Veja 5 artimanhas de montadoras para ‘inflar’ desempenho do carro
Com medidas simples e às vezes questionáveis, indústria consegue fazer com que alguns veículos transmitam a impressão de melhor performance
Com medidas simples e às vezes questionáveis, indústria consegue fazer com que alguns veículos transmitam a impressão de melhor performance
Dirigir um automóvel é uma experiência sensorial. O motorista tem uma série de impressões antes mesmo de se acomodar atrás do volante, e a indústria sabe muito bem disso. Mesmo quando se trata de algum quesito mais objetivo, como o desempenho, os fabricantes se esforçam para que os carros causem boas impressões, que às vezes não são menos positivas na prática.
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O listão de hoje é justamente sobre isso: enumeramos 5 artimanhas que as montadoras utilizam para fazer com que o motorista tenha a impressão de os carros proporcionam melhor desempenho. Vale tudo, desde calibrar o pedal do acelerador até inflar os números de potência na ficha técnica. Confira!
A partir da última década, os aceleradores eletrônicos começaram a se tornar comuns. Nesse caso, em vez de um cabo ligar diretamente o pedal ao corpo da borboleta no sistema de admissão, os comandos são enviados por meio de impulsos eletromagnéticos.
Como o dispositivo é eletrônico, depende de programação para funcionar. E é aí que podem surgir algumas artimanhas: alguns fabricantes calibram o sistema para proporcionar grande abertura logo no início do curso do pedal. Consequentemente, o veículo aparenta ser mais arisco em arrancadas.
O caso é que, ao permitir grande aceleração logo de imediato, a progressividade fica menor. Quando o motorista pisa fundo, por exemplo, o ganho é mínimo diante da resposta obtida inicialmente. Na prática, o desempenho não é melhor, mas o motorista tem a sensação de esses carros são mais ágeis graças simplesmente à modulação do pedal.
Curioso notar que, no passado antes do surgimento da eletrônica, o pedal da direita já era alvo de algumas artimanhas. Em modelos mais antigos, o fabricante podia utilizar um acelerador curso mais curto em modelos menos potentes, para dar a impressão inicial de bom desempenho. Contudo, não havia como pisar muito mais.
Um caso típico é o do Chevrolet Chevette: inicialmente, o modelo tinha um acelerador de curso muito longo. Era uma artimanha para causar justo o efeito contrário, ajudando a economizar combustível nos tempos da crise do petróleo. A ideia era fazer com que a borboleta abrisse pouco mesmo diante de pisadas mais fundas.
Porém, essa solução acabou desagradando o consumidor, pois fazia com que o desempenho do motor 1.4 parecesse ainda mais fraco. Uma das várias modificações que o fabricante fez no modelo ao longo dos anos foi providenciar um acelerador de curso mais curto, para dar sensação de maior esperteza.
Esse truque é bastante conhecido e só está deixando de ser utilizado agora, devido à popularização dos velocímetros digitais. Porém, em instrumentos analógicos, a escala até a velocidade máxima pode ser desproporcionalmente longa.
É normal que as marcações do mostrador vão um pouco além da capacidade de desempenho dos carros. Mas alguns modelos exageravam muito: o objetivo era simplesmente encantar potenciais compradores, que, ao verem o painel na concessionária, tinham a impressão de grande performance.
Um caso emblemático é o do Gol GTi de primeira geração: embora o modelo tivesse excelente desempenho para os padrões da época, principalmente em acelerações e em retomadas, a velocidade máxima real, segundo testes de imprensa, não chegava a 180 km/h. Porém, a escala do velocímetro ia até os 240 km/h.
Antes de mais nada, vale destacar que todo velocímetro tem uma margem de erro. É que esse instrumento não é totalmente preciso e, por questão de segurança, a variação é sempre calculada para mais. Porém, tal distorção não é tão grande: costuma ficar em torno de 5%.
Não é comum que os fabricantes alterem essa margem de erro para fazer marketing. Porém, há pelo menos um carro famoso pelo “otimismo” do velocímetro: o DKW Fissore, produzido no Brasil de 1964 a 1967.
O cupê tinha proposta mais esportiva que o sedã Belcar e a perua Vemaguet, mas utilizava a mesmíssima mecânica. Coincidência ou não, os dois modelos mais “comportados” tinham um marcador de velocidade mais realista.
Até a década de 1980, praticamente todos os fabricantes informavam as potências dos veículos em valores brutos. Nesse método, a aferição é realizada sem qualquer tipo de equipamento periférico: o motor é desassociado, por exemplo, do alternador, do circuito de escapamento e até do filtro de ar.
Como todos esses itens impõem pequenas perdas, os números de potência bruta são bem maiores que os obtidos na prática. Por exemplo: na década de 1970, a Chrysler informava que um Dodge Charger R/T tinha 215 cv, um Ford Maverick GT desenvolvia 198 cv e um Chevrolet Opala 250S entregava 171 cv.
De lá para cá, a Norma Brasileira (NBR) adotou como padrão a potência líquida: nesse caso, a aferição também é realizada com o motor em bancada, fora do veículo, mas acoplado a todos periféricos. Os valores, consequentemente, são significativamente mais baixos: no caso dos veículos citados, ficam entre 135 cv e 145 cv.
Mais recentemente, houve pelo menos um caso de aumento de potência apenas no papel, sem correspondência com a realidade: o do Hyundai Veloster, equipado com um motor 1.6 de aspiração natural. Vale lembrar que, apesar do design agressivo, o modelo ficou estigmatizado pelo desempenho, que era pior até que o de carros bem mais baratos.
Na época do lançamento, em janeiro de 2011, o Grupo Caoa, que importava o modelo, informava que a potência era de 140 cv. Esse número era idêntico ao de um similar vendido no exterior, porém equipado com um sistema de injeção direta de combustível. O “detalhe” é que nenhuma das unidades trazidas para o Brasil tinha essa tecnologia.
Por aqui, o Veloster era equipado com sistema convencional de injeção, do tipo indireto. Com esse equipamento, segundo materiais de divulgação de outros países, a potência era de 128 cv. Na época, tal “recurso de marketing” gerou problemas com o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) e até ações na justiça.
Claro, o assunto também acabou virando piada! Uma das gozações dizia que o importador havia desenvolvido uma medida própria de aferição de potência: o cavalo-Caoa. Outra anedota dizia que os cavalos reproduziam-se durante a longa viagem de navio da Ásia até a América do Sul.
É comum que os fabricantes adotem nomes comerciais para suas linhas de motores. Também é corriqueiro que aperfeiçoamentos e adoção de novas tecnologias resultem na mudança desse nome. Por exemplo: o motor Família II, da Chevrolet, já foi chamado de Powertech, Flexpower, Econo.Flex…
Até aí, tudo bem: exaltar novidades técnicas faz parte do jogo de mercado. O problema é quando a mudança de nome não vem acompanhada de atualização alguma. Nessa situação, a ação confunde: pode levar ao entendimento de que há algum aperfeiçoamento quando não é o caso.
Uma das últimas a protagonizar esse tipo de ação foi a Volkswagen. Em 2014, a empresa passou a equipar as configurações top de linha do Fox e a extinta versão Rallye do Gol com um novo motor 1.6. Conhecido pelo código de projeto de EA-211, esse propulsor trazia avanços como bloco feito em alumínio e cabeçote de 16 válvulas.
Porém, o 1.6 de geração antiga, cujo código é EA-111, continuou equipando as versões de entrada dos referidos hatches. Menos tecnológico, desenvolvia potência quase 20 cv menor. Não há erro algum em manter o velho motor no mercado: o ponto criticável é que a Volkswagen passou a identificar ambos com o mesmo codinome: MSI.
Nas peças publicitárias, o fabricante destacava as vantagens do novo 1.6. Muito justo! Porém, como o antigo também passou a ser chamado de MSI, vários consumidores achavam que ambos os propulsores eram, na verdade, um só, de última geração. Veículos com motores distintos chegaram até a receber o mesmo emblema MSI na traseira.
Na época, a Volkswagen justificou-se dizendo que essa sigla havia passado a identificar todos os motores aspirados com potência igual ou superior a 101 cv. Na prática, os compradores se impressionavam com a sigla MSI, mesmo nos carros equipados com o antigo propulsor, que não ofereciam vantagem alguma em desempenho.
Fotos: Divulgação
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Ou seja, desonestidade não escolhe montadora favorita.
Brasil, País de Otários!
Pensem consigo mesmos camaradas brasileiros, carroças vw, gm, ford, fiat, xing lings, etc. Veículos que podem ser pagos até 1/5 a menos dos valores abusivos cobrados. E ninguém de nós faz nada! Pior; Veículos Mortais Made in Brazil! Pior ainda como da Matéria em questão: Maquiados!
Por isso que ando com meu Santanaő 1.8 11 km com etanol
Infelizmente insisti por três vezes em ter um vw,tive um gol G4, um G5,e um polo 2011, todos com o mesmo motor um tal de motor Power,tive problemas quase idênticos com todos,e todos eram 1.6,a marca ainda mantém o mesmo motor?
Quais problemas?
Um primo meu comprou um Fox nessa situação…todo empolgado ele veio mostrando o carro com motor “msi”. Quando abriu o capô percebi que se tratava do velho ea111. Fiquei quieto para não deixá-lo sem graça… já havia nós contado inclusive que o carro andava mais…kkkk coitado!
Brazil, único país que fabrica motor 1.0 e consegue vender o carro que o povo trouxa paga 70 mil reais, de um motor que não serve pra colocar no tambor de lixo!!!!!
E essas carroças 1.0, que os fabricantes dizem vir equipados com turbos e que andam mais do que os 1.4?
Infelizmente nesse país chamado Brasil,como todos os outros bens de consumo,pagamos pelo que na vale.financiei um carro popular e no final paguei dois carros,as montadoras estão entupidas de carros,mais os preços estão subindo.conclusao tudo que faço é de bicicleta.so que estou cansando,por conta da idade.Temos tudo pra dar certo,mais não querem.
Acho que nenhuma novidade, em se tratando de Brasil, eu acrescentaria nesta matéria os preços cobrados por aqui, que neste caso vão muito além da realidade do que valem os modelos, mas é um problema cultural porque quem pode joga seu dinheiro fora e quem não pode assume o bloquinho do carnê do empréstimo, quando deveríamos deixar as montadoras com seus veículos mofando no pátio!!!
Eu tenho um Etios 1.5 automático 2018 , o carro é muito gastador , com o trânsito de Porto Alegre ,ele não faz mais que 7 km litros , só consegue fazer 9 caso ande bem com boa velocidade. Acho que essa caixa 4 marchas é a culpada ,reduz toda hora para primeira
Só sei dizer q o Brasil tinha q trocar de nome, tinha q ser Conto do Vigario.
Para as montadoras ainda tem muito indio aqui ,nao menosprezando os irmaos indios mas comparando com a descoberta do brasil(invasao) o mesmo carro vendido em paises desenvolvidos tem tecnoligias novas e custam menos aqui aqui so motor arcaico de baixo desempenho alto consumo e descartaveis,um caso recente é esse AE-111 vw pior lixo ja deu muito prejuizo aos compradores e os orgaos do governo de olhos fechados.
É a pura realidade
Informação totalmente errada MSI segnifica sistema de injeção da Volkswagen.
Discordo dos comentários do Jorge Nicolau, pois isso é mentira. A velocidade indicada possui a margem de erro de qualquer velocímetro, por volta de 2% a 5%. A velocidade indicada reflete a real corrigida no GPS. Falo isso pois temos frota de Renegade na empresa onde trabalho e esse comentario é totalmente irreal.
Matéria muito boa mesmo, mas existe um engano nela quanto ao modelo dos motores da linha Volkswagen que o autor não mencionou…. O modelo EA 211 é um motor 16v enquanto o modelo EA 111 é uma versão de 8v….
Isso não faz diferença
O pior caso é o da volks, que também fez o dieselgate. Enganação.
Excelente matéria. Parabéns ao Autor por “levantar publicamente essa lebre”! Então me cabe aqui perguntar: – E no Brasil não há órgão de fiscalização desse tipo de barbaridade e enganação contra os consumidores? Ora, precisamos parar de ser sermos “bobos de laboratórios” dessas montadoras desonestas! Para quê serve o INMETRO? A direção do órgão não tem peito para enfrentar as montadoras nacionais ou as importadoras? Aliás, a maioria das peças de reposição vendida no mercado pelos autopeças no país são de origem chinesa, sem qualquer qualidade (como todo produto deles). Até quando vamos continuar sendo mercado de ‘descarregação de porcarias internacionais’?!!! Oras….
Ze Roberto vc esta certo e digo mais! Tem coisas que as montadoras nao deveriam fazer tais como colocar tampas de válvulas de plástico no motor e outras peças que recebem calor extremo e deforma e também não tem ninguém pra regulamentar isso! Eu particularmente acho uma baita sacanagem!engrenagens plásticas também são peças que não poderiam ser colocadas!
Muito interessante esse tema. Acho que a mais famosa e divulgada foi a do Veloster que, de veloz nao tinha nada… ate o HB20 por ser mais leve, era mais veloz…
Minha maior surpresa foi essa da sigla MSI da VW… É impressionante as falcatruas que a VW fez e fica impune… a de velocímetro mentiroso, todo mundo conhece, mas dia após dia, fico sem entender como alguém ainda confia em comprar um carro da VW!
Após o escândalo do Diesel Gate os caras ainda tem coragem de fazer isso????? Enganar o consumidor com uma sigla MSI que não é verdadeira????
Lamentável ver uma marca que tinha um slogan “Você conhece, você confia” se tornar isso: uma marca mentirosa e que desrespeita completamente o consumidor!
Muito pertinentes os exemplos citados Alexandre, mas não precisava retroceder quase 60 anos para demonstrar um caso de velocímetro turbinado, hoje temos um exemplo atual, o Renegade Flex que tem um erro de quase 15% a mais do que a velocidade real. Nitidamente para passar a impressão de que não é tão modorrento quanto na realidade é. O pior é que esta velocidade indicada a maior também se reflete na distância percorrida, levando o usuário a fazer revisões extras ao longo da vida útil do veículo.
Essa foi boa. Quer dizer então que se eu fizer uma viagem de 500km a 100 km/h e a mesma viagem a 80 km/h o hodômetro vai girar mais rápido quando eu estiver em uma velocidade maior? Viajou legal hein fera!
Se vc tiver uma roda 15 e trocar por uma 14 vai marcar 10 km a mais no velocimetro vc sabia disso?