Fiat Tempra duas portas: um mico que nem a Europa viu

Desenvolvido para o mercado brasileiro, versão duas portas do Tempra não agradou aos consumidores e saiu de cena em apenas dois anos

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Tempra duas portas tinha seu charme, mas chegou numa época em que o brasileiro já tinha se rendido às quatro portas (Fotos: Fiat | Divulgação)
Por Douglas Mendonça
Publicado em 09/08/2025 às 13h00

Existem carros que foram fracassos de vendas, e o Fiat Tempra duas portas é um exemplo típico. Aqui no Brasil, durante muitas décadas, o grande público preferia carros de duas portas ao invés da comodidade das quatro portas. Achava-se, nesse período, que com duas portas o carro era mais seguro para as crianças, enquanto o design era mais jovial e contemporâneo. Com o passar do tempo, ficou claro que essas bases não faziam frente à comodidade de um bom carro de quatro portas.

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Esse fato não significava que os carros de duas portas tinham sido banidos do mercado, mas a verdade é que, à medida que o tempo foi passando, a maturidade do consumidor foi mostrando preferência pela comodidade das portas traseiras, inclusive para as tais crianças. Mas, alguns fabricantes como a Fiat, por exemplo, continuaram a insistir na teoria de que o consumidor brasileiro ainda preferia modelos apenas com as portas traseiras.

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Versão Turbo estreou na carroceria duas portas

Quando lançou no mercado nacional o Fiat Tempra, em 1991, a marca italiana apresentou uma versão de quatro portas semelhante à europeia. Mas, os dirigentes italianos acreditavam que a versão Coupé agradaria mais. Por isso, começaram a desenvolver na Europa o Tempra de duas portas para o consumidor brasileiro e, quem sabe, no futuro, europeu. Achavam que, dessa forma, atenderiam aos anseios daqueles que já olhavam com admiração os sedans de quatro portas, e ainda conquistariam um novo público, mais jovem. Um engano!

Lançado em 1993, o Tempra cupê de duas portas teve vida curtíssima. Sua produção foi encerrada apenas dois anos depois, em 1995, e pouquíssimas unidades do modelo foram produzidas. O modelo saiu de linha única e exclusivamente por falta de interesse do comprador. O carro simplesmente não vendia!

Foi uma aposta alta da Fiat aqui no Brasil e nem sequer os europeus o conheciam, pois o carro nunca foi mostrado ao mercado europeu. O investimento para o lançamento do carro aqui no mercado nacional foi altíssimo, principalmente se considerarmos o design feito na Europa e todo o ferramental que estampava as novas laterais da carroceria, portas e todos os demais detalhes.

Tempra duas portas não vingou

Na época do seu lançamento, como tratava-se de um modelo inédito mesmo para a Europa, o Tempra Coupé foi tratado com a pompa de um novo carro, que iria revolucionar o seu segmento, graças ao design gracioso e esportivo. Mas, para azar da Fiat, não foi assim que o consumidor viu o carro: simplesmente o ignorou. O Tempra de quatro portas começou a ser vendido por aqui em 1991 e foi muito bem em suas vendas ser substituído pelo Marea.

Isso tudo em uma época em que a Fiat liderava o mercado brasileiro em vendas, principalmente pela fabricação da família Uno. Essa expertise na produção de veículos populares certamente afetou um pouco a venda de sedãs médios como o Tempra, pois achava-se que a Fiat era especialista em fabricar carros baratos, e não tinha o notório saber na concepção de carros mais luxuosos.

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Executivos da Fiat esperavam que o carro pudesse chegar ao mercado europeu, mas não agradou a diretoria do Velho Mundo

O sucesso do Tempra de quatro portas não foi à toa. O carro possuía suspensões independentes nas quatro rodas, motor dianteiro transversal 2.0 com duplo comando de válvulas no cabeçote e câmbio manual de cinco marchas. Era cômodo para o motorista e passageiros, e dispunha do maior porta-malas quando comparado ao Monza e ao Santana, concorrentes da época. Chegou até mesmo a ter o ineditismo de um motor turbo com 165 cv de potência, que permitia ao sedan atingir os 210 km/h de velocidade máxima, com condução elástica e agradável.

É interessante notar que a versão Turbo surgiu primeiro no Coupé de duas portas em 1994. Mas, nem esse alento despertou no consumidor o interesse pela carroceria de duas portas.

Por isso, em 1995 a Fiat definitivamente jogou a toalha e se deu por vencida. Amargou o prejuízo de tudo que investiu no carro e não falou mais da versão Coupé, que saiu de linha. Talvez, se fosse um sucesso por aqui, ele fosse lançado no mercado europeu. Sabe-se lá, mas, de qualquer forma, aqui não pegou. Coisas da nossa indústria automotiva…

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