Carros brasileiros inovadores: você conhece 15 dos pioneiros do país?
Devido às características do projeto ou aos inéditos equipamentos ofertados, esses veículos entraram para a história
Devido às características do projeto ou aos inéditos equipamentos ofertados, esses veículos entraram para a história
Você sabe qual foi o primeiro dos carros brasileiros com freios a disco? E o pioneiro da utilização de ar-condicionado? Pois coube a determinados automóveis a primazia na utilização de equipamentos e soluções. Com o tempo, eles foram se tornando comuns, mas eram sinal de alta tecnologia quando chegaram ao mercado.
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O AutoPapo enumerou 15 carros brasileiros que inovaram, devido às características do projeto ou aos então novos equipamentos ofertados. Será que você conhece todos eles? Confira o listão!
Entre a primeira safra de carros nacionais, nenhum foi tão inovador quanto o sedã da FNM. Lançado em 1960, o modelo trouxe características técnicas inéditas para a ainda incipiente indústria automobilística nacional.O projeto era originário da Alfa Romeo e, inclusive, ainda era produzido pela empresa italiana na Europa.
Inicialmente batizado como JK, ele oferecia câmbio manual de cinco marchas (com a alavanca posicionada na coluna de direção) e motor 2.0 de quatro cilindros com duplo comando de válvulas. Além do mais, tinha câmaras de combustão hemisféricas e válvulas de escapamento arrefecidas a sódio.
Em 1964, em decorrência do golpe militar, o modelo foi rebatizado de 2.000, em referência à cilindrada do motor, seguindo a nomenclatura da própria Alfa Romeo. O sedã seguiu trocou de identidade novamente em 1969, devido ao aumento da capacidade cúbica do propulsor, passando a se chamar 2.150.
Ao contrário do que muita gente pensa, automatizar funções do câmbio não é uma ideia nova. No Brasil, a primeira iniciativa desse tipo surgiu em 1964, quando a DKW passou a oferecer no sedã Belcar e na perua Vemaguet um sistema batizado de Saxomat, que funcionava com uma bomba de vácuo.
Porém, ao contrário dos similares atuais, esse mecanismo acionava apenas a embreagem. Desse modo, o motorista era dispensado de pisar no pedal, mas precisava mover a alavanca para mudas as marchas.
Demorou para que o teto solar caísse nas graças do consumidor brasileiro. Na verdade, o primeiro nacional equipado com esse item foi um fiasco em termos de vendas. O veículo em questão é o Fusca, que passou a oferecê-lo opcionalmente para a linha 1965, mas foi veementemente rejeitado após ganhar o apelido de Cornowagen.
O teto solar que equipava o Fusca era, claro, bem diferente dos modelos atuais. Tinha acionamento manual e confecção inteiramente em chapa, enquanto similares de vidro com comando elétrico são comuns há pelo menos trê décadas. A iniciativa, apesar de tudo, foi inovadora: talvez até demais para os consumidores da época.
Nascido como Dauphine, o carro compacto da Willys Overland sofreu uma série de aperfeiçoamentos em 1962, fazendo com que o fabricante passasse a identificá-lo como Gordini. Mas foi só em 1967 que o modelo ganharia um equipamento até então inédito no país: freios a disco.
Os discos eram sólidos, menos eficientes que os do tipo ventilado, e vinham apenas nas rodas dianteiras. Ainda assim, esse equipamento estava muito à frente do sistema com tambores nas quatro rodas presente em todos os demais carros brasileiros da época.
O ar-condicionado só se tornou um item realmente comum nos últimos 15 anos. Porém, não é de hoje que ele equipa automóveis mais sofisticados. O primeiro nacional a disponibilizá-lo foi o Itamaraty, uma derivação de luxo do sedã Aero Willys.
Lançado em 1966, o modelo passou a oferecer o ar-condicionado como opcional a partir da linha 1967. O aparelho tinha as saídas voltadas para os passageiros do banco de trás. Devido ao alto custo adicional, acabou equipando pouquíssimas unidades.
Como tratava-se de um item que, inicialmente, não estava previsto no projeto do veículo, o resultado não era dos mais eficientes. A falta de vidros verdes e de isolamento térmico adequado prejudicavam a atuação do ar-condicionado. Mesmo assim, foi capaz de dar ao Itamaraty uma importante primazia.
O Galaxie é geralmente lembrado como o mais luxuoso entre os carros brasileiros de sua época. Tanto isso é verdade que coube a ele introduzir dois equipamentos importantes na indústria nacional. O primeiro é a direção hidráulica, vendida como opcional desde o lançamento, em 1967.
Para a linha 1969, a Ford disponibilizava outra item marcante para o sedã: câmbio automático. O equipamento tinha três marchas e alavanca seletora posicionada na coluna de direção. Essa transmissão vinha associada a um motor V8 de maior cilindrada, com 4,8 litros, que também era novidade na gama.
Pequeno por fora, mas grande por dentro. Essa característica, uma das mais marcantes do Fiat 147, devia-se justamente ao motor posicionado transversalmente, que permitia melhor aproveitamento de espaço. Essa solução, absolutamente comum hoje em dia, era inédita no país em 1976, quando o modelo chegou ao mercado.
Mas o 147 não tardaria a trazer outra inovação ao país. Em 1979, ele tornou-se o primeiro automóvel do país movido a álcool. Outros fabricantes já haviam utilizado o combustível vegetal em protótipos, mas a Fiat foi a primeira a empregá-lo em um veículo produzido em série.
Do ponto de vista da concepção, o Del Rey estava longe de ser revolucionário. Afinal, grosso modo, o ele não passava de uma derivação do Corcel II, de 1978, que por sua vez mantinha a plataforma e a mecânica da primeira geração, de 1968. Porém, para transformá-lo em um carro de luxo, a Ford caprichou nos equipamentos. E é justamente aí que o modelo inovou.
Coube ao Del Rey a primazia de introduzir travas e vidros elétricos à indústria nacional. Até então, nem mesmo os automóveis luxuosos disponibilizavam esses itens no país. Graças ao bom pacote de equipamentos e também ao acabamento caprichado, o modelo conseguiu se firmar com opção nesse segmento.
Geralmente, o Gol é lembrado pelo sucesso comercial: foi o automóvel mais vendido do país de 1987 a 2013. Porém, o hatch da Volkswagen também entrou para a história devido a dois pioneirismos.
A versão esportiva GTi chegou ao mercado em 1988 já trazendo uma tecnologia até então inédita por aqui: injeção eletrônica de combustível associada ao motor 2.0. O sistema Bosch LE-Jetronic analógico há muito ficou obsoleto, mas na época do lançamento, parecia coisa de ficção científica comparado ao velho carburador.
Decorridos 15 anos desde então, o hatch voltaria à vanguarda ao se tornar o primeiro dos carros brasileiros com motor bicombustível. Soluções semelhantes já eram testadas por outros fabricantes, mas a Volkswagen foi a primeira a colocá-la no mercado, em 2003. O sistema foi batizado de Total Flex e, inicialmente, era opcional para o Gol 1.6.
Durante a década de 80, o Monza era apontado como automóvel mais moderno do país. Isso porque ele reunia várias modernidades que, até então, eram vistas apenas de modo isolado em outros veículos. Tinha motor em posição transversal, como o Fiat 147, e travas e vidros elétricos como o Del Rey.
Entretanto, o sedã da Chevrolet só veio a incorporar um equipamento nunca antes visto no país em 1991, quando a versão top de linha passou a oferecer um painel com instrumentos digitais. O sistema do Monza há tempos ficou arcaico: é interessante notar como os hodômetros, por exemplo, ainda eram analógicos.
O caso é que não deixa de ser curioso que instrumentos digitais sejam equipamentos cobiçados hoje em dia, ainda que os sistema atuais sejam muitíssimo mais avançados, com telas personalizáveis e multifuncionais.
Vale destacar que o Monza foi o primeiro dos carros brasileiros a ter uma plataforma com motor dianteiro e tanque posicionado sob o banco traseiro, para maior segurança em acidentes. Atualmente, quase todos os automóveis adotam arquitetura semelhante.
Vendido no mercado brasileiro desde 1984, o Santana passou por uma extensa reestilização para 1991. Naquele ano, o top de linha da Volkswagen ganhou um equipamento que, no mercado brasileiro, só existia nos recém-chegados automóveis importados: freios ABS.
Os freios ABS chegaram em meados do ano, já para a linha 1992. Esse item era vendido como opcional inclusive na versão GLS, a mais luxuosa da gama.
Outra tecnologia que chegou ao país em modelos importados e rapidamente foi incorporada pelos carros brasileiros é o motor multiválvulas. Até a década de 1990, os automóveis tinham, necessariamente, só duas válvulas por cilindro: uma de admissão e outra de escape.
O primeiro nacional a lançar mão desse recurso foi o Fiat Tempra. O modelo tinha um motor 2.0 de quatro cilindros, cada qual com quatro válvulas: duas de admissão e duas de escape. O emblema 16V, em alusão a tal solução, era ostentado com orgulho pelo modelo.
Durante os anos 90, a Fiat estava acelerada quando o assunto era novidade. Após a primazia no uso da tecnologia de quatro válvulas por cilindro, um dos carros brasileiros da fabricante italiana foi pioneiro ao adotar o turbocompressor: o Uno.
Batizado simplesmente de Uno Turbo, o hot hatch impressionou o mercado de 25 anos atrás devido ao desempenho. No mesmo ano, a Fiat apresentou também uma versão sobrealimentada do Tempra.
Hoje, o uso do turbocompressor disseminou-se devido à busca por eficiência energética. Mas, nos anos 90, esse recurso era sinônimo de esportividade.
O honra de ser pioneira na instalação de airbags em um veículo nacional fez duas fabricantes travarem uma verdadeira corrida. As empresas em questão eram a Chevrolet e a Fiat: a primeira havia marcado o lançamento do Vectra de segunda geração para março de 1996. Um dos destaques do sedã era justamente a oferta das bolsas.
A Fiat, porém, “furou a fila”. Naquele mesmo ano, a marca italiana iria começar a fabricar o Tipo em Betim (MG): até então, o hatch era vendido no país como importado. E aproveitou a nacionalização para equipar o modelo com o airbag. O anúncio foi feito em fevereiro, pouco antes da apresentação do Vectra à imprensa.
O detalhe é que o Tipo oferecia, como opcional, apenas um airbag, para o motorista, enquanto o Vectra trazia, também opcionalmente, duas bolsas, para ambos os ocupantes frontais. Por causa disso, e também devido à chegada praticamente junta ao mercado, Fiat e Chevrolet são lembradas como fabricantes dor primeiros carros brasileiros com essa tecnologia.
Ao Vectra, restou um prêmio de consolação: apesar de ter perdido, por pouco, a corrida dos airbags para o Tipo, o sedã da Chevrolet foi, incontestavelmente, pioneiro na introdução de outro equipamento de segurança. A versão CD trazia um então tecnológico controle de tração.
Em relação aos carros de outros países, principalmente os europeus, os modelos brasileiros ainda engatinham no uso de tecnologias limpas de propulsão. Somente em 2019 a indústria nacional começou a produzir o primeiro automóvel com sistema híbrido: a primazia coube ao Toyota Corolla.
A versão top de linha Altis Hybrid do sedã é equipada com um sistema que mescla um motor 1.8 a combustão e outro elétrico, semelhante ao do Prius. Talvez para compensar a demora, o primeiro híbrido nacional é o primeiro desse tipo com tecnologia flex: pode ser abastecido com gasolina, etanol ou a mistura de ambos em qualquer proporção.
Fotos: Divulgação
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Hoje isso acontece com eletrônicos! Um celular lançado no exterior demora um ano pra chegar ao Brasil!
Debaixo de toda essa história, está um fato, ontem assistindo Joias sobre Rodas, em um conhecido canal de televisão, tudo isso já existia em um lincoln continental da Chevrolet de “1963”, ou seja, a industria automobilística nos enxerga como consumidores de segunda ou terceira classe.
Todos esses carros foram novidades para os brasileiros, aqueles que podiam até compravam mais de um e os que podiam menos compravam um e os que não podiam bem, faziam um grande esforço para comprar o mais barato e assim chegamos onde estamos com as máquinas modernas da atualidade.
Aparenta não termos saída desta época, agira do carroça maquiada
Debaixo de toda essa história, está um fato, ontem assistindo Joias sobre Rodas, em um conhecido canal de televisão, tudo isso já existia em um lincoln continental da Chevrolet de “1963”, ou seja, a industria automobilística nos enxerga como consumidores de segunda ou terceira classe.
Eu achava q o primeiro carro híbrido era o Ford Fusion em 2010
o fusion não era fabricado no Brasil
Acho que se referem a invovacoes de carros produzidos em território nacional. No caso o fusion acho que era/é importado
Aula de história automobilística!
Faltou o corcel com o radiador selado.
A matéria ilude o leitor fazendo-o pensar que a indústria automobilística brasileira foi inovadora. Todas as “inovações” mencionadas chegaram da Europa com no mínimo 20 anos de atraso. O título da matéria seria “carros brasileiros atrasadores”.
Larga de ser chato, João. Td mundo sabe que as inovações demoram pra chegar aqui, o que é lamentável. Lamentável também é o típico leitor sabichão, que entra nas notícias pra comentar achando que já sabe tudo e que o jornalista não sabe nada. Só passa vergonha, pq Td mundo sabe dessas coisas.
O título da matéria também poderia ser “Quando foi inovação aqui, lá fora já não era mais novidade”