Crise na China ameaça a Neta enquanto marca aposta no Brasil
Crise na China atrapalha futuro da Neta, que corta salários, demite funcionários e lida com dívidas enquanto busca crescer no Brasil e no exterior
Crise na China atrapalha futuro da Neta, que corta salários, demite funcionários e lida com dívidas enquanto busca crescer no Brasil e no exterior
A montadora chinesa Neta anunciou sua chegada ao Brasil no ano passado, comercializando o hatch Neta Aya e o SUV médio Neta X. As vendas começaram de forma discreta, com a marca tentando se posicionar em meio à invasão chinesa no mercado nacional. No entanto, enquanto busca expandir sua presença global, a Neta enfrenta uma crise sem precedentes em seu próprio país.
Nos últimos meses, reporta o site Leifeng, a empresa interrompeu a produção em sua principal fábrica na China, localizada na cidade Tongxiang, e impôs cortes drásticos de salários, levando ao descontentamento dos funcionários.
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Relatos da imprensa chinesa indicam que, agora, centenas de trabalhadores estão sendo demitidos, incluindo todo o setor de Pesquisa & Desenvolvimento, responsável pela criação do novos carros. Paralelamente, fornecedores insatisfeitos têm pressionado a montadora para o pagamento de dívidas acumuladas. Há registros até de credores que acamparam em forma de protesto na sede da empresa, em Xangai.
O declínio das vendas também agrava a situação: de janeiro a setembro de 2024, a Neta vendeu menos de 54 mil unidades na China, o que representa menos de 30% da meta estabelecida para o ano. Em outubro, o volume caiu 40% em relação ao mês anterior, refletindo problemas na entrega de modelos como o Neta S Hunting, que enfrentou atrasos devido à falta de peças.
Como consequência, a montadora passou a reduzir a oferta de equipamentos em versões premium, o que gerou insatisfação entre os clientes e uma onda de críticas nas redes sociais. Em um efeito que se retroalimenta, as vendas da Neta em fevereiro de 2025 foram 98% menores do que no mesmo mês do ano passado.
A crise financeira não afeta apenas a Neta, mas também sua controladora, a Hozon Auto, que acumula prejuízos bilionários desde 2021. Em meio a tentativas de reestruturação, a empresa está negociando um financiamento com um fundo soberano estrangeiro. Além disso, aposta na expansão internacional como uma possível salvação.
A marca já está presente na América Latina, no Sudeste Asiático e na África do Sul, e opera uma fábrica na Tailândia desde novembro de 2023. O plano de entrar na Europa, porém, pode ser prejudicado pelas tarifas da União Europeia sobre veículos chineses e a falta de capital para superar as barreias de entrada em um dos mercados mais difíceis do mundo.
Para tentar reverter o cenário, o fundador da Neta, Fang Yunzhou, reassumiu o cargo de CEO em dezembro de 2024, substituindo o criticado Zhang Yong. Em sua primeira declaração após o retorno, anunciou um pacote de reformas para 2025, priorizando a expansão no exterior e a busca pela lucratividade. O objetivo declarado é alcançar um IPO e equilibrar as vendas entre o mercado chinês e o internacional.
No Brasil, a Neta vende atualmente dois modelos elétricos: o hatch Neta Aya, por R$ 138.900, e o SUV médio Neta X, por R$ 214.900. O esportivo Neta GT já aparece no site oficial da marca, mas ainda sem preço definido.
Quanto aos problemas em casa, a Neta afirmou que vem passando por “uma série de reformas e ajustes organizacionais para aumentar a eficiência operacional, focar no negócio principal e fortalecer ainda mais a competitividade.”
O comunicado confirma a estratégia de focar menos na China, “prestando mais atenção em mercados estrangeiros” como o Sudeste Asiático e a América Latina. “Além do mercado tailandês, o mercado brasileiro será a máxima prioridade do mercado global”, diz a Neta, que “continuará a fazer negócios no mercado brasileiro”.
Seguindo o exemplo tailandês, onde houve crescimento gradual ao longo de alguns anos, a fabricante reiterou que mantém expectativa semelhante no Brasil, onde, garante, terá sua fábrica em breve.
O plano é que a fábrica a ser instalada no Brasil atenda o mercado local e outros países do Mercosul. Considerando tempo necessário de construção de uma fábrica totalmente nova, a produção no Brasil da Neta Auto seguirá um projeto CKD. Inicialmente, a operação contará com processos de soldagem, pintura e montagem, compartilhando a capacidade (ociosa) com as montadoras locais já instaladas no país.”
Além disso, disse em comunicado, a Neta reforça que produzirá o Aya e o X nacionalmente. “A empresa está concluindo os estudos de viabilidade e negociação para definir a localização dessa unidade. Obviamente, a localização de vários componentes relacionados será realizada paralelamente”.
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