Fiat Mobi Way: fantasia não esconde defeitos
Versão aventureira do Fiat Mobi tem várias falhas, preço elevado e motor fraco; mas apresenta bom ajuste de suspensão
Versão aventureira do Fiat Mobi tem várias falhas, preço elevado e motor fraco; mas apresenta bom ajuste de suspensão
O Mobi, segundo crença dos executivos da Fiat, será escolhido pelos compradores por causa do apelo emocional. Também pudera. Com espaço interno minúsculo, motor defasado e valor extremamente salgado para o que oferece, o modelo só pode ser comprado por quem, realmente, quer viver muitas emoções. Durante breve avaliação da versão pseudoaventureira do urbanoide – o Moby Way – foi possível perceber alguns predicados (chegaremos lá, leitor), mas é inegável que o Fiat Mobi Way sofre com problemas inconcebíveis para um produto que anseia tornar-se best-seller.
O primeiro dos pecados do Mobi Way, da Fiat, é negado com veemência pelos executivos da marca. Partindo de módicos R$31.900 (pelado, pelado, nu com a mão no bolso), o subcompacto pode chegar aos R$45.050 – caso o consumidor opte pela pintura metalizada, que custa R$ 1.250. Contudo, o preço nada camarada é o calcanhar de Aquiles do modelo.
A reportagem do AutoPapo teve dificuldade de encontrar uma posição de dirigir confortável. A disposição do volante e dos pedais é esquisita e é preciso fazer vários ajustes até achar uma maneira de tornar o seu passeio menos desagradável. O interior do Fiat Moby Way, apesar de bonito, peca em termos de acabamento com algumas rebarbas e plástico tão rígido que até mesmo um estivador machucaria suas mãos ao toque.
Outro grande problema do Mobi Way é o espaço. Apelidado justamente de “Mini-Uno”, o subcompacto da Fiat não é um veículo adequado para famílias. A distância entre-eixos idêntica à do 500 (2,3 m) faz do habitáculo uma lata e dos ocupantes, sardinhas. Mesmo com apenas altura de 1,69 m e ajustando o assento dianteiro, o repórter ficou prensado entre os encostos.
Existem cintos de três pontos (e um central de dois) para uma trinca de ocupantes na traseira, mas vale ressaltar que não há apoio de cabeça para o passageiro do meio no Fiat Mobi Way.
Contudo, nada é tão pecaminoso quanto o trem de força do Mobi. Equipado com o datado e ruidoso motor Fire EVO 1.0 (73 cv/75 cv e 9,5 kgfm/9,9 kgfm de torque, com gasolina/etanol) e com transmissão manual de cinco velocidades de engates imprecisos, o Fiat Mobi Way até se sai razoavelmente bem em seu habitat natural.
No entanto, quando exigido (em ciclo rodoviário ou em aclives), o conjunto demonstra todo seu descaso e o propulsor dá o ar da graça, rabugento como um que só e fraco como um jovem que necessita de muito Biotônico Fontoura. Sorte que o nível de ruídos externos no habitáculo é quase nulo – o isolamento acústico foi notadamente bem trabalhado pela Fiat no Mobi Way. Ponto positivo.
Todavia, não fique empolgado, pois são poucos os predicados do Mobi. A pseudoaventureira Way, testada pela reportagem, ganhou plumas e paetês que deixaram o carango mais invocadinho. A configuração se difere das versões Easy e Like graças ao rack no teto, às molduras nos para-lamas e apliques nos para-choques.
Nota máxima, porém, vai para a suspensão do Fiat Mobi Way. A fabricante italiana sabe acertar seus modelos para quaisquer tipos de solo. Os amortecedores do Mobi Way têm maior curso, o veículo conta com barra estabilizadora na dianteira e está 15 mm mais alto com relação ao solo que as opções Easy e Like.
No teste, em estrada de terra, o Fiat Mobi Way absorveu muito bem as imperfeições do solo – o que é ótimo para quem enfrenta diariamente as vias esburacadas das nossas cidades. Em suma: a versão Way do Mobi, de fato, é superior. Custa caro? Sim. A compra é interessante? Até vale, mas conheça bem a concorrência, entre eles o irmão maior; o Uno e o VW Up.
A versão Way do Fiat Mobi (a partir de R$ 39.300) conta com direção hidráulica, ar-condicionado, vidros dianteiros elétricos e travas elétricas, predisposição de rádio, computador de bordo, chave telecomando, limpador e desembaçador traseiro, cintos de segurança dianteiros ajustáveis em altura, maçanetas e retrovisores externos pintados na cor da carroceria, grade dianteira pintada em preto brilhante, comandos internos para abertura do bocal de combustível e do porta-malas, revestimento do porta-malas e Cargo Box.
O Mobi Way ainda conta com barras longitudinais de teto, para-choques exclusivos, molduras nas caixas das rodas 14’’ e suspensão elevada. Como opcionais, dois sistemas de som, rádio B7 e Live On — acompanhados de alarme e comandos no volante.
O Mobi Way On (R$ 43.080) conta com todos os itens da configuração anterior e acrescenta rodas de liga leve de 14’’, console de teto com porta-objetos e espelho adicional, faróis de neblina, banco do motorista com regulagem de altura, retrovisores elétricos com Tilt Down e repetidores de direção, kit Comfort, sensores de estacionamento, tecidos diferenciados em duas cores com costuras brancas, alarme e rádio B7 com comandos no volante.
Segundo estimativas da montadora, o Mobi Way representará 35% do mix de vendas do subcompacto.
A própria Fiat admite que o Mobi ainda não vende como o esperado e atribui à crise econômica. Segundo dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), 2.407 unidades do modelo foram comercializadas em maio. O acumulado do ano é de 3.563 emplacamentos.
Foto Fiat | Divulgação
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