Carlos Cunha: o piloto que rodou 25 mil km de carro em duas rodas
Piloto brasileiro detém diversos recordes de acrobacias com carros e caminhões e, agora, aos 70 anos, ele quer quebrar mais um
Piloto brasileiro detém diversos recordes de acrobacias com carros e caminhões e, agora, aos 70 anos, ele quer quebrar mais um
No ano que vem, o recorde da distância de 33 km, completados em duas rodas em um Chevrolet Chevette, pela rodovia dos Bandeirantes (entre Jundiaí e a Capital), vencidos em 30 minutos, vai completar 50 anos, sem ter sido batido até agora. O piloto Carlos Cunha, autor da façanha que consta no livro de recordes do Guiness, está se preparando, aos 70 anos, para tentar bater este seu próprio recorde.
Como eu andei com ele em duas rodas, alguma vezes, acho que posso me creditar 5 km desta prática que assusta um pouco, confesso.
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Com sua fala, que pouco mudou desde aqueles tempos, Cunha conta que tem treinado semanalmente em pistas fechadas que existem na região de Campinas e, quem sabe, conseguirei bater meu próprio recorde.
Falando em recordes, ele lembra outro que não foi batido, até hoje, tendo acontecido a bordo de um caminhão, pelo anel externo de Interlagos (autódromo José Carlos Pace). Foi em agosto de 1986, cobrindo a distância de 3,5 km. Este também está no Guiness.
Por ocasião do recorde da rodovia dos Bandeirantes, eu estava na Assessoria de Imprensa da GM e cobri o feito do Cunha, muito celebrado pelo pessoal de Marketing da fábrica, já que a única mudança feita no carro foi a colocação de pneus especiais, compactos, que suportaram o trajeto. Todo o resto do Chevette era original, incluindo suspensão e direção normal, sem ser hidráulica.
No dia seguinte, ao escrever o texto e enviar para a Casa da Notícia, agência que o Nereu Leme (olha ele ai de novo), que saíra da Folha de são Paulo, pedindo que ao imprimi-lo, o fizesse inclinado, para distribuir à imprensa nacional. Nereu estranhou, mas a ideia foi colocada em prática. E, modéstia à parte, deu ótimo retorno, havendo alguns órgãos de imprensa que publicaram como o receberam, inclinado.
Carlos Cunha saiu de casa aos 14 anos, determinado a ter sua própria vida e foi trabalhar em um circo, andando em pernas de pau. Depois do circo, veio o trabalho de manobrista e então, nunca mais deixou o volante.
Começou a “carreira sobre duas rodas”, em um Dodge Polara 1.800, ao lado de Oswaldo Steves, pela Kaiser Motors, em 1973.
Em 1975, ele sai da Kaiser Motors e, junto com Euclides Pinheiro, cria a equipe na Chevrolet, iniciando suas apresentações com um Opala, mas logo passando para o Chevette. Com seu show, Cunha percorreu o Brasil inteiro, realizando 3.000 apresentações.
Carlos diz que nunca criou nada de improviso. Tudo, segundo ele, ela treinado para que não houvesse erros que pudessem, não apenas comprometer o espetáculo, mas, principalmente, a segurança da equipe e do público que comparecia em massa aos shows em várias parte do Brasil, inclusive em vias públicas, devidamente sinalizadas.
Listo abaixo os recordes do piloto Carlos Cunha, que estão no Guiness Book:
Em 1993, Carlos Cunha sofre uma queda e bate a cabeça, após passar mal e é levado ao hospital, onde permanece por 15 dias, com fratura na base do crânio, perdendo labirinto lado direito, perdeu audição e ficou apenas com um barulho (zumbido) que não teria cura. Os médicos já tinham avisado Cunha que não conseguiria se recuperar e estavam sem opções do que fazer.
Nesse momento, Cunha sentiu que não voltaria mais. Porém, com muita força de vontade, ele buscou na fé sua solução e fez um contrato com Deus. Se ele saísse do hospital e conseguisse voltar a fazer seus shows e ter uma vida normal, ele iria ser testemunho de um milagre em todos os lugares que fosse e iria relatar sobre o acontecido, que só voltou a andar por conta de Deus.
“E Deus cumpriu sua parte do contrato, contrariando todos os médicos”, afirma Carlos que saiu andando do hospital e não de cadeira de rodas.
Após sair do Hospital, Cunha decidiu se recuperar de uma maneira diferente, foi para Ubatuba e começou a andar de moto aquática, esporte que praticava antes do acidente, forçando sua coordenação motora e resistência.
Após 60 dias, Cunha conseguiu ficar de pé e não só no moto aquática, “mas sim na vida”, diz ele. Após conseguir levantar, Cunha foi aos e os médicos mal acreditaram o que havia acontecido.
Após exames, Carlos Cunha voltou a treinar suas manobras radicais. Porem continuou sem sua audição no lado direito e com seu labirinto danificado
Em maio de 1994, Carlos Cunha volta a fazer shows. Quatro anos depois, ele foi campeão da Stock Car light 1998 Stock Car Light
Ainda no hospital, Cunha assinou o contrato da concessionária Chevrolet em Sumaré, iniciando novo trajeto na vida
No dia 28 de julho de 2007, um infarto chegou na madrugada, confirmado às 15 horas e exigindo um cateterismo.
Mesmo após infarto, Cunha continuou seus shows mesmo com o stent no coração. E segue a vida, com o prêmio Medalha do Cavaleiro de São Paulo, da Academia Brasileira de Arte Cultura e História.
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Belo relato do Chico Lelis sobre o Carlos Cunha, verdadeira lenda viva do automobilismo nacional. Lembrando que, no começo dos anos 80, teve um acidente com ele num salto, numa apresentação em Cruzeiro, senão me engano com um Monza hatch, que era lançamento na época. Havia chovido, e o piso da cidade era paralelepídedo, estava muito liso o chão.