Fiat Oggi: o sedã de vida curta e pouca beleza

Lançado em 1983, o Oggi foi o primeiro sedã que a Fiat produziu no Brasil, mas era defasado e logo foi engolido pelo Premio

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Fiat Oggi era uma derivação sedã do 147 (Fotos: Ford | Divulgação)
Por Douglas Mendonça
Publicado em 02/06/2025 às 14h00

A Fiat se instalou no Brasil e começou a produzir, em julho de 1976, o 147, um pequeno e econômico hatch com propostas inéditas no mercado brasileiro. Uma delas era a disposição transversal do conjunto motor/câmbio. Até 1980, a fábrica da marca italiana, em Betim (MG), produzia apenas o urbano 147.

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Era pouco para uma marca que pretendia se expandir no mercado brasileiro. Para diversificar a linha e aumentar suas vendas, a fabricante italiana lançou, ainda em 1980, a perua Panorama, que melhor atendia as necessidades das famílias brasileiras. Mas ainda faltava algo, talvez um pequeno sedã para brigar de frente com Chevrolet Chevette, Ford Corcel e do recém-lançado VW Voyage. Para evitar altos investimentos, o modelo de três volumes deveria utilizar plataforma e mecânicas já conhecidas. Assim foi feito.

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Porta-malas do Oggi oferecia amplos 440 litros, que superava seus rivais diretos

Pulamos para 1983. Trabalharam a toque de caixa, e criaram um pequeno sedan com bom porta-malas, utilizando a plataforma da perua Panorama. O motivo? Essa base era mais reforçada, por causa do maior volume do porta-malas e peso extra. Para ter personalidade própria, o Oggi, como foi batizado o novo Fiat (“hoje”, em italiano), utilizava alguns elementos próprios, como as linhas da coluna B para trás. Apesar disso, era basicamente um 147 com um terceiro volume. Agora, a linha estava completa, com hatch, sedan, perua e picape/furgão (desde 1978).

O problema é que essa linha de produtos tinha lá suas limitações, como a carroceria sempre de duas portas. O Oggi, apesar de ser um sedã tradicional de três volumes, e até por ter um melhor espaço no banco traseiro, ficava limitado pelo acesso apenas dianteiro. Mas, ainda assim, acenava ao consumidor com um bom e acessível porta-malas de 440 litros, superior ao dos seus concorrentes. Outro que não decepcionava era o motor 1300, com maior taxa de compressão e pouco mais de 60 cv brutos.

Fiat Oggi era prático, mas pecava na embalagem

Porém, ele tinha um seríssimo problema: seu design era desengonçado e suas linhas frontais não combinavam com as traseiras. Em resumo, era um carro feio. Quadrado, com lanternas pequenas, pouco proporcional. Apesar de suas qualidades, principalmente no baixo consumo de combustível, essa falta de beleza fazia com que o comprador coçasse a cabeça antes de fechar negócio. Falava mais alto que as qualidades. Esse fato incomodava não só o consumidor, como a própria Fiat, que via a previsão de vendas do sedã despencar logo depois do lançamento.

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Painel da versão “esportiva” CSS vinha com conta-giros

Além disso, como derivava do projeto de praticamente dez anos do 147, o Oggi veio ao mundo um tanto defasado. Para se ter uma ideia, o moderno Uno chegou alguns meses depois, em 1984, já como um sucessor direto do 147. O sedan Premio veio em 1985, atuando como novo sedã pequeno da marca italiana. Ou seja, o Oggi chegou atrasado, já quase na hora da estreia dos sucessores.

A marca se esforçou, na tentativa de melhorar suas vendas lançando até mesmo uma série especial luxuosa, com a grife de Pierre Balmain. Além disso, se aventurou com a variante esportiva CSS. Esse esportivo tinha motor mais potente, de 1.415 cm³ e 78 cv de potência. Nem mesmo a contratação dos irmãos Emerson e Wilsinho Fittipaldi para pilotar o CSS em pistas brasileiras, nem tampouco a adoção do câmbio de 5 marchas inédito, foram capazes de erguer as vendas do pequeno sedã.

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Oggi CSS vinha com acessórios aerodinâmicos, como spoilers e saias laterais

Nos poucos menos de três anos em que o carro esteve em linha, de meados de 1983 até 1985, sua produção rondou os 20 mil carros. Volume baixíssimo quando consideramos as boas qualidades que o Oggi oferecia, como o câmbio de 5 marchas, bom espaço do porta-malas, melhor espaço do banco traseiro e baixo consumo de combustível. Mas o carro era feio, e, para muita gente, nenhum outro mérito compensa um design mal resolvido.

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