Douglas Mendonça 5.0: os melhores carros nacionais dos anos 1980
Em 50 anos de carreira, Douglas Mendonça avaliou mais de 1.000 automóveis e selecionou os destaques dos anos 1980
Em 50 anos de carreira, Douglas Mendonça avaliou mais de 1.000 automóveis e selecionou os destaques dos anos 1980
Em minha carreira no mundo da imprensa e dos carros, creio que já avaliei mais de 1.300 modelos diferentes ao longo de cinco décadas. Muita coisa, tanto de testes quanto de tempo, de diversos tipos de carroceria, tamanhos, motorizações, e em vários países mundo afora. Desses, alguns totalmente insossos, mas outros inesquecíveis, tamanha a vibração e o prazer que me proporcionaram. O ronco de um motor, as reações de volante e sistema de freios, as respostas ao comando do acelerador, uma transmissão bem escalonada, ou até mesmo conforto, silêncio, espaço interno e modularidade, tudo conta.
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Para facilitar essa lista, de quais foram os mais legais, utilizei os seguintes critérios: separados por décadas (1970, 1980, 1990, 2000 e 2010), escolhi o carro mais legal e marcante daquele período, seu coadjuvante (aquele que chegou perto de ser o melhor), além daquele que trazia um conceito moderno ou inovador para sua época. Primeiro, os nacionais, e depois os importados, a partir dos anos 1990. São três carros bacanas de cada década, daqueles que deixaram saudades.
Os anos 1980 foram decisivos para a nossa indústria automotiva: surgiram nessa época carros memoráveis, como VW Gol, Fiat Uno, Ford Escort, Chevrolet Monza, e motores pra lá de tradicionais no nosso país, como os VW AP ou os GM Família I e Família II. Os esportivos despontaram como nunca, tendo presenças ilustres como Escort XR3, Kadett GS, Gol GTS/GTI e Uno 1.5R, enquanto a eletrônica surgia para comandar os sistemas de alimentação, ignição e segurança dos carros mais refinados. Entre 1980 e 1989, tivemos nosso primeiro carro com injeção eletrônica, o primeiro a trazer computador de bordo, o primeiro com painel de instrumentos digital, enquanto se popularizavam vidros e travas elétricas, direção assistida, câmbio de cinco marchas e muito mais.
Escolhi o VW Gol GTI, de 1988, como campeão do meu ranking por um nobre motivo: além de esportivo, divertido de guiar e apurado nas calibrações, ele foi o primeiro carro nacional equipado com injeção eletrônica de combustível, a Bosch LE Jetronic. Ela estava inclusa no excelente motor 2.0 AP, que oferecia um também atual sistema de ignição eletrônica para cuidar do ponto de ignição de acordo com a detonação. Uma tecnologia espantosa para nós, brasileiros, no fim da década de 1980, época em que tínhamos uma péssima gasolina nos postos.
O GTI até hoje me encanta pela vivacidade ao comando do acelerador, graças a alta taxa de compressão, fazendo dele uma flecha nas acelerações: na pista, consegui 0 a 100 km/h em 8,75 segundos. Puro prazer de dirigir, que atualmente se prova também um carro muito colecionável: os GTI de primeira safra, entre 1988 e 1990, chegam a ser vendidos por mais de R$200 mil nos dias de hoje.
Outro carro lendário para os anos 1980 foi o Chevrolet Monza, e não por menos ele é meu coadjuvante. O sedã médio, primeiro com motor GM Família I e Família II (em linha até hoje), foi o carro mais vendido do mercado brasileiro por três anos consecutivos (1984, 1985 e 1986), deixando para trás hatches e outros pequenos, como VW Gol ou Fiat Uno. Em meados dos anos 1980, todo mundo sonhava em ser dono de um Monza, que primeiro teve motor 1.6 e depois se popularizou com os 1.8 e 2.0. Confortável, com bom desempenho e dinâmica impecável, típica de um projeto alemão (Opel), o Monza até hoje é encontrado com frequência nas ruas, ainda como escolha de sedã macio, espaçoso e bom de guiar.
O sedã da Chevrolet sempre vendeu bem, especialmente nas versões intermediárias, que ofereciam melhor custo-benefício. Foi um daqueles carros que teve produção por vários anos (14, para ser exato) e, de tão bacana, nunca chegou a trocar de geração, passando apenas por reformulações sutis ou profundas. E, até o momento que saiu de linha, ainda era sonho de consumo!
Nesta década, outro Fiat como “carro conceito”: o Uno, sucessor do 147 que chegou em 1984. Quadradinho e com visual simpático, logo ganhou o apelido carinhoso de “Botinha Ortopédica” pelo seu desenho de carroceria. O carro, pioneiro em algumas soluções automotivas no mercado brasileiro, inovava com o conceito parecido com o do 147, mas superava o antecessor com mais espaço para a cabeça, janelas e parabrisa ainda maiores e espaço interno ampliado, aumentando a folga para os seus ocupantes. De início, era 1050 ou 1300, mas chegou a ter até motor 1.6 com injeção eletrônica em versões esportivas. Básico ou completo, o Uninho cativava mesmo pelo projeto bem pensado.
Dentre as soluções, tinha estepe no compartimento do motor para liberar espaço no porta-malas, e trazia os comandos triviais (setas, faróis, limpadores etc) em alavancas próximas das mãos do motorista. O Uninho exalava modernidade e praticidade, tanto que ficou em produção por quase trinta anos ininterruptos! E, para quem não lembra, ele só saiu de linha porque novas leis nacionais exigiam airbag duplo frontal e freios ABS em carros 0 km, e os custos para adaptação desses itens no projeto veterano eram altíssimos. Mesmo em 2013, quando “morreu”, ele ainda vendia muito bem, provando seu sucesso.
Na próxima semana, não perca os melhores dos anos 90, década que os carros nacionais saltaram de qualidade para brigar com os importados!
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Época muito boa. Trabalhava em um lava-jato, lavador e ficava bem no centro da cidade onde morava os “poderosos” e era rotina chegar pra lavar, Gol GTI, Passa..D20 praticamente zero. E como foi dito, o ronco a marcha lenta do GTI, é melodia para os ouvidos.