Seis carros nacionais em homenagem ao automobilismo
Fabricantes já homenagearam pilotos e destacaram as próprias participações nas pistas em alguns de seus produtos
Fabricantes já homenagearam pilotos e destacaram as próprias participações nas pistas em alguns de seus produtos
Dirigentes do setor automotivo costumam dizer que as corridas são uma bela ferramenta de marketing. A frase win on sunday, sell on monday (vença no domingo, venda na segunda, em tradução livre), de autoria desconhecida, reflete diretamente essa ideia. Não por acaso, vários carros fizeram menções diretas e especiais ao automobilismo, inclusive no Brasil.
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Esse é justamente o tema do listão deste domingo: enumeramos 6 séries especiais de carros nacionais inspiradas, de algum modo, pelo automobilismo. Aperte os cintos e acelere conosco essas máquinas. A maioria delas não tem desempenho de esportivo, mas todas entraram para a história da indústria do país.
É difícil encontrar um automóvel com nome tão ligado às pistas quanto esse. Afinal, Monza evoca um dos autódromos mais tradicionais do planeta, localizado na Itália, enquanto a sigla 500 EF homenageia Emerson Fittipaldi, primeiro piloto brasileiro a vencer as 500 milhas de Indianápolis, em 1989.
Lançado em 1990, o Monza 500 EF era baseado na versão top de linha, mas tinha visual mais esportivo. Trazia aerofólio, filetes adesivos na carroceria e molduras das janelas pintadas de preto (eram cromadas no Classic SE convencional).
Mas o destaque era o motor 2.0 com injeção eletrônica: foi o primeiro produto da Chevrolet a oferecer essa tecnologia no Brasil. Graças a ela, a potência chegava a 116 cv, número muito respeitável para a época. Apesar disso, o ponto forte do 500 EF era o mesmo de qualquer Classic: o conforto. “O Monza do Emerson” trazia interior revestido em couro legítimo, computador de bordo e sistema de som com toca-fitas removível.
A produção do Monza 500 EF foi restrita a 5.000 unidades, nas cores Preto Nobre ou Vermelho Rodes. A carroceria podia ter duas ou quatro portas. Vale lembrar que a Chevrolet voltaria a homenagear o piloto brasileiro com séries especiais em seus carros: houve ainda o Omega Fittipaldi. Ele, porém, era importado da Austrália, e não nacional.
Emerson Fittipaldi não foi o único piloto homenageado com séries especiais em carros da Chevrolet. O tricampeão de Fórmula 1 Nelson Piquet também batizou uma edição especial da marca. O veículo escolhido foi o Corsa, no ano de 1997.
O visual do Corsa Piquet era invocado, com direito às rodas de liga leve de 14 polegadas do esportivo GSI e a para-choques pintados no tom da carroceria (em uma época em que isso era privilégio de versão top de linha). Aliás, o modelo tinha uma única opção de cor: Amarelo Gris.
Na hora de acelerar, porém, a esportividade acabava. O modelo era equipado com o motor mais fraco da gama, o 1.0 de 60 cv proveniente da versão Wind. Nesse ponto, a reverência a Nelson Piquet poderia ter sido mais generosa.
Desempenho à parte, o fato é que o Corsa Piquet é muitíssimo raro, pois foram fabricados apenas 120 exemplares. O modelo, que nasceu a partir da intervenção da Arisco, então patrocinadora do piloto, é hoje um autêntico neo-colecionável.
O maior campeão da história da Fórmula 1, com sete títulos mundiais, é outro automobilista agraciado com séries especiais de carros. A reverência ao piloto alemão partiu da Fiat, com o lançamento do Stilo Schumacher. Então, Michael corria pela Ferrari, que é controlada pela marca italiana.
Em 2004, a Fiat anunciou a produção de 500 unidades da série Schumacher, todas na cor Vermelho Modena. Contudo, no ano seguinte, a edição especial foi relançada: identificada como Season 2005, podia vir também com pintura Amarelo Indianápolis. No ano seguinte, veio mais uma fornada, agora disponível ainda nas tonalidades Preto Vesúvio e Prata Bari.
Nos logotipos de identificação, o Stilo Schumacher reproduzia a assinatura do piloto de Fórmula 1. Entre os equipamentos, havia spoiler traseiro, rodas de 17 polegadas com desenho exclusivo e teto solar Sky-Window.
O desempenho era bom, mas não ótimo. Isso porque, apesar de a versão Abarth do Stilo ser equipada com um potente motor 2.4 de cinco cilindros e 167 cv, a Fiat optou pela unidade 1.8 16V de 122 cv das configurações intermediárias. O câmbio era sempre manual de cinco marchas.
O Escort ainda era novidade quando ocorreu o Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1 de 1984. O modelo participou da prova, realizada no autódromo de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, como pace car. Já entendeu qual é a temática dessa série especial, certo?
A Ford utilizou a versão esportiva XR3 como base para o Escort Pace Car. O hatch ganhou chamativas faixas laterais em azul, além de inscrição na tampa traseira. A carroceria era sempre branca, mesma cor que tingia as rodas de liga leve e a grade frontal.
Sob o capô, o Ford Escort XR3 Pace Car trazia o motor 1.6 CHT, capaz de render 83 cv. Na época, era a opção mais potente da gama. Todavia, consta que a unidade que atuou na corrida tinha mecânica preparada, com uso, inclusive, de um turbocompressor. As modificações eram necessárias para ditar um ritmo adequado aos monopostos da Fórmula 1.
A produção do Escort XR3 Pace Car, segundo a Ford, seria limitada a 300 unidades, sem contar a que foi preparada para a prova. Porém, colecionadores estimam que os números foram bem mais baixos: podem ter sido produzidos 10 vezes menos veículos que a previsão inicial.
Sim, existiram duas séries especiais do Escort relacionadas aos carros de corrida. Além do Pace Car, houve também o XR3 Fórmula, em 1991. A dita semelhança com os bólidos do automobilismo estava na suspensão: o hatch da Ford trazia amortecedores Cofap com controle eletrônico de carga.
Por meio de um botão no painel, o motorista (ou seria piloto?) podia escolher entre duas configurações: uma para mais macia, para rodar confortavelmente, e outra mais rígida, de modo a priorizar a estabilidade. Embora bem mais simples, esse sistema remetia vagamente à suspensão ativa dos bólidos da Fórmula 1, recurso que fez a equipe Williams dominar as temporadas de 1992 e 1993.
Enquanto a suspensão era caprichada, o motor do Fórmula era igual ao do XR3 comum. O modelo era movido pelo AP 1800S de origem Volkswagen, capaz de desenvolver 99 cv de potência, suficientes para um bom desempenho.
Identificada pelos adesivos laterais e pelas rodas de liga leve diamantadas, a série Fórmula tinha apenas duas opções de cores: Vermelho Munique e Azul Denver. A produção chegou a 754 unidades.
Nenhum outro fabricante dedicou tantas séries especiais de seus carros ao automobilismo como a Ford. Antes de passar a associá-las ao Escort, a marca as anexou à linha Corcel II. Em 1983, bem na véspera do Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1, o modelo começava a ser vendido na edição Campeões.
Nunca ficou claro a quais campeões a Ford dedicou o modelo. No material publicitário, o fabricante dizia apenas tratar-se de “uma série testada pelos pilotos de Fórmula 1 no último GP do Brasil”. Porém, naquele ano dois pilotos brasileiros já haviam conquistado o mundial da categoria: Emerson Fittipaldi e Nelson Piquet. Por sua vez, Ayrton Senna viria a ganhar o primeiro título alguns anos depois, em 1988.
Visualmente, era impossível não associar a série Campeões à equipe Lotus John Player Special. A carroceria era pintada de preto, em contraste com os filetes laterais e as rodas na cor dourada.
Dados indicam que 320 unidades da série Campeões foram fabricadas. Vale citar que, quatro anos antes, a Ford já havia desenvolvido um Corcel II inspirado na equipe Lotus de Fórmula 1, sugestivamente chamado de JPS. Ele, porém, nem chegou ao circuito comercial: os pouquíssimos exemplares produzidos (não teriam passado de algumas dezenas) foram vendidos sob encomenda.
O Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1 está diretamente relacionado ao Chevette GP. É que em 1976, quando ele foi lançado, a Chevrolet patrocinava a prova. Como parte da ação de lançamento, o fabricante disponibilizou unidades para os pilotos da categoria nas vésperas do evento. Nomes como Emerson Fittipaldi, José Carlos Pace, James Hunt e Niki Lauda circularam por São Paulo a bordo do modelo.
O Chevette GP não era, a rigor, uma série especial, e sim uma versão. Para 1977, a Chevrolet reeditou o nome para GP II. Na linha do ano seguinte, marcada por uma reestilização, o nome original voltou a ser utilizado. A produção do “Carro Oficial do Grande Prêmio do Brasil” foi encerrada em 1979.
Mecanicamente, o Chevette GP não trazia diferenças significativas em relação ao restante da gama. A primeira safra até tinha taxa de compressão mais alta, que resultava em um singelo acréscimo de potência de 3 cv, mas nas demais nem mesmo essa modificação foi adotada. Em todas, o motor era 1.4, então o único disponível para o modelo.
Em relação à decoração, porém, o Chevette GP não deixava margem para reclamações. Faixas pretas na base da portas e para-lamas e em parte do capô e da tampa do porta-malas davam o aspecto de um autêntico esportivo. A partir de 1978, a padronagem mudou, mas manteve-se agressiva: a tinta negra foi abolida das laterais, mas passou a tingir todo o capô e a área entre as lanternas traseiras.
Um esportivo batizado com o nome o mais tradicional circuito do país merece lugar em qualquer lista que relacione carros a automobilismo. Esse modelo, no caso, foi fabricado no Brasil pela Willys Overland entre 1961 e 1966 e chama-se, claro, Interlagos.
A gama nacional da Willys Overland era bem diversificada: o sedã Aero e os utilitários Rural e Jeep tinham projetos ligados à matriz nos Estados Unidos. Já os compactos Gornini e Dauphine eram originários da Renault e fabricados por aqui sob licença. Essa era a situação também do Interlagos, idêntico ao francês Alpine A110.
O modelo brasileiro, porém, era menos potente que seu similar europeu. O esportivo nacional utilizava um motor 1.1 de 70 cv, que até não fazia feio. Devido ao baixo peso, de cerca de 600 kg, o pequeno esportivo tinha bom desempenho para os padrões da época.
Apenas 822 unidades do Willys Interlagos foram fabricadas no país, em três tipos de carroceria: Cupê, Berlineta e Conversível. Os veículos sobreviventes são disputados objetos de coleção, de modo que um exemplar em perfeito estado atinge facilmente preços de seis dígitos.
Fotos: Divulgação
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Teve também o Escort XR3 Super Sport a.k.a Benetton
Faltou falar sobre o Omega Fittipaldi.
boris, faça uma reportagem especial sobre o melhor piloto que já existiu de verdade! TONINHO DA MATTA!! …sujeito que no puro talento, fazia o carro e ganhava de muita gente cheia de grana para investir em carros, mas que comia poeira do talentoso TONINHO..
acho triste , principalmente em mg, só se falar a exaustao da familia fitipalti e piquet..cansa…
fica a dica- piloto real, de verdade = TONINHO DA MATTA!
O desenho dos carros produzidos pela Autolatina foi descartado pelo Sr. L.N.Mora (Ford), em 1985 e depois virou realidade.