Chevrolet Titan Turbo III: o caminhão com motor de avião

Modelo foi uma tentativa frustada, mas bem louca, de um motor que seria substituto ao diesel, mas acabou literalmente despedaçado

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Chevrolet desenvolveu um motor com turbina a gás que poderia substituir os pesados bloco diesel, mas a ideia evaporou no ar (Fotos: GM | Divulgação)
Por Érico Pimenta
Publicado em 09/11/2025 às 15h00

Se hoje vivemos uma espécie de “guerra fria” tecnológica com fabricantes divididos entre motores a combustão, elétricos, a hidrogênio e a gás, no passado, as montadoras também buscavam soluções alternativas. Nos anos 1960, marcas como Kenworth e Ford testaram turbinas a gás em caminhões, e a Chevrolet não quis ficar de fora dessa corrida tecnológica.

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Desde o fim da Segunda Guerra Mundial e o início da corrida espacial, a indústria automotiva norte-americana fitou seus olhos na aviação. A Cadillac abusou de elementos aerodinâmicos, como o “rabo de peixe” e elementos cônicos quer foram retirados de aeronaves. O próprio Chevrolet Bel Air era uma ode à aviação, com um planador sobre o capô.

Isso para não falar do GM Futurliner, uma espécie de caminhão, com ônibus, que a General Motors criou para uma campanha chamda de Parada do Progresso. Dentro do veículo tinha uma grande turbina, com seus componentes a mostra. Tudo para mostrar que o futuro da mobilidade estava nas asas dos aviões a jato.

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Coletores de ar ficavam nas extremidades do para-choque que se integrava à carroceria

Seguindo a paixão da Chevrolet por motores desse tipo, o Turbo Titan III apresentava um design extremamente futurista. Sua cabine do tipo COE (Cab Over Engine) ficava acima do motor e podia bascular por meio de um sistema elétrico, algo incomum na época e que só décadas depois se tornaria um recurso de série em alguns caminhões modernos.

Na dianteira, duas grandes entradas de ar, que lembravam as de aviões de combate e ajudavam a refrigerar o sistema e abrigavam os faróis escamoteáveis.

O interior também seguia a linha “conceitual futurista”. O caminhão dispensava o volante tradicional e adotava duas pequenas rodas de controle, operadas pelos pulsos do motorista. Era uma espécie de joystick, como nos videogames.

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No lugar do volante, o Titan Turbo III tinha uma espécie de joystick para manobrar

O sistema, chamado Twin Dial pela GM, era uma evolução de um conceito da Ford conhecido como Wrist-Twist Instant Steering, criado pelo engenheiro Robert J. Rump, especialista em veículos espaciais. O Titan ainda trazia um equipamento de ponta para a época: rádio FM.

Motor não tão potente, mas tinha torque

O motor GT-309, coração do projeto, levou 15 anos para ser desenvolvido. Produzia modestos 280 cv, mas entregava um torque impressionante de 120,9 kgfm, quase equivalente ao de motores a diesel modernos, como o Scania DC07 113 de mesma potência.

O diferencial do GT-309 era a entrega de torque já em marcha lenta e a capacidade de atingir 35 mil rpm, embora fosse limitada a 4 mil rpm em operação normal. Ele era acoplado a uma transmissão automática Allison de seis marchas.

O projeto trazia soluções engenhosas, como trocadores de calor integrados à carcaça da turbina e uma câmara de combustão central, o que melhorava a eficiência térmica. Apesar disso, o conjunto tinha dimensões semelhantes às de um motor a diesel tradicional, o que tornava a adaptação mais viável.

Do sonho à realidade e de volta ao papel

Embora tenha nascido como conceito, a Chevrolet chegou a considerar seriamente produzir o Titan em série. O caminhão participou de testes e viagens promocionais, exibindo vantagens como:

  • possibilidade de operar com diversos combustíveis (diesel, querosene e outros);
  • baixas emissões e menor peso;
  • alta confiabilidade mecânica.

Entretanto, os contras eram pesados: o consumo de combustível era elevado, e os custos de produção e manutenção inviabilizavam o projeto.

No fim, o único protótipo construído, com implemento que levava o conjunto a quase 35 toneladas e 15,2 metros de comprimento, foi destruído após o encerramento do programa. Restaram apenas registros fotográficos e o fascínio por uma das ideias mais audaciosas da história da Chevrolet.

O Titan Turbo III foi uma das várias tentativas de reinventar o transporte pesado e buscar alternativas ao motor a diesel. Hoje, com a transição energética em curso, fica a pergunta:

Será que no futuro olharemos para os caminhões elétricos e a hidrogênio da mesma forma que olhamos para o Titan?

Somente o tempo dirá.

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