Peraí! Etanol substituindo o diesel?
Indústria de pesados quer aproveitar o potencial do etanol e já tem estudos que pretendem trocar o diesel pelo combustível verde
Indústria de pesados quer aproveitar o potencial do etanol e já tem estudos que pretendem trocar o diesel pelo combustível verde
Se a ideia é descarbonizar, qualquer tentativa é válida. E no Brasil, a troca do combustível fóssil pelo biocombustível, seja etanol ou biodiesel, é sopa no mel. Pois no Brasil, “em se plantando, dá”…
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E tome “Combustível do Futuro” no G20, para expor ao mundo a ideia de elevar tanto quanto possível a participação dos biocombustíveis na nossa matriz energética. Nada contra, pelo contrário: atitude louvável do governo em reduzir o volume de petróleo necessário para movimentar o país. E o mundo encantado com a responsabilidade do Brasil em descarbonizar o planeta no setor da mobilidade.
O desencanto fica, por enquanto, por conta de quem paga a conta: todos os motoristas de veículos a gasolina ou diesel. Os primeiros vão pagar mais caro pelo km rodado pois o valor energético do álcool é inferior ao da gasolina. Ônibus e caminhões vão sofrer com a manutenção de seus motores diesel, pois ainda é problemático aumentar o percentual do biodiesel. Mas o governo toca seu plano a todo vapor sem consultar nem se importar com o consumidor, representado pela CNT (Confederação Nacional dos Transportes) com seus 200 mil associados apavorados com a perspectiva de se aumentar ainda mais o biodiesel.
Mas, por outro lado, existe uma pesquisa bem fundamentada para se ampliar o uso do etanol nos motores. Temos o flex há mais de vinte anos, mas não é solução definitiva pois os donos destes carros abastecem preferencialmente (70%) com gasolina. E também a gasolina que recebe percentuais cada vez maiores de etanol, hoje em 27%, mas que vai subir para 35%.
Várias outras pesquisas seguem sendo desenvolvidas para a utilização do etanol e as mais notáveis (e pouco divulgadas) objetivam substituir o diesel – totalmente ou em parte – por ele.
Um dos projetos em andamento objetiva criar um motor bi-fuel, ou seja, funcionando com diesel simultaneamente com o etanol. Ele é originalmente à compressão mas teria um segundo bico injetor para o etanol. A ideia inicial seria sua utilização em grandes motores de locomotivas, de mineração, geradores de energia elétrica e outros de carga razoavelmente constante onde o percentual de etanol na mistura poderia atingir 70%. Mas já foi aplicado também experimentalmente em caminhões com capacidade de 24 toneladas no setor canavieiro com substituição variável do diesel pelo etanol, de 30 a 70%. Neste caso o percentual de etanol varia em função da carga e rotação, determinado pelo sensor de knocking. Não é flex, é bi-combustivel e exigiria dois tanques no veículo.
O transporte marítimo tem uma frota de cerca de cem mil navios e é responsável por cerca de 3% das emissões globais das emissões de efeito estufa. Solução que vem ganhando espaço nos mares é o metanol, que permitiria sem dificuldades maiores uma participação também do etanol.
No Brasil, a fábrica de motores Cummins desenvolve uma nova solução para o etanol e exibiu na Fenatran (neste mês de novembro) o conceito de um motor movido somente com este álcool como alternativa energética para o transporte rodoviário. Foi criado nos EUA para gasolina e completamente reprojetado aqui para o etanol E80. Turbinado, com duplo comando de válvulas, sistema de injeção direta common-rail a 350 bar, taxa de compressão de 14:1, rotação máxima de 3.250 rpm. Potência de 330 cv a 2.800 rpm e torque de 91 kgfm a 1.800 rpm.
Ela desenvolve também motores que podem ser adaptados para receber diesel, hidrogênio ou gás natural. Uma das empresas à frente deste projeto é a Vale, que pretende equipar caminhões e locomotivas com estes trens de força abastecidos com biocombustíveis.
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