10 carros que a imprensa adorou, mas o público rejeitou
Jornalista também morre de amores por alguns projetos que decepcionaram em vendas e acabaram desvalorizados pelo mercado
Jornalista também morre de amores por alguns projetos que decepcionaram em vendas e acabaram desvalorizados pelo mercado
Jornalista que cobre o setor automotivo é chato e sempre observa o carro nos detalhes. A verdade é que, para nós, o design nem vem em primeiro lugar. Desempenho, entrosamento com o câmbio, qualidade do acabamento, acerto da suspensão e posição de dirigir são alvos primordiais em nossa sede de críticas. Geralmente são pontos destacados em muitos carros que a imprensa adorou, como o Ford Focus, mas não obrigatoriamente que o público comprou.
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Por mais que o carro seja bom e o projeto seja sólido e com poucos defeitos, se o mercado não quiser, meu caro, depois nem o Prêmio Pulitzer vai convencer o consumidor do contrário. E não faltam exemplos de automóveis altamente elogiados em todos esses quesitos que não venderam nada e saíram de linha precocemente.
Selecionamos 10 desses casos, de carros que a imprensa adorou. Mas que o público rejeitou veementemente.
A primeira e a segunda gerações do Focus arrancaram elogios de todas as partes e foram rivais de fato do VW Golf. Já a terceira e última geração, lançada em 2013, foi um exemplo clássico de carro que a imprensa adorou, mas o público rejeitou.
O hatch e o sedã feitos na Argentina exibiam o mesmo acerto de suspensão apurado das fases anteriores. Apesar da clara “corollização” no acerto motor/câmbio, o Focus entregava conforto e dinâmica.
Só que, do lado do hatch, era pouco para um segmento que já desidratava no mercado. Enquanto da parte do sedã, que ganhou um inequívoco sobrenome de Fastback, encarar a dupla Toyota Corolla e Honda Civic virou uma tarefa ainda mais embaçada, com vendas bastante pífias.
Para piorar, a Ford teve a “genial” ideia de colocar o problemático câmbio automatizado Powershift na linha. Depois de um bom primeiro ano cheio de vendas, com 22 mil unidades em 2014, o hatch foi ladeira abaixo nos emplacamentos e não comercializou nem 15 mil no somatório dos anos seguintes até ter produção encerrada em 2019.
O sedã é sempre um exemplo clássico de carros apreciados pela imprensa, mas renegados pelo consumidor. Lançado em 2006, a segunda geração do médio começou a ser produzida no Paraná e chamou a atenção pelo seu nível de acabamento, de equipamentos, além do desempenho bastante confortável e estabilidade interessante.
De nada adiantaram tamanhas virtudes, ainda mais quando você disputa mercado com a dupla japa – já citada – Corolla e Civic. Sem contar que a Renault lançou o carro em março de 2006, apenas um mês antes do New Civic, considerado uma das melhores gerações do sedã médio da Honda.
O Mégane só sobreviveu por quatro anos e abriu caminho depois para o Fluence, outro carro que não empolgou no mercado. A variante station-wagon Grand Tour do sedã teve vida mais longa, graças ao custo/benefício atraente e foco em vendas diretas, e saiu de linha em 2013 como uma das últimas peruas ainda feitas no país.
Nem dá para dizer que um modelo que emplacou mais de 225 mil unidades foi rejeitado pelo público. Contudo, para um subcompacto que atua no segmento de entrada do mercado, a expectativa era de vender pelo menos o dobro disso em um período de sete anos. Mas o Up! não conseguiu ser um fenômeno comercial por vários fatores.
Inicialmente, pelo próprio posicionamento do produto. Era menor que o Gol e custava basicamente o mesmo. Para um país que compra carro a metro, isso foi um dos primeiros erros. A desconfiança para cima do motor três-cilindros e o preço das revisões, mais caro que seus parentes próximos, também pouco ajudaram.
Do lado de cá, sobraram elogios. Fruto de uma plataforma conceituada, o Up! sempre foi louvado pelo acerto dinâmico acima da média. Os mesmos motores que despertaram suspeitas por parte do consumidor, eram exemplos de eficiência e arrancavam palmas da imprensa. O turbo TSI, então, era quase venerado como um deus.
A última fase do Sentra vendida no Brasil padeceu do mesmo problema que outros sedãs médios, como Mégane e Focus. Importado do México, o modelo da Nissan esbanjava conforto, tinha custo de manutenção muito competitivo para a categoria e chamou a atenção pelo isolamento acústico. O conjunto mecânico também agradou a imprensa pelo equilíbrio do motor 2.0 com a calibragem do câmbio automático CVT.
Mas o mercado nem quis saber disso. Até vendeu mais de 14 mil unidades em seu primeiro ano cheio de vendas (2014), e chegou a ser o terceiro sedã médio mais comercializado do país, em 2015. Mesmo assim, aquelas 12.500 unidades não representavam nem metade do que o Civic entregou, e nem ⅓ do que o Corolla emplacou. Nos anos subsequentes, ficou atrás de VW Jetta, Focus Sedan, Cruze e outros rivais menos expressivos.
O Sonic chegou importado da Coreia do Sul no primeiro semestre de 2012 e logo arrancou elogios da imprensa especializada. Só que, justiça seja feita, mais pela mecânica. O motor 1.6 16V de até 120 cv trouxe um ar de modernidade para a linha da Chevrolet na época e os câmbios – manual ou automático – agradaram pelo escalonamento e agilidade.
Contudo, o acabamento interno do Sonic decepcionava, assim como sua solução de quadro de instrumentos digital a la painel de moto. O espaço era outro problema para o público abraçar o carro no mercado: era mais caro, porém menor que um Cobalt. Passou a ser trazido do México em 2013, mas só durou até setembro de 2014.
Nesse período, as duas opções de carroceria totalizaram pouco mais de 27 mil unidades emplacadas. No ranking dos mais vendidos, sempre ficaram atrás de Honda Fit e City, VW Polo, Fiat Punto, Ford Fiesta, Citroën C3 e cia.
O 208 é outro exemplo de carro elogiado pela imprensa e rejeitado pelo público. Só que essa rejeição é culpa, em parte, da marca francesa também. Antes, em vez de a Peugeot aproveitar o sucesso do 206 e lançar um 207 decente, adaptou a plataforma velha do compacto e meteu uma casca de 207. As vendas despencaram.
Ao mesmo tempo, o primeiro 208 chegou em 2013 quando a rede ficou com fama ruim em termos de serviços e preços. Tudo depôs contra o compacto, que tinha design moderno, usava plataforma bem mais avançada, oferecia bom comportamento dinâmico e excelente posição de dirigir.
A turma da escrita já cansou de afirmar que a Amarok é a picape média com o comportamento mais próximo ao de um carro de passeio possível. Mas isso pouco ou nada importou para o público. O modelo da Volks feito na Argentina nunca ameaçou de fato a supremacia da dupla Toyota Hilux e Chevrolet S10.
Lançada em 2010, a Amarok bem que tentou. Fora o acerto dinâmico e o conforto no rodar, teve boas opções de motores. A mais recente investida foi com o V6 biturbo para tentar dar uma cara mais arrojada e robusta à linha.
Porém, ao contrário das rivais, a Amarok nunca se valeu de subterfúgios estéticos ou centenas de acessórios para fazer a cabeça de agroboys e picapeiros urbanos. Em 2020, foi a menos vendida do segmento, com menos de 8 mil unidades emplacadas no acumulado.
Em 2010, a Fiat fez sua última tentativa de fazer uma graça no segmento de hatches médios. Lançou o Bravo, um carro alinhado com o modelo europeu e que arrancou elogios da imprensa quanto ao nível de conforto e acabamento, e também estabilidade e dirigilidade.
A mesma imprensa que diz que… a Fiat não sabe vender carro caro. Pois é, e o público parece corroborar isso. Apesar das virtudes, nunca teve vendas expressivas – assim como seus antecessores Brava e Stilo.No primeiro ano cheio, foram quase 12 mil unidades e a lanterna no segmento (atrás de Hyundai i30, Ford Focus, Chevrolet Astra e VW Golf).
Manteve basicamente o mesmo conjunto mecânico durante sua curta vida no Brasil, com o motor 1.8 16V E.torQ e até uma divertida versão T-Jet. Neste tempo, continuou na rabeira da categoria (perdendo até para Chevrolet Cruze e Peugeot 308, e só ficando à frente, às vezes, do Citroën C4) e nos últimos dois anos de produção não chegou a somar nem 9 mil unidades, despedindo-se em 2016.
O i30 foi o carro que ilustrou bem a transformação da marca sul-coreana no Brasil. Com campanhas publicitárias ostensivas, o modelo importado da Coreia do Sul foi lançado em 2009 e tornou-se o hatch médio mais vendido do país em 2011, com mais de 35 mil unidades – isso tendo como rivais Focus e Golf. Só que a segunda geração não teve nem a sombra desse sucesso.
O carro foi lançado em 2013 e agradou à mídia à época, em especial pelo acerto da suspensão mais adequado a um hatch, e também pela melhora no acabamento interno e na posição de dirigir. Porém, as mesmas reportagens já sinalizavam um aspecto que ia fazer o público rejeitar aquele novo i30.
O Grupo Caoa, importador da Hyundai, optou por vender o i30 apenas com motor 1.6 16V. flex. Complicado alguém pagar mais caro por um hatch que usava o mesmo motor do HB20. Na linha 2014 até adotou o motor 1.8 a gasolina de 150 cv, mas o estrago estava feito. Deixou de ser comercializado em 2016.
Outro hatch médio na lista de carros que a imprensa adorou, mas o público nem deu bola. Importado da Argentina (onde era feito sobre a mesma plataforma do 308) a partir de 2009, chamou a atenção pelo nível de acabamento, conforto a bordo e dirigibilidade e concorria com Focus, Bravo e demais médios do mercado. Trazia também o já conhecido motor 2.0 de tantos modelos Peugeot e Citroën.
O velho câmbio automático de quatro velocidades, porém, não agradava. E ainda tinha a fama ruim do pós-venda da marca francesa. O C4 teve até séries especiais para tentar desovar estoques, mas só serviu para disputar a vice-lanterna com o Bravo. Deixou de ser produzido e importado em 2014 após 47 mil unidades vendidas em quase sete anos.
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O único carro decente para mim é o megane grand tur. Infelizmente acabaram com as SW para colocar estas porcarias de SUV e dizem que o consumidor que escolheu…claro só tem isto a venda para os poucos q podem comprar carro zero. Agora, me perdoem vcs realmente estão ruins de analisar carros…208, c4 , focus, sonic….sentra…putz….só bomba…. vou fazer uma lista dos melhores:
Corolla
Civic
Fit inclusive sua variação WRV
City
Grand tur Megane
Weekend
Parati
Spacefox
Strada cabine dupla
Hilux pick up e Sw4.
Onde que o Focus é beberrão? Consumo excelente. Carro pesado, motorização excelente, e o consumo é o mesmo do Civic e Corolla..
O Focus é um caso de suicidio programado. Tive um com câmbio manual. Escapei do powershit. Em 2012, com controle de tracao e estabilidade (melhor carro pra fazer curvas), além da melhor suspensão traseira. O Renault Megane é bom até hoje. É cuidar da manutenção.
A Ford que não deu para entender, eles mesmos foram responsáveis por matar o Focus, pois aquele câmbio PowerSHIT já tinha histórico de problemas. Mesmo assim insistiram.
O nipônico Sentra é belíssimo e seria injusto concorrer com o Corolla, mas seria opção se viesse híbrido e pelo mesmo ou próximo preço do líder dos sedãs médios. Ficou estupendo! Salvo engano os ‘hermanos’ podem comprá-lo.
Esqueceram do Etios.
Etios = ET !
Só para quem não o conhece.