Chevrolet Cruze RS prova: hatches médios vão deixar saudade
Único sobrevivente de segmento em extinção, modelo agrada pela dirigibilidade, mas está sem perspectivas no mercado
Único sobrevivente de segmento em extinção, modelo agrada pela dirigibilidade, mas está sem perspectivas no mercado
O Cruze Sport6 é o último bastião entre os hatches médios no mercado brasileiro. Depois que ele sair de linha – a Chevrolet já confirmou que não haverá nova geração em âmbito mundial -, o segmento será, literalmente, extinto: sobrará apenas uma ou outra opção de marca premium. Porém, por enquanto, o modelo ainda vive, e a versão RS, a única da gama atualmente, revela bons atributos. Assista ao vídeo:
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Assim como ocorre em todos os veículos RS da Chevrolet, a esportividade do Cruze é puramente visual: o fabricante aboliu os cromados da grade frontal, da base das janelas e até dos logotipos. Nessa versão, esses itens são pretos, assim como as máscaras dos faróis, os retrovisores, o teto e o spoiler traseiro. Um conjunto de rodas de liga leve de 17 polegadas redesenhadas (as mesmas do Sedan Midnight) completam o visual, que ficou agradável.
Apesar de não ter promovido alterações na mecânica do Cruze RS, ao menos a Chevrolet manteve a calibragem mais agressiva que o da configuração Sedan: em relação a ela, o Sport6 tem suspensão traseira 10% mais rígida e acerto próprio da direção, que tem assistência elétrica. Esses itens, somados ao centro de gravidade mais baixo, típico dos hatches médios, fazem do modelo um verdadeiro devorador de curvas, sem torná-lo desconfortável em pisos irregulares.
Na verdade, o maior apelo do Cruze RS é justamente a dirigibilidade, que agrada a quem realmente gosta de dirigir. Além da ótima estabilidade, também se destaca o motor 1.4 turbo com injeção direta de combustível: embora ele já não esteja mais entre os líderes de potência na respectiva faixa de cilindrada, ainda entrega, com gasolina, bons 150 cv, além de 24 kgfm de torque. Com etanol, os números sobem discretamente, para 153 cv e 24,5 kgfm.
As grandes vantagens desse motor são a linearidade na entrega de torque e a suavidade de funcionamento, mesmo em altas rotações. Ele não faz do Cruze RS um autêntico esportivo, mas proporciona um desempenho acima da média, mais que suficiente para encarar ultrapassagens ou subidas de serra sem sustos. A performance dos freios, com discos nas quatro rodas, também é digna de elogios.
O câmbio é que merece ressalvas. A caixa automática de seis marchas não atua com a rapidez que o carro merece; além do mais, eventualmente faz trocas desnecessárias, ou então deixa de fazê-las nos momentos desejáveis. Seria mais fácil contornar esse inconveniente existissem borboletas no volante para operar o sistema sequencialmente, mas, para fazer isso, é necessário dar toques na alavanca. Trata-se de um item que merecia maior atenção, já que o Cruze RS, segundo a própria Chevrolet, tem a dirigibilidade como apelo.
No consumo, o Sport6 revelou números razoáveis: o AutoPapo aferiu 9 km/l na cidade e 12,1 km/l na estrada, com gasolina. Assim, com esse combustível, o tanque de 52 litros proporciona uma boa autonomia de 629 km.
No interior, o Cruze RS traz todos os revestimentos em negro, inclusive a forração do teto. Com exceção da cor preta, o padrão de acabamento não mudou: o Sport6 tem enxertos acolchoados no painel e nas forrações das quatro portas. Nesses locais, o plástico é duro: na parte dianteira, ele exibe boa qualidade; contudo, nas portas traseiras, esse material é nitidamente mais simples e demonstra aspereza ao toque, como ocorre em carros de segmentos inferiores.
O espaço interno também é amplo, inclusive no banco traseiro. Ali, dois passageiros se acomodam com bastante conforto e mesmo a presença eventual de um terceiro ocupante não causará martírio. Porém, o porta-malas, de 290 litros, é digno de hatch compacto: mesmo que o formato do compartimento permita bom aproveitamento desse volume, era de se esperar mais.
O espaço para pequenos objetos também é escasso. O nicho do console central, por exemplo, já não comporta perfeitamente um smartphone atual. Efeito do tempo, afinal, já se passaram 6 anos desde o lançamento global do modelo, que já começa a mostrar algumas rugas. Mas não há nada a se queixar da ergonomia, que é muito boa, com bancos confortáveis, acesso direito a todos os comandos e leitura fácil dos instrumentos. A visibilidade é ótima para a frente, mas limitada para trás.
Cruze RS tem pacote de equipamentos baseado na extinta versão top de linha Premier. Desse modo, há ar-condicionado automático (mas com uma só zona de temperatura), bancos com revestimento que mescla couro e material sintético, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, retrovisor interno eletrocrômico e teto solar, chave presencial com botão de partida, faróis e limpadores de para-brisa automáticos, entre outros itens.
No que diz respeito à segurança, o modelo traz seis airbags (frontais, laterais e de cortina) e controle eletrônico de estabilidade e tração com assistente de partida em rampa. Em relação à versão Premier, porém, há algumas ausências, como os alertas de mudança de faixa e de frenagem.
A conectividade é garantida pela central multimídia com tela de 8 polegadas, compatível com as plataformas, Android Auto e Apple CarPlay. Há ainda espelhamento sem fio, WiFi nativo e o serviço de concierge que a Chevrolet chama de OnStar. Mas falta um carregador de celular por indução, item que o Onix oferece.
No fim das contas, o que pesa contra o Cruze RS é a falta de perspectiva no mercado. No ano passado, o hatch emplacou, segundo a Fenabrave, apenas 1.733 unidades no país. É um bom carro, não há dúvida, mas fica difícil pagar R$ 155.050 por um produto que tem pouco tempo de vida pela frente: não há certeza sequer se ele chegará a 2023.
A verdade é que, provavelmente, a versão RS será o canto do cisne para o Cruze Sport6. Com um futuro tão desanimador pela frente, o modelo acaba atuando quase como um produto de nicho, voltado para um público mais entusiasta: pelo menos não há dúvida de que o hatch é capaz de agradar a esse perfil de consumidor.
Ficha técnica | Chevrolet Cruze Sport6 RS 2022 |
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Motor | Dianteiro, transversal, a gasolina, 1.399 cm³, com quatro cilindros, de 74 mm de diâmetro e 81,3 mm de curso, 16 válvulas com duplo comando variável, injeção direta e turbocompressor |
Potência | 150 cv a 5.600 rpm com gasolina e 153 cv a 5.200 rpm com etanol |
Torque | 24 kgfm a 2.100 rpm com gasolina e 24,5 kgfm a 2.000 rpm com etanol |
Transmissão | automática de seis marchas, tração dianteira |
Suspensão | McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira |
Rodas e pneus | Rodas de liga leve 17”; pneus 215/50 R17 |
Freios | discos ventilados na dianteira e discos sólidos na traseira, com ABS e EBD |
Direção | assistida eletricamente |
Diâmetro de giro | 10,9 m |
Dimensões | 4,448 m de comprimento, 1,807 m de largura, 1,484 m de altura e 2,700 m de distância entre-eixos |
Peso | 1.336 kg |
Carga útil | 450 kg |
Tanque de combustível | 52 litros |
Porta-malas | 290 litros |
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Lamentável essa imposição de SUVs e populares. Tenho um Cruze HB e faço média de até 15 km/l no álcool em estrada, sempre comprovado no abastecimento com uma calculadora. Obviamente que depende do estilo de guiar de cada um. Acredito que será substituído pelo Monza que já é produzido na China. Resta esperar para ver se um modelo hatch back sairá no leque de opções.
Os hatches médios deixaram saudade. Esses SUVs compactos atuais estão bem distantes no quesito dirigibilidade, estilo e conforto que os hatches médios entregavam, não tem nem comparação.
Já dirigi o sedan. Excelente veículo. Ao meu ver uma opção melhor que o Tracker.
Veiculo muito Bom. Quem sai de um treko(tracker) e entra num Cruze se admira coma difença de acabamento para muito melhor no Cruze.