Apresentado como conceito em 1994 da Ghia, o Ka passou por modificações até materializar o estilo “New Edge” que deu origem ao Focus e outros modelos
Linguagens de design surgem de tempos em tempos na indústria automotiva. São necessárias para provocar a reação do público, assim como viabilizar novos processos de produção, além de otimizar a aerodinâmica e demais fatores. Mas o principal é gerar o interesse de consumo: a troca do velho pelo novo. E uma das linguagens mais populares da indústria foi inaugurada pelo Ford Ka, há 30 anos.
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O Ford Ka nasceu em meados dos anos 1990 como resposta ao crescimento do mercado de compactos urbanos na Europa. A primeira aparição pública foi em 1994, quando o estúdio italiano Carrozzeria Ghia apresentou o conceito Ka, que antecipava linhas arredondadas e o design “New Edge” da Ford. O protótipo chamou atenção pela proposta minimalista e pelo uso eficiente do espaço interno em um carro de dimensões reduzidas.
No entanto, quando a Ford exibiu, em 1995, o conceito GT90, que seria uma releitura futurista do lendário GT40, com elementos geométricos que contrastavam com as formas arredondadas dos automóveis do início dos anos 1990. A Ghia elaborou um novo conceito do Ka, (Ford Ghia Saetta) com estilo roadster e elementos triangulares, que seriam utilizados no carro final.
O modelo de produção foi lançado em 1996, na Europa, e manteve boa parte das soluções de design e interior do conceito. Montado sobre a plataforma do Fiesta de terceira geração, o Ford Ka europeu tinha carroceria de duas portas e apenas quatro lugares.
O design ousado dividiu opiniões, mas o modelo conquistou consumidores pelo baixo custo de produção e manutenção. O uso de para-choques em plástico sem pintura e dividido três módulos reduzia o custo de reparo. O motor inicial era o 1.3 Endura, logo substituído por opções mais modernas da família Zetec.
Uma das versões mais ousadas do Ka foi o conversível StreetKa. Desenhado e montado pela Pininfarina, o hatch foi convertido em roadster, com direito a capota de tecido, santantonio, e porta-malas destacado. Para a chegar ao formato, o modelo ganhou novas lanternas, para-choques e até faróis. Destaque para as luzes de neblina que deixavam o carrinho bem malvado.
Para fazer jus ao estilo esportivo, a Ford aplicou o motor 1.6 Zetec de 95 cv, que deixou o Ka ainda mais divertido. No Velho Mundo, o hatch ainda ganhou edição SportKa com a mesma proposta visual e conjunto mecânico, que também seria utilizado no Brasil.
Em 1997, o Ka estreou no mercado brasileiro. Produzido na unidade da Ford em São Bernardo do Campo (SP). Nos anos 1990, a carroceria duas portas Aqui, usava o motor Endura-E 1.0 de 52 cv, depois substituído pelo Zetec Rocam 1.0. O Ka conquistou espaço como carro de entrada da marca, rivalizando com Fiat Uno e VW Gol.
A primeira geração ficou marcada pela versão esportiva XR, com motor Zetec Rocam 1.6 de 95 cv e 14,2 kgfm de torque, combinado com transmissão manual de cinco marchas. O carrinho estreou em 2001, e tinha desempenho excepcional devido ao baixo peso e entre-eixos curtinho (2,44 m) que faziam dele um legítimo hot hatch.
O Ka XR recebeu visual exclusivo com saias laterais, aerofólio e rodas de liga leve, em formato de hélice. Por dentro, a versão contava com quadro de instrumentos com velocímetro e contagiros com fundo branco, ar-condicionado, rádio com CD e vidros elétricos. Nada muito refinado, mas que dava graça ao carrinho.
O Ford Ka tinha um apelo popular tão expressivo, que o carrinho passou a figurar na lista de modelos da série Gran Turismo. A a primeira aparição do modelo foi em Gran Turismo 2. O hatch da Ford continuou na franquia até o sexto volume, publicado em 2013, sempre com a carroceria da primeira geração e seu motor Endura de 59 cv.
Na Europa, a segunda geração chegou em 2008, desenvolvida em parceria com a Fiat e compartilhando plataforma com o Fiat 500. Compacto e voltado ao uso urbano, manteve-se exclusivo no mercado europeu. O Ka do Velho Mundo ainda fez uma ponta em 007 – Quantum of Solace.
No Brasil, a história seguiu outro rumo. A segunda geração nacional, lançada em 2008, com base no Fiesta produzido em Camaçari (BA). O modelo perdeu sua identidade em função do compartilhamento de peças com o irmão maior. No entanto, manteve os motores Zetec 1.0 e 1.6. A segunda geração do Ford Ka tupiniquim seguiu no mercado até 2014.
A terceira geração, revelada em 2014, foi global. Desenvolvida pelo time brasileiro de engenharia, o Ka ganhou carroceria de quatro portas, maior espaço interno e versões sedã. O modelo passou a ser oferecido em mercados emergentes e também em alguns países da Europa e Ásia, com motores 1.0 e 1.5.
Na época, o Ka surgiu como opção para concorrer no segmento de compactos que ainda estava aquecido no mercado brasileiro. O modelo tinha como rivais, modelos como Chevrolet Onix, Fiat Palio, Hyundai HB20, Renault Sandero, Toyota Etios e Volkswagen Gol. A derivação sedã concorria num segmento que era dominado por Prisma, Siena e Grand Siena, assim como, HB20S, Logan, e Voyage.
A terceira geração do Ka fez sucesso, com números expressivos de vendas. Em 2019, o hatch foi o segundo modelo mais vendido do país, com 104.331 licenciamentos, superando o HB20. Já a versão sedã, anotou outras 51 mil unidades, posicionando como o terceiro sedã compacto mais emplacado daquele ano, segundo a Fenabrave.
Apesar de boas vendas, a última geração enfrentou dificuldades diante da mudança no perfil de consumo, com forte crescimento dos SUVs compactos. Para fazer volume, era necessário espremer demais as margens de lucro. E para piorar, a pandemia do Covid-19 foi devastadora para a operação da Ford no Brasil.
Em 2021, a Ford anunciou o fim da produção do Ka no Brasil, encerrando também as operações industriais da marca no país. No mesmo período, a produção europeia já havia sido descontinuada.
E quase cinco anos após sua aposentadoria, o Ford Ka ainda mantém bom desempenho no varejo de usados. Em junho de 2025, foram 19 mil unidades negociadas, segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).
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