Peraí! Etanol substituindo o diesel?

Indústria de pesados quer aproveitar o potencial do etanol e já tem estudos que pretendem trocar o diesel pelo combustível verde

caminhao transporta carga perigosa shutterstock
Fabricante de motores diesel já apresentou seu motor de 330 cv abastecido etanol (Foto: Shutterstock)
Por Boris Feldman
Publicado em 23/11/2024 às 09h00

Se a ideia é descarbonizar, qualquer tentativa é válida. E no Brasil, a troca do combustível fóssil pelo biocombustível, seja etanol ou biodiesel, é sopa  no mel. Pois no Brasil, “em se plantando, dá”…

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E tome “Combustível do Futuro” no G20, para expor ao mundo a ideia de elevar tanto quanto possível a participação dos biocombustíveis na nossa matriz energética. Nada contra, pelo contrário: atitude louvável do governo em reduzir o volume de petróleo necessário para movimentar o país. E o mundo encantado com a responsabilidade do Brasil em descarbonizar o planeta no setor da mobilidade.

O desencanto fica, por enquanto, por conta de quem paga a conta: todos os motoristas de veículos a gasolina ou diesel. Os primeiros vão pagar mais caro pelo km rodado pois o valor energético do álcool é inferior ao da gasolina. Ônibus e caminhões vão sofrer com a manutenção de seus motores diesel, pois ainda é problemático aumentar o percentual do biodiesel. Mas o governo toca seu plano a todo vapor sem consultar nem se importar com o consumidor, representado pela CNT (Confederação Nacional dos Transportes) com seus 200 mil associados apavorados com a perspectiva de se aumentar ainda mais o biodiesel.

Mas, por outro lado, existe uma pesquisa bem fundamentada para se ampliar o uso do etanol nos motores. Temos o flex há mais de vinte anos, mas não é solução definitiva pois os donos destes carros abastecem preferencialmente (70%) com gasolina. E também a gasolina que recebe percentuais cada vez maiores de etanol, hoje em 27%, mas que vai subir para 35%.

Verde simultâneo com o fóssil

Várias outras pesquisas seguem sendo desenvolvidas para a utilização do etanol e as mais notáveis (e pouco divulgadas) objetivam substituir o diesel – totalmente ou em parte – por ele.

Um dos projetos em andamento objetiva criar um motor bi-fuel, ou seja, funcionando com diesel simultaneamente com o etanol. Ele é originalmente à compressão mas teria um segundo bico injetor para o etanol. A ideia inicial seria sua utilização em grandes motores de locomotivas, de mineração, geradores de energia elétrica e outros de carga razoavelmente constante onde o percentual de etanol na mistura poderia atingir 70%. Mas já foi aplicado também experimentalmente em caminhões com capacidade de 24 toneladas no setor canavieiro com substituição variável do diesel pelo etanol, de 30 a 70%. Neste caso o percentual de etanol varia em função da carga e rotação, determinado pelo sensor de knocking. Não é flex, é bi-combustivel e exigiria dois tanques no veículo.

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Sistema que utiliza etanol e diesel simultaneamente demandaria tanques distintos para cada combustível

O transporte marítimo tem uma frota de cerca de cem mil navios e é responsável por cerca de 3% das emissões globais das emissões de efeito estufa.  Solução que vem ganhando espaço nos mares é o metanol, que permitiria sem dificuldades maiores uma participação também do etanol.

Etanol em substituição ao diesel

No Brasil, a fábrica de motores Cummins desenvolve uma nova solução para o etanol e exibiu na Fenatran (neste mês de novembro) o conceito de um motor movido somente com este álcool como alternativa energética para o transporte rodoviário. Foi criado nos EUA para gasolina e completamente reprojetado aqui para o etanol E80. Turbinado, com duplo comando de válvulas, sistema de injeção direta common-rail a 350 bar, taxa de compressão de 14:1, rotação máxima de 3.250 rpm. Potência de 330 cv a 2.800 rpm e torque de 91 kgfm a 1.800 rpm.

Ela desenvolve também motores que podem ser adaptados para receber diesel, hidrogênio ou gás natural. Uma das empresas à frente deste projeto é a Vale, que pretende equipar caminhões e locomotivas com estes trens de força abastecidos com biocombustíveis.

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5 Comentários
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Gustavo 24 de novembro de 2024

Se realmente estivessem preocupados com a poluição global, deveriam nestas reuniões de G20 mandar esses países que vem enfiar carro elétrico goela abaixo, poluirem menos em seu país. A China é o maior poluidor industrial do mundo do e vem aqui se abraçar com este nosso governo corrupto se dizendo se bonzinhos. Vão enganar quem? E ao invés de gastarem milhões nestes encontros que é tirado dos nossos bolsos, deveriam usar isto para dar alimento a esses que eles dizem defender. Ideologia barata destes comunistas.

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Marcos 24 de novembro de 2024

Já existiu muito caminhão a álcool na década de 80, eu vi muitos, principalmente Chevrolet…
Consumia 3 a 4 vezes mais álcool para entregar uma capacidade de tração de carga semelhante ao álcool. Tem tudo pra dar certo, basta ter custo de abastecimento e rendimento igual ao diesel.

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Santiago 24 de novembro de 2024

Excelente tecnologia, que pode zerar emissões melhor e mais honestamente do que os elétricos à bateria.
No entanto é importante ter em conta que::
Ao contrário do poluente petróleo que basta ser extraido de jazidas já existentes, os biocombustiveis precisam ser produzidos a partir de imensas áreas agricultáveis.
E por isso mesmo os biocombustíveis devem ser empregados com muita racionalidade, tirando-se o melhor rendimento possível de cada litro produzido.
E aí volto a defender que estes novos e bem vindos motores sejam desenvolvidos em conjunto com TECNOLOGIAS HIBRIDAS, aonde o motor rende muito mais gerando eletricidade pata a tração, e não tracionando diretamente o veículo.
Já tivemos ônibus a etanol aqui em São Paulo, porém não passou no teste e foi descontinuado. Exatamente porque, sendo um veiculo pesado diretamente tracionado pelo motor a combustão, tinha um consumo impraticável do biocombustivel.

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Neydson 24 de novembro de 2024

Se realmente importassem com o meio ambiente era so proibir a fabricação de carros flex ou a gasolina e também zerar e também subsidiar o preço acessível para o Etanol mais todo mundo já sabe o meio ambiente e só a desculpa da moda usada para esconder as reais intenções de arrecadação!

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Manoel Maxwell Marmom 24 de novembro de 2024

É isso aí mesmo. Tudo paliativo!!

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