pelo que Musk fazia sua marca representar.

Agora, tudo mudou: em um fórum de donos de Tesla, vê-se clientes de longa data vendendo seus carros abaixo do preço de tabela, só para não endossarem o “novo Elon Musk”.

Na Europa, já são estudadas sanções à marca, justamente por Musk ter virado um representante do governo dos Estados Unidos. No Canadá, há quem defenda até o banimento da Tesla, por riscos à segurança nacional.

Falta de foco

Riscos esses que vêm de outra crítica a Musk, feita justamente por quem mais investe seu dinheiro no empreendedor: a falta de foco.

Atualmente, o sul-africano gasta quase todo seu tempo comando o Departamento de Eficiência Governamental que está provocando alterações profundas no Poder Executivo dos EUA. Além disso, ele aposta pesado nas SpaceX e Starlink, que vêm obtendo sucesso no ramo espacial.

Acontece que Musk, recentemente, ameaçou desligar o acesso à Starlink para prejudicar o exército da Ucrânia, em sua luta contra a invasão russa. Tecnicamente, explica um relatório de inteligência canadense, isso pode ser feito com os Tesla também.

Assim, o documento é claro: por questões de segurança, há motivos para proibir ou limitar a venda de carros da Tesla no Canadá.

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4 Comentários
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Luis 14 de março de 2025

De oportunidade as pessoas, e elas irão mostrar, realmente quem elas são. Twitter vale menos da metade e Tesla, de dezembro pra, vale menos da metade. E o homem mais rico do mundo, fazendo apologia a Hitler e apoio na Alemanha a neta de Hitler, no partido de extrema direita. E os brasileiros, que se dizem bem informados, defendendo tudo isso.

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Geraldo 14 de março de 2025

Realmente.. inacreditável pessoas ao redor do mundo defendendo estas bestas…como aqui no Brasil.

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Geraldo 13 de março de 2025

Seria ótimo….e leva o Trump e os EUA juntos

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Graca 14 de março de 2025

Meu sonho!

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