[Avaliação] Audi RS3 é prático, discreto e empolgante!
Motor de 400 cv de potência proporciona alto desempenho, enquanto carroceria sedã assegura boa funcionalidade no uso cotidiano
Motor de 400 cv de potência proporciona alto desempenho, enquanto carroceria sedã assegura boa funcionalidade no uso cotidiano
Se não fosse pela cor vermelha, quase alaranjada, o sedã das fotos nem chamaria a atenção. Os mais atentos até notam que se trata de uma versão esportiva, graças às rodas de 19 polegadas e ao body kit composto por spoilers e aerofólio, além do para-choque frontal exclusivo. Porém, ainda assim, não parece que, sob o capô, há um motor de 400 cv. Esse é justamente o grande barato do Audi RS3: ele é um carro discreto e funcional para o dia a dia, mas se transforma em um superesportivo quando o acelerador é acionado.
O termo superesportivo não é exagerado. Afinal, além dos 400 cv de potência, há 48,9 kgfm de torque, totalmente disponíveis entre 1.700 rpm e 5.850 rpm. Esses números superlativos são gerados por um motor 2.5 turboalimentado, de cinco cilindros e 20 válvulas. Já a transmissão é composta por câmbio automatizado de sete velocidades de dupla embreagem e tração integral.
Segundo a Audi, esse conjunto leva o RS3 da imobilidade aos 100 km/h em míseros 4,1 segundos. A velocidade máxima é de 280 km/h. A eletrônica também tem papel importante para a performance. O maior destaque é o controle de largada, que programa o sedã para acelerar no menor tempo possível.
Para acioná-lo, é preciso colocar o câmbio no modo esportivo, desligar o controle de tração e zerar o hodômetro parcial. Depois, é só pisar no pedal de freio com o pé esquerdo e acelerar com o pé direito (pode pisar fundo sem medo, pois o giro do motor estabiliza-se em 3.500 rpm). Ao soltar o breque, o motorista sente um tranco violento: enquanto suas costas são pressionadas com força contra o banco, o asfalto à frente vai sendo devorado com voracidade.
Além disso, como já é comum em esportivos, o Audi RS3 diferentes modos de condução. Os mais civilizados são o Comfort e Auto. Há ainda o Individual, que é personalizável. Mas, se a ideia é tirar proveito de toda a potência do Audi RS3, o motorista deve selecionar o programa Dynamic. Ele otimiza a resposta do acelerador, diminui a assistência da direção e altera até o barulho do motor. Nas mudanças de marchas, rapidíssimas e realizadas sempre em momentos oportunos, ouvem-se “pipocos” vindos do escapamento.
Como se não bastasse, há ainda sistema eletrônico de vetorização de torque, que proporciona total estabilidade em curvas. E os freios contam com enormes discos de 310 mm nas quatro rodas, com direito a pinças de oito pistões. Graças a esse sistema, o Audi RS3 tem alto desempenho também na hora de desacelerar. Na verdade, quando o assunto é comportamento dinâmico, o modelo impressiona, com ótimos acertos de direção e suspensão.
Mas o barato do Audi RS3 não é ser apenas rápido, certo? É também ser um carro prático no uso cotidiano. A começar pelo consumo: a reportagem aferiu médias de 9,8 km/l na estrada e de 7,2 km/l na cidade. Os números foram obtidos com gasolina, único combustível que o sedã consome.
Os dados divulgados pelo Programa de Etiquetagem Veicular do Inmetro são bem parecidos: 9,9 km/l no ciclo rodoviário e 7,6 no urbano. Ok, está longe de ser econômico, mas, para um esportivo de alta potência, o resultado é mais que satisfatório.
Vale lembrar que, grosso modo, o Audi RS3 é um A3 Sedan com mecânica pra lá de aprimorada. Assim sendo, o espaço interno é semelhante ao do “irmão” mais manso, com direito a acomodações confortáveis para quatro adultos. Quem se senta atrás conta até com difusores de ar dedicados. O quinto ocupante fica prejudicado pelo ressalto muito alto do assoalho, mas, em todo caso, há cinto de segurança e encosto de cabeça para ele. O porta-malas não é grande: acomoda 315 litros. Trata-se de uma capacidade razoável para um esportivo, mas ruim para um sedã.
Uma vantagem em relação ao A3 Sedan é o acabamento. No Audi RS3, há revestimentos em camurça nas portas e nos bancos, que são esportivos, assim como o volante, que traz borboletas para mudanças de marcha. O resultado é uma posição de dirigir perfeita. Outro trunfo é que a recalibragem da suspensão, do tipo McPherson na dianteira e Multilink na traseira, não deixou o modelo exageradamente duro. O sistema, claro, é bem firme, mas não chega a ser martirizante em pisos irregulares.
Porém, é inevitável que o modelo faça algumas concessões em prol do desempenho. Uma delas é a relação à altura do solo rebaixada em 250 mm. Isso faz com que o motorista precise ter cuidado redobrado ao transpor rampas de garagem, valetas e outros obstáculos urbanos. Todavia, é verdade que, após algum tempo, acostuma-se a ter essa atenção extra.
Mais delicada é a questão dos pneus. Eles têm perfil baixíssimo: 255/30 na dianteira e 235/35 na traseira, o que, em tese, aumenta a vulnerabilidade a danos causados por buracos. Para piorar, o Audi RS3 não tem estepe, apenas um kit de reparo. Portanto, os riscos de ficar, literalmente, a pé ao ser surpreendido por uma das incontáveis crateras presentes nas vias brasileiras é real.
O Audi RS3 chegou ao país com carroceria hatch, mas atualmente é vendido apenas na configuração Sedan. O preço é de R$ 357.990 e inclui, claro, um extenso pacote de equipamentos. O destaque é o sistema de infotenimento, que inclui o que o fabricante chama de Virtual Cockpit: uma tela de 12,3 polegadas personalizável que concentra todos os instrumentos do painel. É possível por exemplo, configurá-la para destacar o conta-giros ou o mapa do navegador GPS. Ela pode mostrar ainda a força G à qual o veículo é submetido ou o tempo de volta em um autódromo.
Outra tela, de sete polegadas, em posição central, reúne as funções de áudio e de telefonia, com direito a conectividade com smartphones. O uso não é dos mais intuitivos, pois a Audi insiste na adoção de telas sem função touch. Por outro lado, o sistema de som premium, da marca Bang & Olufsen, com 14 alto-falantes e 750 watts de potência, tem excelente qualidade.
Há também teto solar panorâmico, ar-condicionado digital com duas zonas de temperatura, bancos dianteiros com ajustes elétricos, chave presencial com botão de partida, retrovisor interno eletrocrômico, retrovisores externos rebatíveis eletricamente, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, assistente de partida em rampas, freio de mão eletromecânico, faróis e limpadores de para-brisa com acionamento automático e alarme.
O Audi RS3 traz ainda, claro, muitos itens de segurança. Entre os quais, há airbags frontais, laterais e do tipo cortina, controles eletrônicos de tração e de estabilidade com vetorização de torque, ganchos Isofix para ancoragem de cadeirinhas, faróis full-LED, com luzes de rodagem diurna e assistente para luz alta. O único opcional é o controle adaptativo da velocidade de cruzeiro, que eleva o preço do sedã para R$ 362.990.
Como convém a um carro de sua classe, o Audi RS3 tem poucos pontos fracos. Nem mesmo o preço chega a desaboná-lo. Afinal, apesar da quantia obscena cobrada por ele, não há opções com tamanho desempenho por menor valor no mercado brasileiro.
É verdade que o Chevrolet Camaro e o Ford Mustang custam cerca de R$ 20 mil a menos, mas tal diferença é pequena diante do montante total. Ademais, ambos são menos sofisticados e práticos. Há ainda o Mercedes-Benz AMG CLA 45 4MATIC e o BMW M4, que têm proposta mais parecida. Entretanto, ambos são ligeiramente mais caros.
O grande obstáculo mercadológico para o esportivo acaba sendo a iminência da chegada de uma nova geração. Afinal, no ano que vem, a Audi deverá lançar uma linhagem inédita do A3, que não tardará a trazer o RS3 a reboque. Portanto, quem comprá-lo agora logo terá um carro desatualizado. Outro entrave é a ausência de estepe. Ninguém quer ficar à pé após ser surpreendido por um buraco na via, mas, para o motorista de um bólido caríssimo, essa possibilidade é particularmente mais assustadora.
Confira a galeria de fotos do Audi RS3!
Ficha técnica | Audi RS3 Sedan |
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Motor | Dianteiro, transversal, a gasolina, com sistemas de injeção direta e indireta, 2.480 cm³, cinco cilindros em linha, 82,5 mm de diâmetro e 92,8 mm de curso, 20 válvulas com duplo comando variável e turbocompressor |
Potência | 400 cv entre 5.850 rpm e 7.000 rpm |
Torque | 48,9 kgfm entre 1.700 rpm e 5.850 rpm |
Transmissão | automatizada de dupla embreagem com banho de óleo e sete marchas, tração integral |
Suspensão | independente do McPherson na dianteira e independente do tipo Multilink na traseira |
Rodas e pneus | Rodas de liga leve 8Jx19"; pneus 255/30 R19 na dianteira e 235/35 R19 na traseira |
Freios | discos ventilados na dianteira e na traseira, com ABS |
Direção | assistida eletricamente, diâmetro de giro de 10,9 m |
Dimensões | 4,479 m de comprimento, 1,802 m de largura, 2,630 m de distância entre-eixos, 1,397 m de altura |
Peso | 1.515 kg |
Carga útil | 450 kg |
Tanque de combustível | 55 litros |
Porta-malas | 315 litros |
Fotos Alexandre Carneiro | AutoPapo
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O caro deve ser maravilhoso na estrada… mais de 40kilos de torque… porém… R$ 357.990 num A3 bombado? É osso.
Muito bom vou ver dese
Os carros da Audi são verdadeiras naves. Parabéns pela reportagem.
Excelente reportagem
Lindo por fora mas esse tablier matou o visual interno do carro…Parece Gol G4…