Direção elétrica virou ‘padrão’ por causa das normas de emissões

As normas mais exigentes de segurança e de emissões provocaram mudanças em outras partes do carro, a direção é uma delas

maos femininas ao volante shutterstock
Esse sistema deixa o volante ainda mais leve (Foto: Shutterstock)
Por Eduardo Rodrigues
Publicado em 29/12/2025 às 19h00

Nos últimos cinco anos a assistência hidráulica desapareceu rapidamente do mercado brasileiro e a direção elétrica virou padrão. Apenas a Volkswagen Saveiro, Amarok, a Toyota Hilux, a Nissan Frontier e o Mitsubishi Pajero Sport ainda usam o sistema mais antigo, já a Renault Oroch e os furgões médios da Stellantis usam o sistema eletro-hidráulico.

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Mas por que a direção elétrica virou padrão? Acredite, não foi altruísmo das montadoras buscando o maior conforto para os motoristas e sim devido às legislações de emissões e de segurança.

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Para entender melhor como isso afeta no consumo e na segurança de seu carro é preciso também explicar como funcionam as assistências na direção.

As direções hidráulica e eletro-hidráulica

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O primeiro carro com direção assistida foi o Chrysler Imperial de 1951, algo necessário com o aumento de tamanho e de peso dos veículos (Foto: Chrysler | Divulgação)

O primeiro carro equipado com direção hidráulica foi o Chrysler Imperial 1951. Nos carros sem assistência o movimento feito no volante atuava diretamente nas rodas, ficando pesado com o veículo parado e exigindo uma grande desmultiplicação para ser mais leve. Isso resulta e menor precisão e exige mais movimento caso seja necessário mudar a direção rapidamente.

Com a direção hidráulica o esforço reduziu consideravelmente e permitiu uma relação mais direta entre o volante e as rodas. Algo bastante útil nos carros norte-americanos, que estavam cada vez maiores e mais pesados após o término da Segunda Guerra Mundial.

Pra aliviar o peso é usada uma bomba hidráulica que atua quando o motorista gira o volante. Essa bomba funciona com a força do motor, ligada a ele através da correia de acessórios. O primeiro carro brasileiro com direção hidráulica foi o Ford Galaxie em 1967.

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O primeiro nacional foi o Galaxie (Foto: Ford | Divulgação)

Por isso, ela “rouba” uma pequena quantidade de potência para funcionar, assim como o ar-condicionado. Outra desvantagem é que seu fluído exige trocas periódicas e pode vazar seu houver algum problema no sistema, tirando a assistência e deixando a direção pesada.

Existe também o sistema eletro-hidráulico, que troca a ligação direta ao propulsor do veículo por um motor elétrico. Isso remove o roubo de potência, mas ainda exige o fluído.

O primeiro carro com esse sistema foi o Subaru XT6, de 1988. A Toyota usou esse sistema do MR2, com motor central, para não ter que passar o fluído da direção da traseira para a dianteira do carro.

A direção elétrica nasceu em um esportivo

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O NSX tinha assistência elétrica por ser mais leve e ocupar menos espaço (Foto: Honda | Divulgação)

A Honda projetou o seu primeiro superesportivo, o NSX, com foco no peso baixo. O carro usava um chassi todo em alumínio, braços de suspensão forjados e as bielas do motor eram em titânio. Por isso, ele veio sem direção assistida.

Mas como ele teria que ser vendido nos EUA, uma versão com câmbio automático também foi feita e ela contava com direção elétrica. Ela foi escolhida por ser mais compacta, leve e pelo fato do NSX ser um mostruário de tecnologias da Honda.

Até então essa assistência era usada apenas em empilhadeiras. Ela utiliza um motor elétrico para fazer o papel da bomba hidráulica, aliviando o peso do volante e permitindo relações ainda mais diretas.

O NSX foi lançado em 1990, com a direção elétrica vindo apenas no modelo automático até virar padrão em toda a linha em 1997. Durante os anos 90 a Nissan e a Subaru também passaram a usar o sistema em carros esportivo ou em sedãs de luxo.

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No Brasil essa modernidade veio com o Stilo, hoje está em praticamente todos os carros feitos no país (Foto: Fiat | Divulgação)

A direção elétrica foi popularizada pela Fiat, quando começou a usar no Punto de segunda geração. No Brasil ela chegou em outro carro da marca italiana, o Stilo, que contava com o botão “city” para deixá-la ainda mais leve em baixas velocidades.

Nos anos seguintes a direção elétrica apareceu nos compactos Honda Fit e Citroën C3. Por aqui, até os carros médios demoraram a usar esse sistema, foi na segunda metade dos anos 2010 que ela começou a virar algo mais comum.

A assistência elétrica permite deixar a direção ainda mais leve que a hidráulica em manobras e o gerenciamento computadorizado vai dosando o nível conforme a velocidade sobe. Além disso, ela ocupa menos espaço e não possui ligação direta ao propulsor, sem contar que não exige um fluído ou manutenção periódica.

Como a legislação tornou a direção elétrica “obrigatória”

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A Chevrolet trouxe esse sistema junto de outras melhorias para sua linha em 2017, na Spin a redução de consumo chegou em 30% (Foto: Chevrolet | Divulgação)

As normas de emissões cada vez mais exigentes obrigaram as montadoras a fazer um trabalho de reduzir as perdas parasitas dos motores. Segundo a BMW, o uso da direção elétrica pode reduzir o consumo de combustível em até 3%.

A Chevrolet trocou a direção hidráulica pela elétrica em sua linha nacional em 2017 junto de várias outras melhorias, como altura de rodagem menor, câmbio de seis marchas e redução de atrito no motor para deixar os carros mais eficiente. Na minivan Spin os ganhos em economia chegaram em 30%.

A direção elétrica também trabalha em conjunto com os sistema ativos de segurança. Ela pode mover o volante se necessário, o que faz parte dos sistemas de manutenção em faixa do pacote ADAS.

O Brasil ainda não exige esses assistentes, mas na Europa e nos EUA eles já são obrigatórios. Já ter a direção elétrica ajuda na implementação dos assistentes ativos de segurança, na Nissan Frontier, por exemplo, só há o aviso de saída de faixa sem a correção.

Para o consumidor veio a vantagem de ter um carro mais fácil de manobrar e também a redução da manutenção. Nesse ponto a legislação acabou ajudando.

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