Fiat Uno faz 40 anos: saiba como foi o lançamento do modelo

Revisitamos publicações de 1984 para ver como foi o lançamento desse compacto, que marcou a história do Brasil

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O desenho assinado por Giorgetto Giugiaro era bastante inovador para o Brasil de 1984 (Fotos: Fiat | Divulgação)
Por Eduardo Rodrigues
Publicado em 17/08/2024 às 11h02
Atualizado em 17/08/2024 às 18h28

A Fiat lançou o Uno no Brasil há exatos 40 anos. O evento foi no dia 17 de agosto de 1984, no Hotel Intercontinental do Rio de Janeiro (RJ), contando com a presença da imprensa e do piloto Emerson Fittipaldi.

Jornais da época informaram sobre os planos da Fiat com o Uno, seu primeiro carro mundial: ele viria a concorrer nos segmentos B e C do mercado, que significava por 55% do volume de carro vendidos. Os rivais apontados pela montadora eram Chevrolet Chevette, Ford Escort, Ford Corcel, Volkswagen Passat e alguns modelos do Monza. O Fusca era classificado como segmento A.

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O investimento feito pela Fiat em Betim (MG) para produzir o Uno foi de US$ 250 milhões, equivalente a 734 milhões de dólares em valores corrigidos para 2024. Ou R$ 4,02 em conversão direta desses valores atualizados.

A reportagem do Jornal do Brasil sobre o lançamento comenta que Silvano Valentino, diretor superintendente da Fiat, assegurou que o Uno brasileiro era melhor que o italiano. Segundo o executivo esse veredicto veio de especialistas europeus, incluindo jornalistas.

fiat uno s 1984 prata protótipo teste
Essa foto é dos testes de durabilidade que a Fiat fez antes do lançamento, mostrando que a robustez foi prioridade no projeto

Finalizando sobre os planos apresentados pela Fiat durante o lançamento em 1984, a publicidade do compacto foi direcionada a estudantes, gerentes, empresários e profissionais liberais. O Uno queria agradar ao crescente publico urbano e tinha meta de vender 4 mil unidades mensais.

Os comerciais de lançamento eram bem humorados, o que virou tradição na Fiat. As peças destacam a modernidade e a economia do Uno, chamado-o de “obra de gênio”, o que era bastante justo se levarmos em conta o mercado brasileiro de 1984.

Como era o Fiat Uno em 1984

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O lançamento do modelo europeu foi no Cabo Canaveral, note o corte diferente do capô em comparação com a versão brasileira

A Fiat italiana lançou o Uno no dia 20 de janeiro de 1983, no Cabo Canaveral (EUA) — local onde os foguetes da Nasa decolam. O carro foi desenhado por ninguém menos que Giorgetto Giugiaro, designer responsável por carros icônicos e defensor de linhas retas, simples e elegantes.

O Uno se destacou pelo excelente coeficiente aerodinâmico para um hatchback, de apenas 0,34. Como referência, é o mesmo coeficiente do Volkswagen Polo atual.

A fala de Silvano Valentino que citamos anteriormente, sobre o Uno brasileiro ser melhor que o original, veio por conta das mudanças feitas para aguentar as condições de nosso país. A engenharia da Fiat realizou modificações extensas no compacto.

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O cinzeiro móvel e os comandos satélites eram as marcas registradas do Uno. O modelo italiano da foto difere do nacional em detalhes como os comandos do vidro elétric

A carroceria do Uno brasileiro foi reforçada, para suportar torções maiores e reduzir os pontos de ferrugem. A garantia contra ferrugem de quatro anos sem limite de quilometragem era algo inovador para a época.

Uma mudança grande no modelo nacional era usar a suspensão traseira independente com mola septicaemic transversal do 147. Esse conceito foi considerado mais robusto que o eixo de torção do Uno italiano.

Por causa dessa suspensão, não era possível alojar o estepe sob o porta-malas. A Fiat reposicionou ele no cofre do motor, o que obrigou a ter um recorte diferente do capô. Essa é a principal forma de diferenciar o Uno brasileiro do italiano.

A última diferença técnica era na mecânica, no Brasil era usado o motor 1.3 e o 1.05 da família Fiasa. Esse propulsor foi projetado por Aurelio Lampredi, famoso engenheiro que fez projetos para a Fiat e Ferrari. O peso do carro era de apenas 800 kg.

O carro mais moderno do brasil

Por causa dessas mudanças, o Uno brasileiro tinha coeficiente aerodinâmico do 0,35, uma diferença pequena para o europeu. Mas ele mantinha soluções como as maçanetas embutidas, os vidros laterais rentes a carroceria e o limpador de para-brisa com braço único. Para 1984, o carro era bastante moderno e se destacava nas rua.

O Uno foi lançado nas versões S e CS. Não haviam muitas firulas, os parachoques eram sempre sem pintura e as rodas de aço traziam apenas uma calotinha ao centro para cobrir os parafusos.

A cabine também era inovadora, com os comandos satélites próximos ao volante e instrumentos que usavam luzes espias quadradas e grandes. Um detalhe curioso era o cinzeiro móvel no topo do painel.

O espaço interno foi o maior destaque do Fiat Uno. O formato do carro e o motor transversal permitiam um melhor aproveitamento da cabine. Até mesmo o sistema de rebatimento do banco, que levava o assento junto, era inovador para o Brasil de 1984.

Nos anos seguintes a família foi crescendo: vieram as versões esportivas, o sedã Premio, a Perua Elba e mais adiante a caminhonete Fiorino. A Fiat criou uma família de carros com base no Uno que chegava a beliscar os modelos médios e atendia a diferentes públicos.

O que o Uno significou para o Brasil

fim da producao do fiat mille na fabrica de betim mg
Ele foi produzido por 29 anos e vendeu 3,1 milhões de undiades

Por ser o principal produto da marca e pela Fiat gostar de inovar, o Uno foi a verdade metamorfose ambulante do mercado automotivo. Chegou a ter versões esportivas e de luxo. Foi o primeiro carro turbo do país e também o primeiro popular 1.0. Já foi o mais rápido e o mais econômico.

O Fiat Uno nunca chegou a ser o carro mais vendido do país, mas sempre esteve perto do topo do ranking. De 1984 a 2021 ele vendeu 3,2 milhões de unidades, é o segundo carro mais vendido do Brasil e só fica atrás do Volkswagen Gol.

Com a chegada do Palio em 1996, o Uno virou o carro de entrada da Fiat e tomou o posto de carro mais barato do Brasil. Isso mudou em 2007 com a chegada de carros chineses, como o Effa M100, que custavam ainda menos. Aí a Fiat mexeu no carro para ele ser o mais econômico, usando isso e a confiabilidade para brigar com esses novatos.

As mudanças recebidas pelo Uno nacional para ficar mais robusto não era apenas papo de marketing ou reduções de custo. O compacto é uma figura comum nas ruas brasileiras até hoje, principalmente em áreas rurais. Nesse sentido ele foi o verdadeiro herdeiro do Fusca, como carro de passeio capaz de enfrentar qualquer terreno.

fiat mille way vermelho frente fora de estrada
O Uno é usado até hoje em áreas rurais

Na cidade o Uno ainda é uma opção sensata para quem está com a grana curta. Existem muitos no mercado de usados, ele é econômico, ágil e leva quatro ocupantes sem aperto. O custo de manutenção é baixo graças a mecânica compartilhada com outros carros da Fiat e sua popularidade.

Hoje, 40 anos após o lançamento feito em um hotel do Rio de Janeiro, não existe mais Uno zero km no Brasil. O seu legado é a linha atual da Fiat, marca que conseguiu engrenar no país e crescer graças a esse compacto.

A filial brasileira da montadora italiana é praticamente uma marca a parte. Cria projetos locais pensando nos gostos e necessidades do Brasil, sempre busca inovar em alguma coisa e criar novos segmentos.

As características do Uno estão espalhadas pela gama da marca: a economia está no Argo e no Mobi, a robustez vive na Strada, a inovação está na Toro e a esportividade está nos Pulse e Fastback Abarth.

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