Carros esportivos nacionais: dos anos 1960 a 2010
Confira a evolução dos carros esportivos nacionais que se ajustaram às diferentes oscilações do mercado, mas sem perder a essência
Confira a evolução dos carros esportivos nacionais que se ajustaram às diferentes oscilações do mercado, mas sem perder a essência
É um amor que já dura décadas: a paixão dos brasileiros pelos carros esportivos. Qualquer que seja a idade, o brasileiro suspira diante de um carro com características nervosas. E esse amor infindável se traduz em muitos modelos que atravessam por décadas, desde a implantação da indústria automotiva brasileira no final dos anos 1950 e início dos anos 1960.
E, claro, esse amor me levou a criar uma série que mostrará praticamente todos os modelos esportivos brasileiros que foram vendidos por aqui desde o início dos anos 1960 até o final da década de 2010, a última completa. Os modelos esportivos são caracterizados por versões concebidas e construídas para o esporte, ou seja, para ter bom desempenho e diversão ao guiar. Até aqueles mais familiares e pacatos, com boa preparação, transformam-se em verdadeiras feras das pistas, ruas, ou estradas.
Quando um carro é construído e nasce como um esportivo, ele ganha características que são comuns a todos, e marcantes. São baixos, para reduzir a área frontal e melhorar a estabilidade, possuem motor mais potente do que o das demais versões. Têm pneus e rodas mais largos para garantir aderência aprimorada em curvas rápidas e têm acabamento todo voltado a esportividade, como um volante menor, bancos exclusivos. Detalhes visuais típicos, mostradores especiais e por aí vai. Mas sempre há variações nesse contexto.
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Outros, derivados de pacatos modelos familiares, são devidamente reelaborados pelas engenharias automotivas das fábricas, buscando a performance ao invés do conforto e silêncio. E, normalmente, seus motores, apesar de mais potentes, consomem mais combustível. Não necessariamente, mas de uma maneira geral é assim que acontece. Nesses carros, também há novo padrão de acabamento, rodas exclusivas, detalhe únicos pela carroceria e apêndices aerodinâmicos ou úteis, tudo para ornar com a proposta de ser um modelo único e diferenciado.
Existem ainda aqueles chamados de esportivados. Alguns se referem à eles como sendo esportivos de mentirinha, daqueles com motorização inalterada e um visual mais enfeitado remetendo à esportividade, enquanto outros tratam como esportivos derivados de versões comuns de carros de grande produção, que são transformados em esportivos. Por isso o termo “esportivado”.
Vou lidar aqui só com o segundo caso, além dos originalmente esportivos, aqueles que nasceram para o desempenho. Ou seja, falarei dos legítimos esportivos de berço, além dos transformados em esportivos pela fábrica. Esses sim com performance diferenciada na condução.
Vou dividir essa verdadeira enciclopédia dos carros esportivos nacionais em décadas. Primeiro, anos 1960, seguido dos anos 1970, 1980, 1990, 2000 e 2010. Tratarei de cerca de 70 carros nacionais, que estão listados abaixo.
Essa foi a década marcada praticamente pela implantação da indústria de automóveis no nosso país. Foi quando o presidente Juscelino Kubitschek forneceu incentivos fiscais para a instalação das fábricas de carros. Os anos 1960 foram marcados também pelas lutas acirradas que aconteciam nas pistas de corridas brasileiras, quando as fabricantes se enfrentavam para mostrar ao consumidor quem tinha o melhor produto. Ou seja, aquele que conciliava desempenho, resistência mecânica e segurança nas curvas.
Grandes brigas com bons investimentos financeiros nas corridas e esportivos, e grande aprendizado para nossa engenharia, pilotos e estrategistas de corridas, que trilhavam suas carreiras na época. Muito se desenvolveu e aprendeu nesse período inicial de nossa indústria. Grandes esportivos como Volkswagen Karmann-Ghia 1200 e 1500, Simca Esplanada GTX, Simca Rallye, DKW Malzoni GT, DKW Puma GT, Puma GT1500, Brasinca Uirapuru, Willys Berlinetta Interlagos, Willys Gordini 1093, Ford Corcel GT e FNM JK2000.
A indústria automotiva brasileira cresceu muito na década de 1970, com a expansão de Chevrolet, Ford e VW, além da chegada da Fiat no nosso mercado. Além disso, foi em 1976 que ocorreu o tão famigerado bloqueio das importações de carros, sob a alegação da chance de crescimento da nossa indústria. A partir dali foi o momento que pequenas fabricantes locais, muitas vezes nem do ramo automotivo, desenvolvessem e produzissem seus próprios carros, os chamados foras-de-série.
Muitos esportivos nacionais surgiram nessa década: Chevrolet Opala SS, Chevette GP (I e II), Fiat 147 Rallye, Ford Maverick GT, VW SP2, Fuscão 1600 e Passat TS, Dodge Charger R/T, Puma GTE 1600, GTB, (inclusive S2), Bianco S1600, Miura Sport, Dardo F1.3, Farus ML929, Adamo GT (I e II), Adamo GTL e GTM, Santa Matilde SM hatch e Hoffstetter.
Os anos 1980 são saudosos por muitos entusiastas, principalmente aqueles fãs de esportivos. Com as importações ainda bloqueadas, a indústria nacional precisava se virar com o que tinha em mãos. Ou então apelar para trazer tecnologias debaixo dos panos, mas aí é outra história. Ainda assim foi uma época de surgimento de diversos foras-de-série. Outros esportivos oficiais das quatro grandes também chegavam, alguns até com tecnologias inéditas, como injeção eletrônica. Tinha esportivo para vários gostos, bolsos e necessidades.
A VW teve vários, como Gol GT e GTS, Passat GTS e Pointer, além do lendário Gol GTI. Da Chevrolet tivemos novidades como Monza S/R e Kadett GS, enquanto a Fiat apresentava Spazio TR, Uno SX e Uno 1.5R, nesta ordem. O lendário Escort XR3 marcava a década de 1980 dos esportivos nacionais da Ford, inclusive com sua carroceria conversível.
Aqui a situação já era outra, afinal foi em 1990 que o Brasil finalmente passou a poder receber carros novos do exterior. A concorrência se tornava bem pesada com esportivos vindos da Ásia, Europa ou Estados Unidos, estes geralmente mais potentes, modernos, seguros e bonitos. Foi o momento de declínio dos esportivos foras-de-série que, por custarem caro, acabavam se tornando pouco interessantes quando comparados com os importados. Chevrolet, Fiat, Ford e VW se fortaleceram, alinhando-se com suas matrizes de fora em vários aspectos.
Vários modelos esportivos foram marcantes da década: Kadett GSI, Corsa GSI e Vectra GSI da Chevrolet, Uno 1.6R, Tempra Turbo e Uno Turbo na linha Fiat, os VW Gol GTI 16v e Parati GTI, além do hatch premium Audi A3 1.8 turbo, que se tornava nacional no início de 1999. Ainda do começo da década, o fora-de-série Aurora 122C chegou um tanto atrasado na briga e já competiu com importados. O Ford Escort XR3 também estreava nova geração, abandonando a mecânica VW.
Já de uma era atual, os esportivos do novo milênio tinham pegada mais moderna, com a adoção da injeção eletrônica multiponto, quatro válvulas por cilindro, duplo comando de válvulas com variador de fase, freios ABS (alguns até com ESP), controle eletrônico de tração, airbags e por aí vai. Tudo melhorando e realçando a esportividade em carros pequenos, médios ou grandes. Não é para menos, afinal já estávamos em uma era online e até conectada, e os modelos apimentados nacionais seguiam nesse rumo.
Foi a era de Ford Ka XR, os Fiat Marea e Weekend Turbo, Stilo Abarth, Punto e Linea T-JET e Palio 1.8R, o VW Golf GTI VR6, Chevrolet Astra GSI 16v, Renault Clio Si 16v, Honda Civic Si, até peculiares como o nacional Lobini H1, com mecânica Volkswagen. Já era uma época que populares cresciam no nosso mercado, e os esportivos estavam cada vez mais nichados.
Última década completa, os anos 2010 foram bem escassos para os esportivos nacionais. As quatro grandes, Chevrolet, Fiat, Ford e VW, preferiram investir em outros segmentos mais interessantes como os hatches compactos ou SUVs, deixando carros de nicho como os esportivos de lado. Aqui, a onda do downsizing, de motores pequenos com turbo, já se tornava bem popular, ao passo que os esportivos, em sua maioria, era das marcas premium e importados.
Ainda assim alguns nacionais marcantes deixaram seu legado, como o Fiat Bravo T-JET e Argo HGT manual, VW up! TSI e Golf GTI, Audi A3 2.0 turbo, Renault Sandero R.S. e Peugeot 208 GT.
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Muito interessante, gostei da matéria.
O meu preferido é o desses esportivo são os últimos o maior exemplo é o Peugeot 208 GT ele é muito legal e bonito de mais.
Amo esse Peugeot 208 tudo bem q o elétrico é meio sem graça mais todos os Peugeot são muito bons e até boa opção.????????