Douglas Mendonça 5.0 e os melhores carros importados dos anos 1990
Douglas Mendonça relembra dos carros importados mais legais que ele testou nos anos 1990, década em que o mercado se abriu para importações novamente
Douglas Mendonça relembra dos carros importados mais legais que ele testou nos anos 1990, década em que o mercado se abriu para importações novamente
Foram mais de 1.300 carros diferentes avaliados em minha carreira como jornalista automotivo ao longo de cinco décadas. Muita coisa, incluindo um monte de tipos de carroceria, diferentes portes e dimensões, movido por inúmeras motorizações (gasolina, etanol, diesel, a gás, GNV, eletricidade), pelos quatro cantos do mundo. Claro, tiveram carros totalmente insossos, mas outros foram inesquecíveis, tamanho o acerto mecânico ou as suas qualidades.
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O som de um motor (ou a falta dele), respostas ao comando do volante e pedal de freio, reações do acelerador, a rapidez ou bom casamento entre motor e transmissão, ou até mesmo o quão confortável, silencioso, seguro, espaçoso, ou modular um modelo é, tudo conta. Um carro bom não é necessariamente rápido, enquanto outro divertido pode ser mais lento do que se imagina. Há qualidades e qualidades.
Para facilitar essa lista com os importados, os separei por décadas (1990, 2000 e 2010), escolhi o carro mais legal e marcante daquele período, seu coadjuvante (aquele que chegou perto de ser o melhor), além do modelo com um conceito moderno ou inovador. Vamos lá:
Depois de o então presidente Collor chamar os carros nacionais de “carroças”, ele liberou a importação de veículos estrangeiros para o Brasil. E vieram muitos deles, de diversas marcas, já que os impostos iniciais eram baixos. Por isso, os anos 1990 ficaram marcados pelo salto de evolução no cenário automotivo brasileiro: muita tecnologia, inovação e modernidade chegou por aqui na época, dando um belo empurrão na indústria nacional. Sem dúvidas, um período de muito enriquecimento daquele pobre e restrito mercado brasileiro, que se enchia de Audi’s, Alfa’s, BMW’s, Mercedes, Porsche’s e outros carrões que só víamos em fotos ou nos filmes de Hollywood.
Essa década deu trabalho na escolha dos melhores: foram muitas novidades bacanas desembarcando no país, e eu, como repórter da Quatro Rodas na época (então maior publicação nacional do setor), dirigi muita coisa legal. Porém, no final, quem ficou como meu predileto foi o Honda Civic VTI, hatch endiabrado com seus 160 cv de potência extraída de um pequeno motor 1.6 aspirado.
Uau! A fera, lançada por aqui em 1993, além do motor que girava a 7.600 rpm em sua potência máxima, cortava lá pra perto dos 8.400 rpm, fazendo inveja a muito motor de corrida. Virava que era uma beleza, parecendo moto esportiva.
O Civic da época tinha um design que eu considerava meio estranho, mas era um bom carro, com uma eficaz suspensão independente nas quatro rodas e desempenho que deixava para trás carros de cilindrada bem maior (inclusive seis-em-linha, V6 e até alguns V8). A “sacada” daquele 1.6 estava no comando variável desenvolvido pela Honda na F1, o famoso VTEC. Para não dizer que aquele Hondinha era 100% perfeito, ele ficava devendo um sistema de freios à altura da sua performance: aqueles de fábrica eram fracos demais. Um Civic nervoso, que inclusive ganhou espaço na minha garagem nos anos 2000.
O Alfa Romeo 164, que aportou aqui em 1991, foi outro que me conquistou, tanto que mereceu ser coadjuvante. Foi um dos, senão o primeiro, importado que guiei, fazendo valer aquela expressão que diz que a primeira impressão é a que fica. Que carrão! Não estávamos acostumados, até então, com um sedan tão cheio de recursos e com a classe de poucos.
Sem contar que o 164 tinha no cofre o motor V6 3.0 de 192 cv que, para impressionar ainda mais, dispunha de coletores de admissão cromados, que literalmente brilhavam quando se abria o capô. Era rápido, espaçoso, com suspensão independente nas quatro rodas e muita pompa, tirando que custava absurdos US$130 mil no começo dos anos 90.
Pela primeira vez na série, decidi escolher não um, mas dois conceitos legais. Uma verdadeira paixão que tenho até hoje é o Renault Twingo: um pequeno carrinho alegre e repleto de soluções interessantes, tudo isso numa carroceria menor que a do Kwid. Cabiam nele quatro passageiros com conforto graças ao banco traseiro que corria sobre trilhos, e a generosa área envidraçada se refletia em um interior claro e amplo, com as marcantes cores destacadas nos bancos, painel e laterais de portas.
Seu parabrisas inclinado melhorava o campo de visão do motorista e o charmoso painel de instrumentos digital central democratizava as informações para todos os ocupantes. Na estreia, era ainda bem econômico com seu motor 1.2 de 55 cv, parente do CHT dos Ford. Para mim, até hoje no Brasil não existiu outro carro igual.
Mas, em matéria de conceito, outro inesquecível foi o Toyota Prius, que fui conhecer no Japão em 1997. O Prius é conhecido como o primeiro híbrido da história, me deixando boquiaberto com o fato dele ter dois motores funcionando juntos, um elétrico e outro a gasolina. Parecia bruxaria!
Dirigi o Prius na pista de testes da Toyota, bem próxima do Monte Fuji, e ficava acompanhando seu complexo funcionamento por aquela telinha central digital. Hoje em dia basta uma voltinha pela rua para encontrar um carro híbrido bem mais moderno e eficiente que aquele Toyota de 1997, mas, 27 anos atrás, era tão revolucionário que muitos duvidavam do sucesso da tecnologia. E deu certo…como deu certo!
Na próxima semana, não perca os “finalistas” de 2000 e 2010!
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