Desenvolvido para o mercado brasileiro, versão duas portas do Tempra não agradou aos consumidores e saiu de cena em apenas dois anos
Existem carros que foram fracassos de vendas, e o Fiat Tempra duas portas é um exemplo típico. Aqui no Brasil, durante muitas décadas, o grande público preferia carros de duas portas ao invés da comodidade das quatro portas. Achava-se, nesse período, que com duas portas o carro era mais seguro para as crianças, enquanto o design era mais jovial e contemporâneo. Com o passar do tempo, ficou claro que essas bases não faziam frente à comodidade de um bom carro de quatro portas.
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Esse fato não significava que os carros de duas portas tinham sido banidos do mercado, mas a verdade é que, à medida que o tempo foi passando, a maturidade do consumidor foi mostrando preferência pela comodidade das portas traseiras, inclusive para as tais crianças. Mas, alguns fabricantes como a Fiat, por exemplo, continuaram a insistir na teoria de que o consumidor brasileiro ainda preferia modelos apenas com as portas traseiras.
Quando lançou no mercado nacional o Fiat Tempra, em 1991, a marca italiana apresentou uma versão de quatro portas semelhante à europeia. Mas, os dirigentes italianos acreditavam que a versão Coupé agradaria mais. Por isso, começaram a desenvolver na Europa o Tempra de duas portas para o consumidor brasileiro e, quem sabe, no futuro, europeu. Achavam que, dessa forma, atenderiam aos anseios daqueles que já olhavam com admiração os sedans de quatro portas, e ainda conquistariam um novo público, mais jovem. Um engano!
Lançado em 1993, o Tempra cupê de duas portas teve vida curtíssima. Sua produção foi encerrada apenas dois anos depois, em 1995, e pouquíssimas unidades do modelo foram produzidas. O modelo saiu de linha única e exclusivamente por falta de interesse do comprador. O carro simplesmente não vendia!
Foi uma aposta alta da Fiat aqui no Brasil e nem sequer os europeus o conheciam, pois o carro nunca foi mostrado ao mercado europeu. O investimento para o lançamento do carro aqui no mercado nacional foi altíssimo, principalmente se considerarmos o design feito na Europa e todo o ferramental que estampava as novas laterais da carroceria, portas e todos os demais detalhes.
Na época do seu lançamento, como tratava-se de um modelo inédito mesmo para a Europa, o Tempra Coupé foi tratado com a pompa de um novo carro, que iria revolucionar o seu segmento, graças ao design gracioso e esportivo. Mas, para azar da Fiat, não foi assim que o consumidor viu o carro: simplesmente o ignorou. O Tempra de quatro portas começou a ser vendido por aqui em 1991 e foi muito bem em suas vendas ser substituído pelo Marea.
Isso tudo em uma época em que a Fiat liderava o mercado brasileiro em vendas, principalmente pela fabricação da família Uno. Essa expertise na produção de veículos populares certamente afetou um pouco a venda de sedãs médios como o Tempra, pois achava-se que a Fiat era especialista em fabricar carros baratos, e não tinha o notório saber na concepção de carros mais luxuosos.
O sucesso do Tempra de quatro portas não foi à toa. O carro possuía suspensões independentes nas quatro rodas, motor dianteiro transversal 2.0 com duplo comando de válvulas no cabeçote e câmbio manual de cinco marchas. Era cômodo para o motorista e passageiros, e dispunha do maior porta-malas quando comparado ao Monza e ao Santana, concorrentes da época. Chegou até mesmo a ter o ineditismo de um motor turbo com 165 cv de potência, que permitia ao sedan atingir os 210 km/h de velocidade máxima, com condução elástica e agradável.
É interessante notar que a versão Turbo surgiu primeiro no Coupé de duas portas em 1994. Mas, nem esse alento despertou no consumidor o interesse pela carroceria de duas portas.
Por isso, em 1995 a Fiat definitivamente jogou a toalha e se deu por vencida. Amargou o prejuízo de tudo que investiu no carro e não falou mais da versão Coupé, que saiu de linha. Talvez, se fosse um sucesso por aqui, ele fosse lançado no mercado europeu. Sabe-se lá, mas, de qualquer forma, aqui não pegou. Coisas da nossa indústria automotiva…
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Pela raridade que se tornou, hoje é disputado por colecionadores ou por entusiastas.
Respeito mas discordo do seu texto.
Atualmente, a moda é SUV, mas existem os apaixonados por Coupe, Sedan, Station Wagon e, até mesmo, Minivans, que sentem saudade e falta de opção para compra.
Quem não sente saudade de poder comprar o que gosta?
Hatch, Coupe, Sedan, Station Wagon, Minivan, Esportivo, Conversível, Crossover, SUV (de verdade), Picape, seja Compacto, Médio ou Grande?
Quem não sente saudade de poder comprar um Dodge Charger, Opala Coupe, Monza Duas Portas, Santana Duas Portas, Quantum, Ômega Suprema, Tempra SW (e seu painel digital), Marea Weekend, Escort SW, Megane Hatch, Megane Grand Tour, Scenic, Meriva, Zafira, Golf, Astra, Vectra GT, Tipo, Brava, Stilo, Bravo, 308, Xzara, Xantia, Escort, Focus, etc?
Gosto é Gosto e cada um tem o seu.
Se achasse um Tempra inteiro e original, compraria sem dúvida!