Ford Puma ST é o último de uma espécie em extinção?
Confira a avaliação do SUV, que pode chegar ao Brasil: modelo é derivado do Fiesta, porém tem (muito) mais sofisticação que o EcoSport
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A Ford já disse que “está passando para elétrico” e quer parar de vender modelos movidos somente a gasolina e a diesel dentro de 5 anos, para se concentrar em produzir carros com baterias. Mas não é tão para já. Nesta semana ela esta introduzindo um novo membro na linha Puma, chamado ST, que sai com um motor a gasolina mais potente, escapamento gutural e custando 2.000 libras (R$ 15,8 mil) a menos.
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Durante décadas, motores a gasolina foram o pulsante coração do carros Ford, com modelos memoráveis como o Mustang GT, o furacão de Le Mans GT40 e o Focus RS, entre outros, que a ajudaram a torná-la uma das maiores fabricantes de automóveis do mundo, e ainda a marca mais vendida na Grã-Bretanha.
O lançamento do Puma ST permite especular: estará a fabricante dando uma piscada de olhos enganosa para dizer “estamos indo para energia de bateria, mas o motor gasolina ainda não morreu”? Ou talvez ela esteja dando um empurrada de fim de produção, para abrir espaço nos salões de vendas para os carros elétricos.
Sob a pele, o Puma é um Fiesta que foi um pouco esticado e levantado para criar um “crossover” — mistura de hatchback e SUV —, mas, no caso do Puma, tendendo mais para hatchback, com espaço interno para ir às compras e para o cachorro.
A versão ST (de Sport Technologies) foi trabalhada pelo braço de desempenho da Ford — a mesma turma que cuidou do Mustang atual e do Ford GT. Com uso de turbocompressor, extraíram 200 cv de um simplório motor de 3 cilindros; anexos aerodinâmicos na dianteira e na traseira permitem fazer curvas mais rapidamente. Devoto da Toyota é que ele não é.
Como se fosse para afastar motorista tímidos, o ST vem com câmbio manual — não há opção de automático — e bancos Recaro de competição, com o conhecido aperta-coxas. Há pintura especial (verde vivo no carro de teste ou preto Ágata e azul Ilha Deserta, a escolher) e pinças de freio em vermelho vivo, para o caso alguém não notar suas credenciais esportivas. Em vez de um passo em direção ao carro do futuro, é mais um empurrão de volta a um hatch endiabrado dos anos 1980. Talvez a Ford pretenda que ele seja uma homenagem ao seu opulento passado de gasolina.
Graças à direção rápida, o ST despacha o trânsito urbano, acelera com vigor nas transversais e dobra esquinas com incrível facilidade. Já ouvi críticas de quem acha que a Ford exagerou na rapidez da direção. É verdade, é um tanto fora do normal, como era o Peugeot 205 GTi de antigamente, mas pelo menos pode-se sentir estar realmente no banco do motorista e não ao volante de um entediante carro pequeno econômico.
Pode-se escolher modos de condução para alterar controle de tração, direção e acelerador. O modo “Pista” desliga tudo, mas isso é desaconselhável, a menos que se esteja em uma… pista, e definitivamente não em uma rotatória molhada — nem mesmo com os notáveis pneus Michelin Pilot Sport 4s do ST. Qualquer que seja o modo escolhido, percebe-se algum ruído de rodagem em velocidades maiores, mas é um incômodo suportável.
Em aparência, o Puma tem alguma coisa de Mustang, seu maior e mais musculoso companheiro: linhas elegantes, cintura alta, arcos de roda pronunciados. Sem dúvida, seus faróis olho-de-sapo — para combinar com pintura verde — requerem que se acostume, mas eles são mais bonitos ao vivo do que em fotos.
O frontal mais intimidante, com acabamento em preto brilhante no teto, que lhe dá um toque ameaçador, diferencia o ST do Puma normal. O pacote visual se estende às rodas de liga leve de 19 polegadas escurecidas com magnetita ou metal usinado.
Claro, este tipo de adorno é popular em muitos crossovers modernos, mas também é fato que muitos deles têm decoração excessiva e pouca potência. O ST, por outro lado, recebeu tratamento de desempenho total. Atinge 100 km/h partindo da imobilidade em 6,7 segundos e continua acelerando até pouco mais de 160 km/h. Por 950 libras extras (R$ 7.500), pode vir com o Pacote de Desempenho que, para quem saber, inclui diferencial de deslizamento limitado para fazer curvas melhor e com mais aderência.
Tudo isso coloca distância entre ele e o Puma original, que foi tirado de produção sem alarde duas décadas atrás, após apenas quatro anos. O mais memorável sobre este carro foi sua campanha publicitária com imagens de Steve McQueen no filme “Bullitt”, de 1968. Infelizmente, isso não foi suficiente para impulsionar vendas, mesmo que o Puma de primeira geração tivesse vidros elétricos e rádio/toca-fitas cassete.
O renascido Puma até que vem bem equipado, com luzes de curva, limpadores de para-brisa com sensor de chuva, frenagem autônoma, detecção de pedestres e ciclistas, aquecimento nos bancos dianteiros e no volante de direção, carregador de celular sem cabo, sensores de estacionamento traseiros e dianteiros, sistema de comunicação e infotenimento SYNC3 da Ford, compatível com Android Auto e Apple CarPlay, mais o — praticamente obrigatório hoje — sistema de áudio Bang & Olufsen.
Para minimizar o consumo de combustível, o Puma ST desativa um dos cilindros quando se está rodando calmamente, reservando o terceiro para quando se tem pressa. Mesmo dirigido com total vigor, ele consegue rodar 12 quilômetros com 1 litro. Contribui o fato de o Puma ser tão leve quanto o skate de Marty McFly, usando madeira de um carrinho de criança para ser apenas uma prancha com rodas. Poderão os carros elétricos, dotados de pesadas baterias, carregadas — parcialmente — com eletricidade gerada por combustível fóssil, ser realmente mais favoráveis ao meio ambiente?
Talvez a Ford veja o futuro mais como Cuba, onde as pessoas ficam com seus carros com motor a gasolina indefinidamente, fazendo de tudo para mantê-los funcionando. Fabricantes de automóveis poderiam se beneficiar do lucrativo comércio de peças. Pelo menos é possível que, quando em 2030, o governo banir a venda de carros apenas a gasolina ou a diesel, talvez testemunhemos uma separação tipo Brexit, com metade do país abraçando os elétricos e metade se agarrando resolutamente seus carros movidos a combustível fóssil. Afinal, o banimento não se aplica a carros usados de motor a combustão.
Mudando um pouco de assunto, alguns anos atrás, no dia de imprensa do Salão do Automóvel de Genebra, a Land Rover revelou um modelo totalmente elétrico chamado “Land e”, para indicar suas credenciais ecológicas. Mas tão logo os jornalistas saíram, o Land e foi tirado do estande e no seu lugar foi colocado um reluzente Range Rover Sport. Os chefes da Land Rover estavam dando a entender reservadamente que não podiam admitir haver uma diferença entre o que as pesquisas diziam que as pessoas queriam e o que os consumidores compram na verdade.
O que me leva para o preço do Puma. O carro testado custa chocantes 33.365 libras (R$ 263,5 mil) — apenas 145 libras (R$ 1.145) menos do que um Volkswagen Golf GTI de entrada. A Ford, em tempo, repensou e tirou 1.920 libras, trazendo o preço do ST “básico” (28.495 libras, valor que equivale a cerca de R$ 225 mil) para abaixo da barreira psicológica de 30.000 libras. Ainda é um tanto exagerado para um carro que, no fim das contas, é um Ford.
No seu tempo, o Mustang original tornou-se o carro que vendeu mais rapidamente até então, parcialmente porque a filosofia de marketing da empresa foi claramente a de manter o preço baixo e lucrar com o volume. Tire-se 5.000 libras do preço do Puma ST e ele sumirá dos salões de vendas das concessionárias tão rápido quanto as acelerações de seu espetacular motor.
Há outra consideração, contudo. Se o Puma está realmente entre os últimos da sua espécie, isto lhe confere um valor de raridade potencial. Poderá valer a pena comprá-lo e trancá-lo numa garagem. Você poderá acarinhá-lo como um suvenir da extinta era da gasolina.
Nota do Nick Rufford |
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4 ★★★★☆ |
Ficha técnica | Ford Puma ST 1.5T EcoBoost |
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Motor | 1.497 cm³, três cilindros, turbo, gasolina |
Potência | 200 cv |
Torque | 32,6 mkgf |
Aceleração 0-100 km/h | 6,7 s |
Velocidade máxima | 220 km/h |
Consumo / CO2 | 15 km/l / 155 g/km |
Peso | 1.358 kg |
Preço no Reino Unido | 28.495 libras (R$ 225 mil) |
Frente a frente | Ford Puma ST 1.5T EcoBoost | VW Golf GTI 2.0 TSI |
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Preço | Ford: 28.495 libras (R$ 225 mil) | VW: 33.510 libras (R$ 264,7 mil) |
Potência | Ford: 200 cv | VW: 245 cv |
0-100 km/h | Ford: 6,7 s | VW: 6,4 s |
Velocidade máxima: Ford | 200 km/h | VW: 250 km/h |
*Tradução: Bob Sharp
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Carro dos sonhos, baixo consumo, potência, tecnologias, o valor para o Brasil é só para ricos.
Gostei dos números de potencia e desempenho no geral… mas o visual esta muito a la Suv, ou ”crossoverzado” demais… não gostei… deveria se parecer mais com um cupẽ como no original…
Eu sou o único que desde que esse carro foi lançado, sonha em ter ele?
Top de mais, que venha logo para o Brasil ?
Meu sonho esse carrão no Brasil e na minha garagem
Que venha logo para o Brasil que vai ser um sucesso de vendas, muito top ????????