Hatch compacto é robusto, tem ótima liquidez, mas nada justifica alguns preços em anúncios no mercado de usados
Você já viu aqui no AutoPapo que o Uno foi um carro revolucionário quando foi lançado, em 1984. Tanto que perdurou quase 30 anos do mesmo jeito e com o tempo ele virou Fiat Uno Mille. Só que nada justifica os preços salgados que muitos exemplares usados custam atualmente no mercado.
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Só dar uma pesquisada nos sites de compra e venda de carros. Um Fiat Uno Mille 2010 dificilmente sai por menos de R$ 25 mil. Isso para um hatch com 15 anos de uso, com motor 1.0 e pelado em equipamentos.

Tem piores e até anúncios surreais. Uno Mille 2013 do último ano de produção, por R$ 40 mil, e alguns por mais de R$ 60 mil! É o preço de um Argo 2020, maior, mais moderno e com motor 1.3 Firefly, só para dar um exemplo dentro da marca.
O que não significa que o Fiat Uno Mille seja um carro ruim. Mas vamos reunir 10 fatos sobre o hatch compacto que mostram que ele pode ser uma boa compra, mas não custar tanto.
Nascido na Itália em 1983 e produzido no Brasil a partir de 1984, o Fiat Uno foi um projeto assinado por Giorgetto Giugiaro e considerado revolucionário para sua época. Compacto por fora, tem cabine espaçosa e que foi superior à maioria dos rivais do segmento por um bom tempo.

Além disso, o Uno Mille oferecia posição alta de dirigir e soluções ergonômicas interessantes. Destaque para alguns comandos no painel na forma de pequenas alavancas, como os faróis.
Sem esquecer do ótimo coeficiente aerodinâmico (Cx) de 0,36 e que ajuda a explicar o apelido de Botinha Ortopédica. Para efeito de comparação, o Fiat 147, que o Uno substituiu, tinha Cx de 0,50.
O Fiat Uno estreou no Brasil em 1984 com motores 1.0 e 1.3. No primeiro ano já arrebentou em vendas (13 mil unidades) e a linha cresceu rapidamente. Nos anos 1980, destaque para o 1.5R (85 cv, com opção a etanol e gasolina), sucedido pelo 1.6R nos anos 1990.
A década de 1990, a propósito, marcou a chegada do Uno Mille (versão 1.0), além de uma grande reestilização. O compacto também recebeu novidades importantes, como o motor 1.5, injeção eletrônica, inúmeras séries especiais e até uma versão equipada com motor turbo.

Nos anos 2000, o Fiat Uno solidificou sua identidade como Mille. Mesmo nessa fase, a marca italiana conseguiu inventar mais atualizações para o seu hatch compacto.
O Fiat Uno Mille passou por uma discreta repaginada visual em 2004, aderiu à motorização flex e adotou o eficiente propulsor Fire. O modelo ainda experimentou o kit aventureiro Way e, estrategicamente, manteve versões aliviadas em equipamentos para garantir vendas em um mercado disputado e com rivais mais modernos.
A história do carro popular no Brasil se confunde com a do Fiat Uno Mille. E tem um ponto de virada nos anos 1990, quando o governo começou a dar incentivos fiscais para veículos com motor de até 1.000 cm³.
A Fiat foi rápida. Pegou seu conhecido motor Fiasa (1.5), deu um jeito de reduzir o curso dos pistões, tirou alguns itens de série e, pronto: estava criado o “carro popular”.
Assim, nasceu o Fiat Uno com o sobrenome Mille. Ele podia aproveitar as alíquotas de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) menores – em 1993, a alíquota chegou a ser de 0,1% para carros “mil” com preço equivalente a até US$ 7.500. Mesmo com o fim desse benefício, a Fiat manteve o nome Uno Mille.

Pulamos para 2007, quando a Fiat lançou o Uno Mille Economy, cuja principal promessa era a economia de combustível e redução de cerca de 10% no consumo. Para tal, pneus de baixa resistência, quinta marcha alongada, novo lubrificante e reajuste da suspensão para diminuir a altura.
Só que a versão também economizava nos equipamentos de série (ar-condicionado e direção eram opcionais). De consolo, adicionava um indicador de consumo instantâneo para auxiliar o motorista.
Os preços mirabolantes de alguns Fiat Uno Mille contrastam com os números de desempenho do compacto. O motor 1.0 Fire é conhecido por sua robustez, porém entrega apenas 66 cv (etanol) e 65 cv (gasolina).
Evidentemente ele sofre nas acelerações, especialmente em subidas e retomadas. O tempo de 14,7 segundos para ir de 0 a 100 km/h é uma prova de que a pressa não é a prioridade para o compacto.
Afinal, a proposta deste carro é ser justamente eficiente. O Mille é um carro econômico. Parte do segredo está no câmbio: as relações curtas das cinco marchas ajudam o compacto de apenas 820 kg a sair da inércia.
E é no posto de combustível que ele se destaca, com médias urbanas de mais de 9 km/l com etanol e de quase 13 km/l, com gasolina.
Como dito, apesar das dimensões enxutas (3,69 metros de comprimento e 2,36 m de entre-eixos), a botinha ortopédica tem uma cabine otimizada. Motorista e carona têm bom vão para pernas e joelhos.

Mas é um carro pequeno, então, não se iluda. No banco traseiro dois adultos conseguem viajar sem grandes dramas e o porta-malas oferece apenas 290 litros.
O Fiat Uno Mille Economy 2013 com kit Way e quatro portas, que tentava conciliar economia com um visual mais charmoso. No Preço de Revendedor da KBB Brasil custa, em média, R$ 27.600 – R$ 10 mil a menos do que muita gente tem cobrado por aí.

Mesmo assim, não é tão barato se nos depararmos com a lista reduzida de equipamentos.
A de conforto se resume a itens como ar-condicionado, direção hidráulica, vidros e travas elétricas dianteiras, além de encosto rebatível e limpador/desembaçador traseiros.
Lembrando que não dispõe de ABS nos freios ou airbag duplo. Esses itens passaram a ser obrigatórios em 2014, quando o Uno Mille já não era mais fabricado pela Fiat – e a marca italiana não quis investir em tais equipamentos para um modelo de volume, porém, de entrada.
A verdadeira estrela de despedida do último ano do Fiat Uno foi a série Grazie Mille. Essa aí dá até para entender o preço de Revendedor da KBB Brasil, com valor médio de R$ 38.800. Porém, tem gente cobrando mais de R$ 70 mil em muitos anúncios por aí.

Limitada em 2 mil unidades numeradas, nas cores verde Saquarema (exclusiva) e preto Bari, virou item de colecionador. O Fiat Uno Grazie Mille se distingue por detalhes visuais como faróis com lentes escuras, rodas de liga leve de 13 polegadas exclusivas, ponteira de escapamento esportiva e adesivos da série.
Por dentro, o acabamento inclui tecido bordado e emblemas da edição especial que adornam carpete, teto e pedaleiras.
O Fiat Uno Mille é aquele carro de manutenção simples e peças fáceis de achar. Os preços dos componentes do compacto seguem essa lógica.
*Veja a recomendação no manual: há especificações de lubrificante de 5W30 a 15W40
Se você achar versões de Fiat Uno Mille por preços condizentes e quiser investir em um compacto robusto e econômico, fique atento a dificuldades em dar a partida. São frequentes os relatos de donos do modelo sobre falhas no motor de arranque.
Outros problemas comumente listados por proprietários dizem respeito a vazamentos de óleo e dificuldades em engatar a marcha. Dê uma boa revisada, ainda, na parte elétrica do carro.
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