A dura verdade sobre carro popular escancarada em programa do governo
Modelos de entrada despencam no ranking de vendas enquanto subsídio para vendas de veículos até R$ 120 mil vale apenas para pessoas físicas
Modelos de entrada despencam no ranking de vendas enquanto subsídio para vendas de veículos até R$ 120 mil vale apenas para pessoas físicas
O programa de incentivos do governo à aquisição de automóveis de até R$ 120 mil, além de utilitários como vans, ônibus e caminhões, escancarou uma dura realidade sobre os chamados carros populares no Brasil. Ela está implícita (nem tanto assim) na lista de modelos mais emplacados da primeira quinzena de junho.
Isso porque as duas primeiras semanas de vigência da ação, que efetivamente começou em 5 de junho, serão dedicadas apenas às vendas para pessoas físicas. As chamadas vendas diretas só se tornarão beneficiárias dos incentivos após 15 dias, ou seja, depois do dia 20 deste mês.
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E o que temos visto nas parciais de vendas? Uma enxurrada de SUVs e picapes acima de R$ 100 mil constando entre os veículos leves mais comercializados no país.
As exceções são a Fiat Strada, que continua líder de mercado, com 3.671 unidades emplacadas na primeira quinzena, o VW Polo (terceiro colocado, com 2.353 exemplares) e os Chevrolet Onix e Onix Plus (sétimo, com 1.895), embora nenhum deles possa ser considerado tão popular assim, e todos (tirando a Strada) também estejam com ranking e média de vendas em queda.
Fora isso, temos um top-15 formado por modelos como VW T-Cross, Chevrolet Tracker, Honda HR-V, Hyundai Creta, Fiat Toro, Toyota Hilux, Toyota Corolla Cross, Toyota Corolla, Chevrolet Montana e Jeep Compass. Todos na casa dos seis dígitos. Muitos acima de R$ 120 mil. Alguns passando de R$ 200 mil.
E os nossos bravos carros populares? Bem… O Fiat Mobi por enquanto é apenas o 27º modelo mais vendido em junho, enquanto o Renault Kwid é 40º e o Citroën C3, 45º. Mesmo compactos um pouco mais requintados, como Chevrolet Onix, Hyundai HB20 (19º) e Fiat Argo (23º), estão bem abaixo de suas médias históricas.
O que isso nos diz? Que o consumidor brasileiro, ou pelo menos uma parcela importante dele, não quer mais carro popular tão simples. Aquele sonho do primeiro carro zero a qualquer custo, mesmo que sem nenhum item de conforto, se tornou uma espécie de distopia, uma ressaca do que vivemos nos anos 1990 e 2000.
Hoje, se for para gastar o suado dinheiro em um automóvel, o consumidor preferirá que seja um seminovo mais completo e confortável do que um 0 km sem retrovisores elétricos ou uma central multimídia bacana.
Então já pode anotar: os emplacamentos dos ditos carros populares só vão aumentar, efetivamente, depois do dia 20, quando as vendas diretas com os incentivos forem liberadas e os frotistas, incluindo locadoras, poderão enfim usufruir dos benefícios fiscais para comprar esses produtos de entrada a preços mais atrativos.
Ou seja, o carro popular brasileiro só continua a ser popular, em boa medida, numa espécie de conotação pejorativa do termo.
Afinal, se seu apelo não é popular (pelo menos não como zero-quilômetro. No mercado de seminovos e usados a história é outra, mas essa análise fica para uma próxima oportunidade…) e seu preço também não, o que resta a eles de “popular”? Talvez só a nostalgia de um tempo que já passou…
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O carro sedan de entrada da Fiat, o Cronus 1.0 manual aspirado acabou nos primeiros dias do incentivo do governo. Aliás, todos os carros de entrada da Fiat acabaram.