Carros que fizeram a transição bem… ou nem tanto

Modelos que sucederam outros repetiram ou aumentaram o sucesso, mas alguns nem sempre mantiveram os bons resultados na transição

hyundai ix35: Listamos os SUVs sem controle de estabilidade que ainda são vendidos - o equipamento de segurança se tornará obrigatório em breve!
iX35 foi o sucessor da primeira geração do Tucson (Foto: Hyundai | Divulgação)
Por Fernando Miragaya
Publicado em 13/11/2022 às 13h03

O país vive um momento delicado de transição. Na história automotiva, a passagem de bastão de um carro para outro novo às vezes se dá de forma fácil. Porém, está longe de ser uma regra.

VEJA TAMBÉM:

Relembramos alguns casos de caros que fizeram a transição numa boa. O sucessor não só repetiu as boas vendas, como multiplicou-as. Também selecionamos episódios onde o substituto fez tudo errado.

Carros que fizeram bem a transição

Volkswagen Fusca – Gol

Talvez o caso de maior sucesso de transição na história da indústria automotiva brasileira. Em 1980, a Volkswagen lançou o Projeto BX com o Gol de abre-alas para ser o sucessor gradual do Fusca.

Deu mais do que certo. Em 1986 o Fusca saiu de linha (voltou entre 94-96 mas só por afago político) e a marca alemã nem sentiu falta das vendas do besouro. O Gol assumiu as rédeas e se tornou o carro de maior sucesso do nosso mercado.

volkswagen gol copa 1982 frente
A transição do Fusca para o Gol foi a mais bem-sucedida da indústria automotiva brasileira (Foto: VW | Divulgação)

Foram 28 anos consecutivos de liderança em emplacamentos. Recentemente, às vesperas de ter a produção encerrada, voltou novamente a beliscar a primeira posição em alguns meses. Nesses 42 anos, foram mais de 8,5 milhões de Gols produzidos.

A dúvida agora é se o Gol conseguirá fazer a transição para o Polo Track. Em fevereiro de 2023, esta opção mais barata do compacto vai suceder ao veterano hatch, que sai de linha até dezembro.

Chevrolet Celta e a transição para o Onix

Em 2000, a General Motors lançou o Celta sobre a base do Corsa 1 para fazer barulho no segmento de entrada do mercado. O carro cumpriu seu papel e figurou sempre entre os mais vendidos do país.

chevrolet onix 2012 vermelho
A saída do Celta para a chegada do Onix, colocou a Chevrolet no topo de emplacamentos (Foto: GM | Divulgação)

Mais que isso, o Celta sedimentou o caminho para o Onix, que foi lançado em 2012. Sobre uma plataforma mais moderna e com equipamentos mais inovadores para o segmento, em pouco tempo o Onix não só virou o grande sucesso da Chevrolet, como também carro de passeio mais vendido do Brasil.

Fiat Palio – Argo

Aqui foi uma frente ampla em prol de um sucessor. A Fiat percebeu que precisava dar uma sacudida no seu portfólio de hatches compactos e, para tal, sacrificou até um médio que vendia pouco.

Foto Legenda 06 Coluna 3417 Fiat Argo
A transição do Palio para o Argo ainda abocanhou os “cargos” de Punto e Bravo (Foto: Fiat | Divulgação)

Foi desta forma que o Argo entrou em cena em 2017. Em uma tacada só, “substituiu” Palio, Punto e Bravo. Estratégia que se revelou certeira em pouco tempo. Há dois anos o hatch da marca italiana está entre os cinco carros mais comercializados do mercado.

Ford Fiesta – Ka

O primeiro Fiesta brasileiro, junto com o EcoSport (dentro do Projeto Amazon), ajudou a Ford a voltar a operar no azul no início dos anos 2000. Mas na década seguinte, logo ficou claro que o New Fiesta não seguraria as pontas.

ford ka se plus 2019 cinza de frente em movimento
Ford Ka de terceira geração foi a transição mais acertada da Ford, pena que compacto morreu com as fábricas (Foto: Ford | Divulgação)

A Ford foi cirúrgica e criou um Ka brasileiro. Maior que o subcompacto de então, veio com nova linha de motores três cilindros. Durante toda a sua vida, de 2013 a 2021, ficou no top 3 dos carros de passeio mais vendidos. Morreu junto com a decisão da montadora de encerrar toda e qualquer atividade industrial no país.

Chevrolet Tracker “Vitara” e a transição Tracker

Neste caso foi uma transição em duas etapas. A primeira geração que conhecemos do Tracker aqui era Argentina. Na verdade, um Suzuki Vitara com emblema da Chevrolet.

tracker midnight 5
Sai Tracker e entra… o Tracker (Foto: GM | Divulgação)

Em 2013 a GM lançou a segunda geração do Tracker importada do México, menos utility e mais sport. Mas o sucesso veio mesmo em outra transição, em 2020, quando a terceira geração do SUV passou a ser feita no Brasil, maior, mais espaçosa e com motores turbo. Hoje, é um dos crossovers compactos mais negociados.

Carros que não fizeram bem a transição

Peugeot 206 – 207

O compacto da marca francesa foi um sucesso desde o lançamento, ainda importado, em 1999 – em 2001, passou a ser feito no Brasil. Com desenho bem mais arrojado que os rivais, nível de acabamento caprichado e uma marra de marca “importada”, vendeu bem por toda a vida.

150720211626355799af207 ms httoqwsfgq
A solução caseira da francesa para tentar emplacar o 207, que era um 206 reestilizado deu muito errado (Foto: Peugeot | Divulgação)

A transição para o 207, contudo, foi um grande erro. Culpa da própria Peugeot, que não quis gastar grana para fazer o hatch em cima da nova plataforma lançada na Europa. Em vez disso, aproveitou a base do 206 e meteu a casca do 207.

Não só o 207 (206,5 para os íntimos), como suas derivações (sedã, station wagon e picape) se mostraram um grande equívoco que custa caro até hoje à Peugeot.

Volkswagen Gol – Up!

O Gol fez a transição de maior sucesso da história, mas o seu sucessor virou um dilema. Vários carros apareceram com potencial de ser o substituto do best-seller no mercado, como o Fox, mas poucos pegaram esse abacaxi de fato.

VW up! 2020
O Up! era um carro espetacular, a VW tento fazer dele o substituto do Gol, mas acabou morrendo primeiro (Foto: VW | Divulgação)

Em 2014 a Volks ensaiou uma transição ousada. Fazer do Up! a porta de entrada da marca no país. Problema é que o subcompacto era um ótimo carro e também muito mais caro de fazer. Menor que o Gol, rinha preço maior que o veterano hatch.

Claro que não deu certo. Pior, o Up! meio que roubou as vendas da gama de compactos da marca alemã. O Gol perdeu a liderança do mercado para o Fiat Palio e, depois, para o Chevrolet Onix. Em 2001 o Up! saiu de linha antes mesmo do velho guerreiro

Hyundai Tucson e ix35 – New Tucson

A fábrica do Grupo Caoa em Goiás já protagonizou uma fase inusitada: produzir três gerações diferentes do mesmo carro. Tudo começou em 2005, quando a marca passou a importar o primeiro Tucson da Coreia do Sul.

O SUV médio vendeu muito, graças ao custo/benefício agressivo e à campanha ostensiva de publicidade do importador. Passou a ser montado em Anápolis (GO) em 2010, mesmo ano em que a Hyundai lançou aqui o ix35, que nada mais era a segunda geração do Tucson.

hyundai new tucson branco com placa verde visto de frente
O “New” Tucson não passou nem perto do desempenho de seus antecessores (Foto: Hyundai | Divulgação)

Em 2013 foi a vez de o ix35 também ser fabricado no Brasil. O utilitário esportivo fez a transição direitinho e repetiu as boas vendas do antecessor (que continuouem linha), mais uma vez com o custo/benefício competitivo.

Mas em 2016 a chegada do New Tucson degringolou o histórico de sucesso. Apesar de bem mais moderno, maior e com motor turbo, a terceira geração do Tucson jamais vendeu perto do que seus antecessores.

Volkwagen Voyage – Polo Classic

Em 1994 a dupla Gol e Voyage fazia bastante sucesso no mercado. Naquele ano, o hatch iniciou a famosa era Bolinha, termo dado à segunda geração do hatch por suas linhas arredondadas. A expectativa era que o restante da gama compacta seguisse o mestre, mas teve um carro que não fez a transição certa.

Saveiro e Parati ganharam novas gerações nos anos seguintes. O Voyage, contudo, foi preterido nesta renovação. Isso apesar de um protótipo do sedã “bolinha” ter sido mostrado na matriz da marca, na Alemanha.

vw polo classic sedan vermelho lateral
Polo Classic foi uma “gambiarra” portenha para tentar substituir o Voyage e se tornou um fiasco (Foto: VW | Divulgação)

A alternativa de transição foi argentina… e errada. A Volks optou por colocar o Polo Classic no lugar do Voyage. O sucessor foi um fracasso em vendas e acabou deixando o segmento de sedãs compactos para GM e Fiat fazerem a festa. O Voyage só voltou em 2008, junto com a terceira geração do Gol. Vai sair de linha junto com o hatch este ano.

Chevrolet Astra – Vectra GT

Em 1998 a GM passou a produzir o Astra no Brasil. O carro logo se tornou um rival brabo para VW Golf e Ford Focus. O modelo sobreviveu numa mesma geração no segmento e acabava vendendo bem justamente por brigar entre os hatches médios, e também por ser uma alternativa aos compactos topo de linha.

chevrolet vectra gt x hatch 2007 laranja de frente
O Vectra GT era na verdade o Astra europeu, e estava aquém da esportividade prometida e foi um fiasco (Foto: GM | Divulgação)

Em 2007 a Chevrolet resolveu fabricar aqui também o novo Astra europeu – uma geração à frente do já citado. Só que com nome de Vectra e sobrenome GT. Não era, nem foi, uma coisa nem outra, e apesar de ter vendido um volume razoável, nem de longe repetiu o desempenho comercial do Astra. Saiu de linha em 2011, antes do antecessor.

Newsletter
Receba semanalmente notícias, dicas e conteúdos exclusivos que foram destaque no AutoPapo.

👍  Curtiu? Apoie nosso trabalho seguindo nossas redes sociais e tenha acesso a conteúdos exclusivos. Não esqueça de comentar e compartilhar.

TikTok TikTok YouTube YouTube Facebook Facebook X X Instagram Instagram

Ah, e se você é fã dos áudios do Boris, acompanhe o AutoPapo no YouTube Podcasts:

Podcast - Ouviu na Rádio Podcast - Ouviu na Rádio AutoPapo Podcast AutoPapo Podcast
0 Comentários
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Comentários com palavrões e ofensas não serão publicados. Se identificar algo que viole os termos de uso, denuncie.
Avatar
Deixe um comentário