Conheça os cinco carros mais icônicos da Jaguar
A marca britânica possui uma tradição em fazer carros esportivos e sedãs para quem gosta de dirigir, já o futuro dela é um mistério
A marca britânica possui uma tradição em fazer carros esportivos e sedãs para quem gosta de dirigir, já o futuro dela é um mistério
Após anos no esquecimento e com vendas em declínio, a Jaguar voltou a ser manchete. O motivo foi a campanha que anunciou sua nova fase, que veio junto de nova identidade visual e logo nova.
Ainda não mostraram o carro novo, isso será no dia 2 de dezembro durante um evento de arte em Miami. Mas o CEO da Jaguar já adiantou que a marca irá subir de patamar, indo brigar com a Bentley no mercado de alto luxo com modelos 100% elétricos.
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Os entusiastas, que são sempre saudosistas, tratam isso como o fim dos tempos — como se a atual decadência da marca não fosse o bastante. Se você curte a marca, ou quer conhecer melhor a história dela, separamos aqui os cinco modelos mais icônicos.
A Jaguar não nasceu com esse nome. Em 1933 ela foi fundada por Sir William Lyons com o nome de SS Cars. Após a Segunda Guerra Mundial, mudaram o nome para não ser relacionada a polícia do governo nazista.
A montadora virou Jaguar Cars Limited em referência ao bem sucedido esportivo SS Jaguar 100, um roadster de dois lugares e com motor de seis cilindros em linha. A marca nova voltou a fazer carros em 1945 continuando os sedãs que fazia antes da guerra.
O primeiro carro inédito da Jaguar foi o esportivo XK 120, lançado em 1948. Ele trazia linhas modernas para a época, com muitas curvas e superfícies arredondadas.
O seu motor foi o primeiro desenvolvido em casa, antes a SS Cars usava a Standard Motor Company como fornecedora. A Jaguar criou um seis cilindros em linha bastante avançado, com cabeçote em alumínio, duplo comando de válvulas e câmaras de combustão hemisféricas.
No primeiro XK 120 esse seis em linha era um 3.4 alimentado por dois carburadores SU, que entregava respeitáveis 162 cv. O “120” do nome vinha da velocidade máxima em milhas por hora, que no padrão métrico significa 193 km/h.
O Jaguar XK 120 foi um sucesso imediato. A primeira unidade foi entregue para o ator Clark Gable e várias outras celebridades tinham ou ou sonhavam com o roadster. Ele também serviu de base para o C-Type de corrida, mas essa parte do automobilismo merece uma lista a parte.
A linha XK evoluiu com o tempo, em 1954 veio o XK 140 e em 1957 foi lançado o XK 150. Esses modelos traziam motor mais potente e atualizações na carroceria, mas mantendo a origem no modelo de 1948. Dentre essas atualizações estavam a direção por pinhão e cremalheira e os freios a discos, necessários para o modelo final de 269 cv.
Apesar de ainda ser um esportivo competente, o XK 150 dava sinais da idade no desenho. A chegada dos anos 60 veio com grandes avanços técnicos nos carros e a Jaguar queria trazer muito do que fazia nas corridas para as ruas.
O E-Type foi o sucessor na linhagem de esportivos. Seu desenho foi feito pelo engenheiro aeronáutico Malcolm Sayer, que buscava fazer um carro com a melhor aerodinâmica possível.
Quando visto de perfil, o desenho do Jaguar E-Type lembra as formas de uma gota, com a traseira afunilando. As rodas eram parcialmente cobertas para reduzir a turbulência aerodinâmica.
Apesar de ter sido um carro criado com foco na função, o resultado foi belíssimo. Uma prova disso foi o elogio dado por Enzo Ferrari, famoso por ser arrogante, que chamou o E-Type de “o carro mais belo que já viu na vida” durante a apresentação no Salão de Genebra.
O motor era o mesmo seis cilindros em linha de duplo comando do XK, que seguiu em produção na Jaguar até 1992. No E-Type da primeira série foram oferecidas as versões 3.8 e 4.2, que entregavam os mesmos 268 cv. A mudança era no torque.
Segundo a Jaguar, qualquer versão do E-Type acelerava de zero a 96 km/h em 6,4 segundos e atingia 241 km/h de velocidade máxima. São números bons até para os padrões atuais.
Uma evolução do E-Type sobre o XK foi no chassi. Ele estrou um novo tipo de suspensão traseira independente, criado pela Jaguar. E também usava freios a discos nas quatro rodas, sendo os traseiros montados junto do diferencial para reduzir o peso não suspenso.
A cereja nesse bolo era o preço: o Jaguar E-Type custava bem menos que um Aston Martin, um Maserati ou uma Ferrari da época. O esportivo de preço similar era o Porsche 911, que era menos potente.
O E-Type ganhou uma segunda série em 1968, identificável pela tomada de ar maio na dianteira e pelos faróis sem a cobertura aerodinâmica. Devido ao sucesso nos EUA, começaram a aparecer opções como a carroceria 2+2 mais longa e o câmbio automático.
A série 3, de 1971, foi a última do E-Type. A grade ficou ainda maior pois precisava refrigerar o novo motor V12 que era opcional. Apesar de ser mais potente, ele não era mais rápido que o seis cilindros em linha, devido ao peso. Era uma opção para quem queria um grand tourer com uma reserva boa de potência, quem gostava do E-Type pelo lado esportivo ia no motor menor.
A Jaguar não era apenas uma fábrica de esportivos, ela tinha também sua linha de sedãs. Modelos como o Mark VII eram grandes e suntuosos, com visual conservador. Mas usavam o mesmo seis em linha do XK.
O Mark 1 veio como o menor sedã da Jaguar, lançado em 1955. Ele era um modelo executivo, feito para competir com carros da Rover. O seu destaque era usar o motor de seis cilindros da Jaguar, que dava desempenho próximo ao dos esportivos e tinha funcionamento suave.
O Jaguar Mark 1 com motor 2.4 já acelerava de zero a 96 km/h em 14,4 segundos e atingia 163 km/h. Sim, temos carros 1.0 que andam mais que isso, mas estamos falando de um sedã dos anos 50. O modelo mais forte, com o 3.4, baixava a aceleração para 9,1 segundos, apenas 1 segundo atrás do XK 150.
Esse desempenho fez que o Mark 1 virasse figurinha carimbada nos campeonatos de turismo e de rali da Europa, até mesmo Sir Stirling Moss pilotou um. Ele foi o pai dos sedãs esportivos de hoje.
O Jaguar Mark 2 foi a evolução desse modelo, que chegou ao mercado em 1959. Visualmente ele mudava mais pela área envidraçada 18% maior e colunas mais finas. A suspensão ganhou bitolas mais largas, os freios a discos nas quatro rodas, que eram opcionais desde 1957, passaram a ser de série e um motor 3.8 passou a ser oferecido. O ganho de peso foi de 100 kg.
Com o motor mais potente, que vinha junto de um diferencial de deslizamento limitado, o Jaguar Mark 2 acelerava de zero a 96 km/h em 8,5 segundos e atingia 201 km/h de máxima. Ou seja, a sucessão de vitórias no automobilismo continuou.
O desempenho desse sedã, que não havia rivais, acabou atraindo outro tipo de público: ladrões de banco. Os bandidos viram a união do motor forte com espaço para quatro ocupantes, um bom porta-malas e freios potentes como o veículo de fuga perfeito. Até a polícia britânica passar a usar o Mark 2 também.
O Jaguar Mark 2 foi produzido até 1969 e saiu de linha sem deixar um sucessor direto. A marca só foi atuar no segmento de sedãs executivos novamente em 1998 com o S-Type.
A linha de sedãs maiores da Jaguar usavam o motor XK de seis cilindros e traziam avanços como os freios a discos e a suspensão traseira independente. Mas visualmente lembravam ainda modelos mais antigos e até mesmo os Rolls-Royce.
O XJ foi apresentado em 1968 com um estilo bem mais esportivo. Ele era mais baixo e largo que seus antecessores, ficando mais moderno e alinhado com rivais da Europa continental e EUA.
A veia de inovações seguiu presente, com a suspensão dianteira montada em sub-chassi, a traseira independente com freios junto ao diferencial e o consagrado motor de seis cilindros com duplo comando.
No final da primeira série do XJ, em 1972, foi lançada a versão de entre eixos longo e a opção pelo motor V12 5.3. No E-Type esse propulsor destoava, mas aqui ele estava em casa e fez dele o sedã mais rápido do mundo: atingia 225 km/h.
A segunda série do XJ de primeira geração veio com uma grade menor e abandonou o entre-eixos mais curto. Apenas nessa série teve a versão cupê, que era redundante com o novo XJS e durou pouco.
Na terceira série, de 1979, veio uma reestilização feita pelo estúdio Pininfarina, que manteve as linhas essenciais do carro. A Jaguar estava trabalhando em uma segunda geração do sedã, com plataforma nova e faróis quadrados para ficar na moda dos anos 80.
Na época a marca pertencia ao grupo British Leyland, que era dono de maior parte da indústria britânica. Ele queria que a Jaguar adotasse o motor V8 da Rover, mas a marca era orgulhosa. Por isso fizeram um cofre do motor estreito para caber apenas o seis cilindros tradicional.
Para quem preferia o V12, ainda existia o XJ de primeira geração apenas com esse motor. Sim, a Jaguar vendeu um carro de 1968 até 1992 ao lado de uma geração mais nova, tudo para não usar um motor de terceiros.
Com o fim do antigo XJ de primeira geração, os engenheiros adaptaram o cofre da segunda geração para caber o V12 lá. Nesse meio tempo veio uma nova geração do motor de seis cilindros, com quatro válvulas por cilindro e bloco em alumínio.
A terceira geração resgatou algumas curvas da carroceria e os faróis redondos. Ela ainda usou o seis em linha e o V12, mas trocou eles por um V8 moderno feito pela Jaguar no face-lift de 1998.
Essa família de motores V8 ainda está em produção, hoje equipa apenas o Land Rover Defender. O V6 3.0 com supercharger é, de grosso modo, esse V8 com dois cilindros a menos.
Apesar da Jaguar insistir no desenho inspirado no modelo 1968, ela nunca parou de usar o XJ para introduzir inovações. A quarta geração, lançada em 2003, trouxe um monobloco todo em alumínio. Isso baixou o peso do carro para 1.790 kg, em uma era onde os rivais já passavam de 2 toneladas.
Por trás do visual retrô, o Jaguar XJ ainda era um sedã de luxo para quem gostava de dirigir. A geração seguinte foi a última e quebrou esse estilo com um visual moderno, mas seguiu feito em alumínio e pesando menos que o BMW Série 7 e o Mercedes-Benz Classe S. O XJ saiu de linha em 2019 e daria lugar a um sucessor elétrico, mas ele foi cancelado perto do lançamento.
A Jaguar tem tradição em fazer esportivos de dois lugares com motor dianteiro e preço menor que o de uma Ferrari. Ela fez protótipos vitoriosos nas pistas, mas não se aventurou no mundo dos supercarros para incomodar os italianos.
A primeira vez que ela tentou algo assim foi com o XJR-15, que teve apenas 53 unidades feitas para homologar um carro de corrida e usava o motor V12 aspirado montado em posição central. A marca britânica apostava suas fichas no sucessor, que estava sendo feito em colaboração com a Tom Walkinshaw Racing para bater o recorde de velocidade máxima.
O XJ220 foi mostrado pela primeira vez como conceito, com motor V12 central e tração integral. O “220” do nome indicava a intenção de atingir essa velocidade em milhas por hora, equivalente a 350 km/h.
Quando o Jaguar XJ220 foi lançado em 1992, muitos se decepcionaram. O modelo de produção trocou o V12 por um V6 biturbo e a tração passou a ser apenas traseira. Em compensação, o belo desenho do conceito foi mantido.
Esse motor V6 3.5 biturbo tinha origem em carros de corrida, mais precisamente no MG Metro 6R4 que correu no Grupo B de rali. Esse foi o carro aspirado mais forte da categoria. A versão turbinada foi usada pela Jaguar no XJR-11.
Quem reclamou da falta dos 12 cilindros não notou que o V6 produzia 550 cv e levava o supercarro de zero a 100 km/h em 3,6 segundos. A velocidade máxima não chegou aos 350 km/h prometidos, era de 341 km/h. Ainda assim, foi o carro mais rápido do mundo até a chegada do McLaren F1.
As vendas foram abaixo do esperado, muitos cliente realizaram depósitos na esperança de receber um carro com motor V12 e tração integral. Apenas 282 unidades foram feitas. Hoje a situação mudou, o XJ220 ficou valorizado por ser raro.
A Jaguar ensaiou um sucessor para o XJ220 com o C-X75. Esse belo supercarro de motor central tinha tudo para ser fabricado, fizeram até algumas unidades para um filme de James Bond, mas no final acabou apenas como um conceito.
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