Controle de embreagem: é pior que manter o pé no fundo?
Fazer controle da embreagem para manter carro parado reduz a vida útil; mas permanecer com o pedal totalmente acionado sem modulá-lo não gera grande desgaste
Fazer controle da embreagem para manter carro parado reduz a vida útil; mas permanecer com o pedal totalmente acionado sem modulá-lo não gera grande desgaste
A embreagem é um dos diversos itens do carro que sofre desgaste natural: mais cedo ou mais tarde, ela precisará ser trocada. Porém, sua vida útil não é pré-determinada, pois pode variar bastante. E o fator que mais influencia na durabilidade desse componente é o modo como ele é utilizado pelo motorista. Os condutores mais cuidadosos, inclusive, evitam abusar do controle de embreagem ou até mesmo manter o pedal acionado com o carro parado. Mas, afinal, essas preocupações realmente fazem sentido?
O AutoPapo consultou a Sociedade de Engenheiros da Mobilidade (SAE Brasil) para esclarecer essa dúvida. Primeiramente, é preciso destacar que essas duas situações são distintas: uma é aquela na qual o motorista mantém o veículo inerte fazendo o chamado controle de embreagem. Sem acionar os freios, o condutor permanece com o carro parado em um aclive, por exemplo, apenas controlando os pedais da embreagem e do acelerador. Nesse caso, ocorrerá, sim, desgaste acentuado do sistema.
Outra circunstância ocorre quando condutor permanece com o pedal da embreagem pressionado até o fim de seu curso, sem modulá-lo, com a primeira marcha engatada e o freio acionado. Nesse caso, o desgaste envolve menor quantidade de componentes e não tem consequências preocupantes.
Leandro Perestrelo, membro da Comissão Técnica de Transmissões da SAE Brasil, explica que, em tal situação, até ocorre desgaste do rolamento do sistema, que se mantém em contato com o platô. Todavia, não chega ocorrer redução acentuada na durabilidade. “Disco e platô giram juntos. O mancal da embreagem recebe carga, mas isso é comum”, diz.
Segundo o especialista, esse rolamento é projetado para trabalhar com cargas maiores. Ademais, deve ser substituído junto com o disco, que tem vida útil menor. Assim, não há grandes problemas em manter o pedal de embreagem até o fundo com o carro parado e o freio acionado.
Se o motorista deixar o câmbio desengrenado e não acionar o pedal, pressionando-o apenas quando for arrancar, deixará o sistema totalmente desacoplado, situação na qual não há desgaste algum desse rolamento. Entretanto, para Perestrelo, tal componente não costuma causar prejuízo. “Em carros de passeio, são raríssimos os casos de ter que substituir a embreagem por problema no rolamento”, pondera.
O pior quadro, de longe, acontece quando o motorista mantém parado apenas controlando a embreagem e o acelerador. Nesse caso, a vida útil do componente será reduzida. “O platô fica girando, mas o disco fica parado, e essa situação é extremamente danosa”, pondera Perestrelo. Nessa hipótese, o material de contato do disco sofre atrito, provocando maior desgaste.
“O disco é feito para ser modulado por um ou dois segundos; três segundos, no máximo. Se o motorista fica fazendo o controle, chega a provocar desgaste equivalente ao de 100 partidas em uma única vez”, adverte o engenheiro da SAE. Além disso, Perestrelo destaca que, devido ao atrito, essa situação gera muito calor. Consequentemente, pode causar superaquecimento no sistema.
Desse modo, o ideal é que o condutor utilize o controle de embreagem apenas para colocar o veículo em movimento. “Não precisa ser algo desesperado, mas o motorista deve modular o pedal o mais rapidamente possível,” sintetiza o especialista.
👍 Curtiu? Apoie nosso trabalho seguindo nossas redes sociais e tenha acesso a conteúdos exclusivos. Não esqueça de comentar e compartilhar.
TikTok | YouTube | X |
Ah, e se você é fã dos áudios do Boris, acompanhe o AutoPapo no YouTube Podcasts:
Podcast - Ouviu na Rádio | AutoPapo Podcast |
Show de bola a explicação…
Agora Boris, eu tenho uma outra dúvida… uma curiosidade e acho que você pode esclarecer.
Eu conheço uma pessoa que tem um carro com cambio manual. Sempre que ela para no sinal, eu notei que ela puxava o freio de mão.
Então eu perguntei: “Porque toda vez você puxa o freio de mão?” e eis que ela me respondeu o seguinte:
“É para não gastar o freio!!!”
Então eu tentei dialogar com ela alegando que não é assim, o freio se desgasta normalmente mas o que causa o maior desgaste não é ficar com ele pressionado, mesmo porque ele é para ser pressionado.
Então ela me disse que quem tinha orientado ela foi o “mecânico”…
AFINAL DE CONTAS, BORIS, O QUE MAIS DESGASTA O FREIO? Ficar com ele pressionado até o final no sinal de transito ou as freadas bruscas principalmente em velocidade alta?
Um abraço e obrigado.
vixi o Boris nem respondeu! rs