Da minha breve infância voos no DC-3 e viagens de ônibus marcaram momentos incríveis que transformaram a história e o futuro do transporte no Brasil
Claro que não me lembro de todas, afinal eu tinha apenas alguns meses de vida. Contudo, possuo pelo menos um comprovante: uma viagem realizada a bordo da Real Redes Estaduais Aéreas Ltda, empresa do Estado de São Paulo, também conhecida como Real Transportes Aéreos.
Partimos de Congonhas (SP) em direção ao Santos Dumont, no Rio (e, dali, para Macaé), às 12h15 do dia 16 de abril de 1946, quando eu tinha menos de três meses de idade. A passagem, marcada como “Collo” no bilhete, custou Cr$ 13,60, e a aeronave era o famoso Douglas DC-3.
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Voltei a viajar nesse modelo em 1973, no DC-3 da Ford, totalmente configurado em versão executiva adaptada pela empresa de São Bernardo, na época presidida por Joseph O’Neill da Ford, para o trajeto entre São Paulo e Porto Alegre. Meu chefe, o inesquecível gerente de Imprensa Seccão (Luiz Carlos da Silva Secco), contava com a também inesquecível secretária, dona Hilda.
Antes do voo no DC-3, minha primeira experiência de viagem foi de ônibus, em um modelo com carroceria Striuli, conhecido como Silver Jet, equipado com motor GMC Detroit Diesel – também chamado de “motor marítimo”.
Meus pais não guardaram o bilhete, mas me contaram que o ônibus se arrastava pela Serra do Mar, também conhecida como Estrada Velha – a primeira estrada asfaltada do país –, sendo que esse trecho da viagem durava quase duas horas. No ano seguinte, a ligação entre Santos e o Planalto foi substituída pela Via Anchieta (pista Norte, que subia em direção à Capital), enquanto a pista Sul só foi inaugurada em 9 de julho do mesmo ano.
Antes dos ônibus da Cometa, as chamadas “jardineiras” eram utilizadas para o transporte de passageiros entre o planalto e Santos. A viagem se tornava tão longa, mesmo na descida pela Estrada Velha, que exigia uma parada para descanso na famosa Casa de Pedra, situada poucos instantes antes do íngreme declive.
O desembarque ocorria na Rua da Consolação, em um local bem próximo à Praça da República. A partir dali – segundo me contaram meus pais, quando já entendia o que diziam – embarcamos em um táxi rumo a Congonhas. Possivelmente, trata-se de um Mercury, um Ford 1946 ou até mesmo um Ford Bigode, veículos comuns na “praça” naquela época.
Claro que não consigo me recordar de nada dessas viagens, salvo daquela no DC-3 da Ford ou das comemorações dos 100 anos da Estrada Velha – a primeira rodovia construída no país – quando a percorri até Cubatão, dirigindo um Citroën; salvo, é claro, alguma falha de memória.
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