Douglas Mendonça 5.0 e os melhores carros nacionais dos anos 1990
Douglas Mendonça relembra quais foram os carros nacionais mais marcantes dos anos 1990, que precisaram evoluir para acompanhar os importados
Douglas Mendonça relembra quais foram os carros nacionais mais marcantes dos anos 1990, que precisaram evoluir para acompanhar os importados
Em minha carreira no mundo da imprensa e dos carros, creio que já avaliei mais de 1.300 modelos diferentes ao longo de cinco décadas. Muita coisa, tanto de testes quanto de tempo, de diversos tipos de carroceria, tamanhos, motorizações, e em vários países mundo afora. Desses, alguns totalmente insossos, mas outros inesquecíveis, tamanha a vibração e o prazer que me proporcionaram. O ronco de um motor, as reações de volante e sistema de freios, as respostas ao comando do acelerador, uma transmissão bem escalonada, ou até mesmo conforto, silêncio, espaço interno e modularidade, tudo conta.
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Para facilitar essa lista, de quais foram os mais legais, utilizei os seguintes critérios: separados por décadas (1970, 1980, 1990, 2000 e 2010), escolhi o carro mais legal e marcante daquele período, seu coadjuvante (aquele que chegou perto de ser o melhor), além daquele que trazia um conceito moderno ou inovador para sua época. Primeiro, os nacionais, e depois os importados, a partir dos anos 90. São três carros bacanas de cada década, daqueles que deixaram saudades.
Os anos 1990 foram a época de revolução para os hatches, especialmente populares e, claro, momento de abertura das importações de veículos estrangeiros. Com isso, além dos modelos nacionais “subirem a régua” quanto a qualidade construtiva, itens modernos de série, nível de segurança e por aí vai, tivemos um belo avanço nas tecnologias a bordo dos carros fabricados aqui no Brasil.
Foram várias: em 1991 tivemos o primeiro com freios ABS, em 1993 o primeiro com quatro válvulas por cilindro, em 1994 o primeiro de produção em série com motor turbo, em 1996 o primeiro com opção de airbag para o motorista, em 1998 o primeiro com ESP, sem contar a popularização de transmissão automática, toca CD, direção assistida e muitas outras funcionalidades.
Como grande destaque da década, coloco o VW Gol GTI 16v, configuração que chegou na linha 1996 do esportivo compacto, e que até hoje me dá saudades. Ele já era da nova fase do Gol, chamada de “bolinha”, e tinha como cerejas do bolo motor e câmbio alemães (Audi). Para o 2.0 16v ser adaptado ao Golzinho, aliás, a Volks teve que fazer uma adaptação visual no carro: um pequeno scoup no capô, como uma espécie de calombo.
Essa protuberância dos GTI bolinha só existia para a melhor acomodação do moderno cabeçote de duplo comando e quatro válvulas por cilindro no cofre. Ele era também o VW nacional mais potente da história da marca, com 140 cv, fazendo a alegria de quem curtia acelerar, fazer curvas rápidas e frear com competência, três méritos do Golzinho esportivo.
Ainda seguindo na toada dos esportivos, como coadjuvante coloquei o sedan Chevrolet Vectra GSI, que, por coincidência, também tinha powertrain alemão. Era um carro bonito, classudo e esportivo, e seus 150 cv de potência com torque abundante o faziam demorar apenas 8,5 segundos para ir de 0 a 100 km/h, segundo a marca. Sem contar que integrava o “Clube dos 200”, com máxima declarada de 210 km/h. Faltava, apenas, um certo apelo esportivo no seu interior, que focava mais no requinte do que na performance.
E a grande qualidade do Vectra sobre o Gol, falando dos dois esportivos, era o fato de ele ter muito mais espaço e o conforto de um sedan médio com quatro portas. Assim, claro, garantia comodidade a todos os passageiros enquanto não deixava de lado o enorme prazer de dirigir e a tocada esportiva. Belo esportivo.
Melhor conceito? Sem dúvidas, o Mercedes-Benz Classe A, de 1999. Apesar de chegar só no finalzinho da década e ser um fracasso de produção nacional e de vendas, o “Mercedinho” brasileiro tinha qualidades dignas de um bom produto europeu (e moderno, já que tinha sido lançado lá alguns meses antes): seu assoalho era vincado, melhorando a absorção de impactos frontais e laterais; eram de série os controles eletrônicos de estabilidade e tração (item que muito carro até 2024 não traz); havia opção da transmissão com embreagem automática; sem contar o vasto espaço interno e modularidade. Ele chegou primeiro com o tímido motor 1.6, mas depois ganhou um interessante 1.9, todos com conforto e a curiosa posição de guiar elevada e ereta.
Pena que ele durou pouco, até meados dos anos 2000, e a Mercedes-Benz amargurou prejuízos com sua fábrica em Juiz de Fora (MG). A fábrica era muito ociosa: podia fazer até 100 mil carros por ano, mas não mais que 7 ou 10 mil Classe A saíam de lá anualmente. Falando de espaço, segurança, tecnologias, design e construção, não tínhamos nenhum hatch nacional à sua altura, só que o consumidor brasileiro nunca se adaptou a ideia de ter um Mercedes mais “popular”. Hoje restam pouquíssimos deles na ativa, geralmente sobreviventes. Pena!
Na próxima semana, não perca os melhores nacionais dos anos 2000!
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Douglas e o Kadett gsi Xr3 gti que vc testou na QR sem falar no ômega
A matéria estava indo tão bem, mas assim que colocou o Mercedes classe A foi de ladeira abaixo. Pelo amor de Deus!!!!! Mencionar Mercedez classe A e deixar de fora Chevrolet Ômega, Kadett GSI, Ford Escort XR3, Fiat Tempra; só pode ser justificado por quem perdeu uns 9 anos de vivência dos 90.
A matéria estava indo tão bem, mas assim que colocou o Mercedes classe A foi de ladeira abaixo.
Pelo amor de Deus!!!!! Mencionar Mercedez classe A e deixar de fora Chevrolet Ômega, Kadett GSI, Ford Escort XR3, Fiat Tempra; só pode se justificado por quem perdeu uns 9 anos de vivência dos anos 90.
Absurdamente absurdo!