[Avaliação] Em quê a nova Fiat Strada melhorou comparada à antiga?
Renovação completa conciliou avanços às características tradicionais da picape; contudo, alguns inconvenientes da geração passada também permaneceram
Renovação completa conciliou avanços às características tradicionais da picape; contudo, alguns inconvenientes da geração passada também permaneceram
Substituir carros de enorme sucesso não é tarefa fácil para os fabricantes. Geralmente, elas procuram manter as características gerais do produto e alterar apenas um ou outro ponto fraco. A Fiat seguiu essa estratégia à risca com a nova Strada: o projeto, apesar de ser totalmente novo, manteve das várias soluções da geração anterior. Contudo, adicionou a elas aperfeiçoamentos muito bem-vindos.
A configuração cabine dupla (há também a cabine plus, uma espécie de mescla da cabine simples com a estendida, que traz caçamba grande e 150 l de volume para pequenos objetos atrás dos bancos), avaliada pelo AutoPapo na versão top de linha Volcano, ilustra muito bem essa fórmula.
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Enquanto a antiga geração levava apenas quatro ocupantes, a nova Fiat Strada tem um banco traseiro capaz de acomodar três pessoas, elevando a lotação máxima para cinco. Além disso, a carroceria deixou de ter três portas: agora são quatro, um arranjo mais tradicional e prático.
Além de ter um lugar a mais, o banco traseiro ganhou conforto. O encosto parece estar um pouco menos vertical, enquanto o vão para as pernas é sensivelmente maior. Porém, não há milagre: para não sacrificar demais a área da caçamba, o espaço interno ainda é limitado.
Atrás, apenas adultos com até 1,75 m. de altura conseguem se sentar sem sacrifício: mesmo assim, somente se os bancos dianteiros não estiverem totalmente recuados. Pessoas mais altas vão sentir aperto não apenas para os joelhos, mas também para a cabeça. Além do mais, ali o assento é curto e não apoia bem as pernas.
Na frente, por outro lado, as acomodações são boas. A posição de dirigir é semelhante à de Mobi e Uno, o que é natural, já que a nova Fiat Strada compartilha a estrutura dianteira com eles. Isso significa que o motorista senta-se em posição um pouco mais verticalizada, com boa visibilidade e acesso fácil aos comandos.
Entretanto, a ergonomia é não mais que razoável. As críticas começam pela coluna de direção, que não tem ajuste telescópico e pode ser regulada apenas em altura. Além disso, o conta-giros é muito pequeno, o que dificulta a leitura, enquanto os pedais são deslocados para a direita. Os bancos dianteiros também deveriam ter assentos maiores. Não por coincidência, Uno e Mobi têm inconvenientes semelhantes…
O acabamento da nova Strada também repete o padrão visto nos dois hatches de entrada da Fiat. Os plásticos a bordo são semelhantes, ainda que algumas peças tenham design específico para o modelo. No segmento de picapes compactas não é de se esperar materiais luxuosos a bordo, mas o fabricante poderia ao menos ter aplicado estofamento nos apoios de braço das portas, cujo revestimento é totalmente rígido.
Na caçamba, a nova Fiat Strada também traz bons aperfeiçoamentos. Um deles é a retirada do estepe da área destinada à carga: agora, ele fica sob o assoalho. Isso permitiu aumentar o volume para 844 litros (194 a mais que a antiga geração) mantendo praticamente as mesmas dimensões do compartimento. A trava do pneu sobressalente só pode ser acessada com a tampa traseira aberta, solução para inibir furtos. Há ainda iluminação e capota marítima.
E por falar na tampa da caçamba, ela agora traz uma mola que, segundo a Fiat, torna o fechamento até 60% mais leve. Na prática, erguer o componente realmente requer pouco esforço. Na configuração com cabine dupla, a capacidade de carga foi mantida em 650 kg, número mais que condizente para uma picape compacta.
Ao volante, a nova Fiat Strada agrada. O maior trunfo é o motor 1.3 da família FireFly, que tem uma curva de torque muito plana e responde rápido desde as baixas rotações: os valores máximos são de 14,2 kgfm com etanol e de 13,7 kgfm com gasolina. A potência, de 109 cv com o combustível vegetal e de 101 cv com o derivado do petróleo, embora não impressione, também é elevada para a cilindrada.
Trata-se de um motor bem-dimensionado para a picape, que é até mais leve do que parece: pesa exatos 1.174 kg. Porém, é verdade que quem está acostumado com a antiga Strada 1.8 sentirá uma queda de performance em médias e altas rotações. Essa lacuna só será preenchida no ano que vem, quando a Fiat lançará uma versão turbo do propulsor 1.0 FireFly.
Contudo, se a comparação for com a antiga Strada 1.4, a superioridade na nova geração da picape da Fiat é evidente. Além do desempenho nitidamente melhor, o motor FireFly 1.3 tem ao menos uma vantagem na parte de manutenção: em vez de correia dentada, é equipado com corrente de sincronização, que dispensa trocas periódicas.
Outra vantagem é o consumo, que mostrou-se satisfatório. A reportagem aferiu médias de 10,7 km/l na cidade e de 13,1 km/l na estrada, com gasolina. São números próximos aos oficiais: o Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBE) informa 12,1 km/l e 13,3 km/l com o mesmo combustível, respectivamente. Com etanol, segundo o PBE, são 8,4 km/l em percurso urbano e 9,4 no rodoviário. Como o tanque comporta 55 litros, a autonomia chega a bons 720 quilômetros.
O pênalti do conjunto mecânico é a imprecisão do câmbio manual de cinco marchas. Ao que parece, na nova Strada, a Fiat usou um trambulador pior que na linha Argo: o AutoPapo já testou o hatch na versão Trekking, equipado com o mesmo motor 1.3 FireFly, no qual os engates mostraram-se bem mais fáceis. Isso sem falar no curso longo demais da alavanca da transmissão, aspecto criticável nos dois modelos. Nesse ponto, era de se esperar maior evolução.
A nova Fiat Strada tem ainda um diferencial próprio, que deixou as marchas com escalonamento mais curto e faz o motor trabalhar muito cheio em alta velocidade, elevando o nível de ruído a bordo: a 120 km/h, por exemplo, o tacômetro registra 3.900 rpm em quinta. Porém, nesse caso, a mudança é plenamente justificável, pois a picape, devido à maior capacidade de carga, precisa de mais força em arrancadas e retomadas.
Na suspensão, a Fiat manteve a arquitetura do tipo McPherson, independente, na dianteira e por eixo rígido do tipo ômega (que evita raspões da parte central em ondulações do solo) com molas semielípticas na traseira. No caso do conjunto posterior, o fabricante adotou a estratégia de não mexer em time que está ganhando. Afinal, esse sistema agrada aos proprietários da picape, devido à maior robustez para o transporte de carga.
A contrapartida é o conforto de marcha pior que em um esquema com molas helicoidais. É verdade que, dentro das possibilidades, a Fiat deu à nova Strada um bom acerto de suspensão. Ainda que alguns solavancos sejam transmitidos para o interior em pisos irregulares, o rodar não chega a ser desconfortável.
Além do mais, a generosa altura em relação ao solo de 214 mm (maior que a de muito SUV por aí) deixa o modelo livre de esbarrões contra o piso mesmo em estradas de terra malconservadas, como convém a uma caminhonete. Embora não tenha opção de tração integral, a picape exibe algumas salvaguardas eletrônicas que ajudam no off-road leve.
Ao acionar o botão TC+ no painel, o motorista lança mão de um recurso que a Fiat chama de controle de tração avançado: ele impede que uma das rodas gire em falso em superfícies de baixa aderência. A função é semelhante à do sistema Locker da antiga geração, só que, em vez de bloquear o diferencial, ela atua eletronicamente. A mesma tecla ativa também a programação off-road para o ABS, que permite maior eficiência fora do asfalto.
Apesar da suspensão elevada e com eixo rígido na traseira, a nova Fiat Strada não é ruim de curva: a estabilidade não chega a ser destaque, mas está adequada à proposta e não provoca sustos. Já a direção, com assistência elétrica, é progressiva e segura, mas tem respostas um tanto artificiais. O diâmetro de giro diminuiu em relação antiga geração, facilitando manobras, mas ainda é maior que o ideal.
Os freios também mantiveram o arranjo com discos ventilados na dianteira e tambores na traseira. Eles imobilizam a picape adequadamente, mas, em um veículo com capacidade de carga de 650 kg, é desejável um sistema com discos nas quatro rodas. Dignos de elogios são os faróis Full-LED da versão Volcano, que iluminam muito bem.
Inclusive, vale destacar que a Fiat foi generosa no pacote de equipamentos da nova Strada. O único opcional é o kit de rodas de liga leve de 16 polegadas – as de série também são de liga, mas têm 15 polegadas; ambas vêm montadas em pneus de uso misto –, que sai por R$ 2.500.
O preço sugerido da versão Volcano é de R$ 79.990, mas somente a cor preta não tem custo adicional: as demais tonalidades sólidas cobram um extra de R$ 900. Esse valor sobe para R$ 2.300 nas metálicas e para R$ 2.500 na única perolizada (branca).
O pacote da picape inclui quatro airbags (frontais e laterais), controles eletrônicos de estabilidade e tração, assistente de partida em rampa, câmera e sensores de ré, sistema de monitoramento da pressão dos pneus, luzes de rodagem diurna em LED, faróis de neblina, bancos parcialmente forrados com material que imita couro, volante multifuncional em couro, ar-condicionado manual, computador de bordo, alarme, vidros elétricos nas quatro portas, travas elétricas com acionamento à distância e retrovisores elétricos.
A nova Fiat Strada Volcano vem equipada ainda com central multimídia com tela de sete polegadas sensível ao toque, compatível com as plataformas Apple CarPlay e Android Auto por projeção sem fio, com navegação via Waze e Google Maps, música streaming, reconhecimento de voz (Siri e Google Voice) e leitura e resposta de mensagem SMS e de WhatsApp.
O sistema permite múltiplas conexões via Bluetooth e possibilita parear até dois smartphones simultaneamente. Há também duas portas USB e possibilidade de personalizar a tela. Na prática, mostrou-se intuitivo e fácil de usar.
A Fiat demorou nada menos que 22 anos para dar uma nova geração à Strada. A safra anterior, apesar das inúmeras atualizações, já não conseguia mais atender bem a outras utilizações que não fossem o puro e simples transporte de carga. Apesar da demora, o fabricante fez um bom trabalho, mantendo a aura de robustez da picape, mas adicionando a ela mais espaço, segurança, eletrônica e conectividade.
Assim, o modelo tornou-se mais apto também à utilização recreativa. No ano que vem, a nova Fiat Strada deve ganhar, além de motor turbo, opção de câmbio automático CVT. Com mais versões, a picape poderá atender a um público ainda mais amplo. Todas devem manter a boa aceitação mercadológica típica da gama, o que facilita a revenda.
Contudo, bem que ela poderia ganhar também coluna de direção com ajuste telescópico e, nas configurações manuais, um câmbio com melhores engates. São itens simples e pouco onerosos para o fabricante corrigir, mas que fazem diferença para o consumidor: um projeto tão recente e bem-resolvido como o da nova Strada não condiz com inconvenientes desse tipo.
A Fiat oferece três anos de garantia para a nova Strada. A cobertura não tem limite de quilometragem para pessoas físicas, mas para pessoas jurídicas há um teto de 100 mil quilômetros. O fabricante informa que o plano de manutenção tem preços tabelados, porém, por enquanto, disponibiliza os valores apenas das três primeiras revisões, que custam R$ 1.284 cada.
Ficha técnica | Fiat Strada Volcano 2021 |
---|---|
Motor | dianteiro, transversal, flex, 1.332 cm³, com quatro cilindros em linha, de 70 mm de diâmetro e 86,5 mm de curso, e oito válvulas, com comando único |
Potência | 101 cv (gasolina) a 6.000 rpm e 109 cv (etanol) a 6.250 rpm |
Torque | 13,7 kgfm (gasolina) e 14,2 kgfm (etanol) a 3.500 rpm |
Transmissão | manual de cinco marchas, tração dianteira |
Suspensão | McPherson com molas helicoidais na dianteira e eixo rígido com molas semielípticas na traseira |
Rodas e pneus | rodas de liga leve 6” x 16” (opcionais); pneus 205/55 R16” |
Freios | discos ventilados na dianteira e tambores na traseira, com ABS |
Direção | por pinhão e cremalheira, assistida eletricamente; diâmetro de giro de 10,7 m |
Dimensões | 4,480 m de comprimento, 1,732 m de largura, 2,737 m de distância entre-eixos, 1,595 m de altura |
Vão livre do solo | altura mínima de 214 mm; ângulo de entrada de 23,2°; ângulo de saída de 28,4°, ângulo de rampa de 21,6° |
Peso | 1.174 kg |
Tanque de combustível | 55 litros |
Caçamba | 844 litros |
Carga útil | 650 kg |
Fotos Alexandre Carneiro | AutoPapo
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