100 anos de Brasil: os 10 carros mais importantes da General Motors

A montadora está comemorando seu centenário e teve muitos carros que fizeram — e ainda fazem — história no Brasil

linha de montagem chevrolet opala 1976
As fábricas de São Caetano do Sul, São José dos Campos e Gravataí fizeram muitos modelos icônicos (Fotos: Chevrolet | Divulgação)
Por Eduardo Rodrigues
Publicado em 23/01/2025 às 17h00

A General Motors foi uma das primeiras montadoras a se instalar no Brasil. Ela chegou com a marca Chevrolet, alguns anos depois da Ford, e produzindo carros e caminhões no regime CKD.

Os veículos chegavam desmontados e dentro de caixas. A linha de produção no Brasil consistia apenas em montá-los, o índice de nacionalização de peças era mínimo.

Primeira fábrica chevrolet no Brasil
Essa foi a primeira fábrica da General Motors no Brasil, ainda na cidade de São Paulo

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A data exata da fundação é dia 26 de janeiro de 1925, conforme está no registro feito no II Tabelionato de São Paulo. A primeira sede foi localizada na Avenida Presidente Wilson, 2.935, no bairro do Ipiranga, em São Paulo (SP).

Com o plano de criar uma indústria de carros no Brasil, criado por Juscelino Kubitschek, a General Motors começou a nacionalizar seus produtos. Ela começou em 1957 fazendo caminhões, a primeira caminhonete leve veio em 1958 com a 3.100.

A linha de carros de passeio começou com o Opala, em 1968. Apesar de vender apenas com a marca Chevrolet no Brasil, a linha de carros de passeio tinha mais relações com o Opel alemã.

Para contextualizar a história desses 100 anos de General Motors no Brasil, vamos relembrar os modelos mais importantes que o grupo produziu por aqui. Alguns ajudaram a revolucionar nosso mercado.

1. Chevrolet 3100 Brasil

A caminhonete 3100, conhecida também como Chevrolet Brasil, estreou em 1958 já com motores fundidos em São José dos Campos (SP). Ela era baseada na caminhonete norte-americana Advance-Design, mas o desenho da dianteira era brasileiro.

O emblema da Chevrolet tinha em seu interior o desenho do mapa do Brasil. A caminhonete foi apelidada de Martha Rocha por causa dos para-lamas largos, que lembravam o quadril da miss.

A General Motors usou o chassi da caminhonete como base para alguns derivados, que tinham a carroceria feita pela Brasinca. A versão de cabine dupla era chamada de Alvorada, a perua (na época não usavam a sigla SUV) era a Amazona e o furgão era o Corisco.

O motor usado era o seis cilindros em linha 4.3 a gasolina, com potência bruta de 142 cv. Esse motor da General Motors já tinha boa fama no Brasil por sua robustez e ajudou a consolidar a marca.

2. Chevrolet Opala

O primeiro carro de passeio nacional da General Motors no Brasil foi o Chevrolet Opala. O ponto de partida desse projeto foi a carroceria do Opel Rekord alemão, um sedã de porte médio para a época.

Na Europa ele usava motores de quatro cilindros de 1.5 a 1.9, e um seis em linha de apenas 2,2 litros. Aqui esses motores deram lugar a um 2.5 de quatro cilindros e ao 3.8 de seis, ambos da mesma família.

O Opala estreou uma nova geração do seis em linha da Chevrolet, mais eficiente que o modelo anterior que era usado pelas picapes e caminhões. O estilo trazia algumas diferenças em relação ao modelo europeu, como os faróis circulares na dianteira e algumas inspirações no Nova norte-americano.

A escolha de lançar um carro intermediário foi muito bem acertada pela Chevrolet. O mais próximo de um concorrente que existia era o Aero Willys, que tinha um projeto bastante antigo e usava moto pré-guerra.

O Opala sobreviveu a crise do petróleo e foi produzido até 1992. Em sua carreira vieram várias melhorias, como o motor 4.1, a versão SS, os luxuosos Comodoro e Diplomata, dentre outras. No final dos anos 80 ele até recebeu um câmbio automático moderno da ZF de quatro marcha, que era usado por carros da BMW lá fora.

3. Chevrolet Chevette

O primeiro carro compacto da General Motors no Brasil foi o Chevrolet Chevette. Tratava-se de outro Opel, dessa vez o Kadett de terceira geração.

O Chevette estreou no Brasil em 1973, seis meses de ser lançado na Europa. Seu motor com comando no cabeçote foi desenvolvido para o Brasil, era diferente do usado na Europa. Ele foi o primeiro carro nacional a usar correia dentada.

O segmento de carros compactos no Brasil era liderado pelo Volkswagen Fusca e contava também com o Ford Corcel. O Chevette tinha o layout mecânico mais tradicional da época, com motor dianteiro e tração traseira.

O Chevette foi produzido até 1993, terminando a carreira muito cansado diante de rivais mais modernos como o Fiat Uno. Sua carreira foi prolifica, teve versões sedã de duas ou quatro portas, hatch, perua e a caminhonete Chevy 500. Existiu até o raro opcional do câmbio automático.

4. Chevrolet C-14 e Veraneio

A Chevrolet Brasil foi sucedida pela C-14 em 1964, que era derivada da linha C/K de picapes lançadas nos EUA em 1960. Mais uma vez o desenho da versão brasileira era exclusivo, dessa vez assinado pelo norte-americano Luther Whitmore Stier.

O grande avanço nessa mudança foi o novo chassi, que permitiu posicional a cabine em posição mais baixa. Isso dispensou a necessidade de um estribo e ficou alinhado com a tendência da época, que era de fazer carros mais baixos e largos.

O motor seguia sendo o seis cilindros em linha 4.3, agora com taxa de compressão mais alta e com potência bruta de 149 cv. A C-14 também ficou mais confortável, característica que virou um dos pontos forte da Chevrolet na briga contra a Ford.

Também em 1964 foi lançada a perua da C-14, chamada de C-1416. Ela tinha quatro portas, enquanto a antecessora Amazona trazia apenas três. A Suburban norte-americana também tinha três portas e só foi ter a quarta em 1973.

Em 1969 a perua mudou o nome para Veraneio e seguiu usando o antigo 4.3 até 1979. O 4.1 que estreou no Opala veio para os utilitários em 1980.

Na linha 1985 estreou uma atualização dos utilitários, já como C10 no modelo a gasolina, A10 quando o motor era a álcool e C10 na versão à diesel. Os modelos com maior capacidade eram A/C/D20. Essa família de picapes durou até 1997, quando foi sucedida pela Silverado.

5. Chevrolet Monza

O Chevrolet Opala se deu melhor que o rival Ford Maverick e modelos maiores como o Galaxie e o Dodge Dart. Os motores 2.5 e 4.1 gastavam menos que o oito cilindros e fez dele o carro grande de nosso mercado fechado.

Mas faltava uma opção moderna entre o Chevette e o Opala na gama, para brigar contra Volkswagen Passat e Ford Del Rey. A General Motors, mais uma vez, trouxe uma solução bastante moderna para a época: o Monza.

Assim como foi com o Chevette, o Monza era um projeto da Opel com pretensões globais. Ele tinha motor transversal, tração dianteira e desenho moderno. A produção nacional de um carro global permitiu que o Brasil pudesse aumentar as exportações.

O Monza estreou no Brasil em 1983 em uma carroceria que só teve aqui: hatch de duas portas. O motor Família 2, que trazia cabeçote em alumínio e outras inovações, era um 1.6.

Mais adiante veio a carroceria sedã, com duas ou quatro portas, e o 1.8. O Brasil exportava o 1.8 em versões aspiradas e turbo para os EUA, ambas opções eram opcionais nas versões Pontiac, Oldsmobile e Buick da plataforma do Monza.

Em 1987 veio a opção do motor 2.0, que na versão a álcool rendia 110 cv. Em 1989 o Monza ganhou injeção eletrônica, no modelo 500 EF que homenageava Emerson Fittipaldi.

A carreira do Monza durou até 1997, quando deu lugar ao moderno Vectra de segunda geração. Esse sedã consolidou o segmento dos médios que conhecemos hoje e chegou a ser o carro mais vendido do Brasil durante uma parte dos anos 80.

6. Chevrolet Omega

Com a abertura das importações, os carros de luxo da Mercedes-Benz e BMW mostraram o quanto que o Chevrolet Opala era defasado. No lugar de desistir do segmento, a General Motors decidiu responder à altura.

Em 1992 ela lançou o Chevrolet Omega, que tinha origem Opel e concorria com esses modelos da marca premium na Europa. O sedã estreou com motor 2.0 do Monza ou um seis cilindros em linha 3.0 com comando no cabeçote, que entregava 165 cv.

Um dos grandes diferenciais do Omega era a preocupação com a aerodinâmica: a dianteira tinha formato de cunha, os vidros laterais eram mais rentes às molduras, havia uma pequena cobertura sobre as rodas traseiras e o coeficiente de arrasto era de 0,30.

O Omega também trazia suspensão traseira, freios com ABS, opção de câmbio automático, computador de bordo e outras modernidades. Em 1993 veio a perua Suprema.

Na linha 1995 o motor 3.0 alemão foi trocado pelo antigo 4.1 do Opala, mas modernizado para poder render 168 cv. O comportamento era bem diferente do antecessor, com o foco passando a ser o torque em baixas rotações.

No mesmo ano o 2.0 a gasolina deu lugar a um 2.2, também com a intenção de melhorar o torque em baixa e com a mesma potência de 116 cv. Havia também um 2.0 a álcool de 130 cv.

O Omega nacional foi produzido até 1998, o nome continuou no Holden Commodore que vinha importado da Austrália. A Suprema saiu de linha mais cedo, em 1996, a pedido das concessionárias com medo de concorrência interna contra a Blazer.

7. Chevrolet Corsa

O segmento dos carros populares não chegou a ser afetado pelos importados nos anos 90. Volkswagen, Fiat, Ford e Chevrolet seguiram com modelos antigos e carburados.

Porém o Chevette era o mais defasado desse quarteto, além de ter a pior versão 1.0 do mercado. Mais uma vez a Chevrolet recorreu a Opel e fez um lançamento alinhado com o primeiro mundo, com o Corsa.

O compacto estreou no finalzinho de 1993, já como modelo 1994. Ele trazia desenho moderno, injeção eletrônica em todas as versões, ergonomia bem trabalhada e estreou o motor Família 1 por aqui.

O sucesso do Corsa foi tão grande que haviam filas de espera para comprar o modelo. O presidente da General Motors no Brasil precisou gravar um comercial pedindo para o público ter paciência que iriam receber o seu carro.

A família do Corsa contou com o hatch de duas e quatro portas, sedã, perua e picape. Com a chegada da geração seguinte, em 2003, a primeira continuou em produção na versão sedã e com o nome Classic até 2016.

O motor Família 1 que estreou com o Corsa continua vivo no Brasil. Ele teve versões 1.0, 1.4, 1.6 e 1.8. Essa última é usada no Spin e já atende a exigente norma de emissões Proconve L8.

8. Chevrolet S1

Durante os anos 80 haviam dois segmentos de caminhonetes no Brasil: as grandes tradicionais e as compactas derivadas de carros. Com a abertura das importações começaram a chegar modelos médios.

A General Motors foi a primeira empresa estabelecida no Brasil e produzir localmente uma caminhonete média, com a Chevrolet S10. O modelo ganhou um desenho exclusivo na dianteira, mais alinhado com os carros com origem Opel, e o motor 2.2 a gasolina era o Família II.

Essa escolha foi um sucesso, obrigando a Ford a correr para fazer a Ranger na Argentina e abriu o interesse das japonesas. A família da S10 cresceu com as versões V6, cabine dupla, turbodiesel e com o SUV Blazer.

A geração seguinte foi projetada no Brasil para ser vendida em todo o planeta. Esse modelo ganhou uma reforma grande em 2024, que incluiu interior novo, suspensão mais confortável, mais força no motor e câmbio de 8 marchas.

9. Chevrolet Meriva

Chevrolet Meriva nessa lista? Isso mesmo. Ele pode não ter sido um grande sucesso ou um carro que marcou como um Opala, mas tem uma grande importancia para a General Motors do Brasil.

A empresa possui um centro de desenvolvimento bem aparelhado no Brasil, onde é possível desenvolver um carro do zero sem depender de outros países. A engenharia brasileira ficou responsável por criar uma minivan derivada do Corsa, que seria vendida também na Europa.

O primeiro conceito que antecipava o Meriva foi o Sabiá, uma picape criada pela equipe brasileira e exposta no Salão de Detroit de 2001. O visual da dianteira dele foi o adotado pela versão de produção da minivan.

O Chevrolet Meriva estreou em 2003 no Brasil e na Europa. Por aqui ele usava o motor 1.8 Família 1 em versões de 8 ou 16 válvulas. Foi a opção familiar da linha de compactos, começando o segmento de minivans compactas que depois seria acompanhado pelo Fiat Idea e Citroën C3 Picasso.

O Meriva foi produzido até 2012 e fez sucesso também como táxi. Seu sucessor foi o Spin, igualmente projetado no Brasil e com versões de sete lugares.

10. Chevrolet Onix

A segunda metade dos anos 2000 foi conturbada para a General Motors do Brasil. Ela estava abandonando os projetos com origem Opel e a gama começou a ficar defasada.

O que marcou essa transição foi o Agile, um compacto desengonçado que nasceu às pressas. A engenharia trabalhava com afinco em outro modelo para suceder o Corsa e o Celta, mas a crise de 2009 que afetou a matriz obrigou a marca a adiar o projeto e fazer um modelo novo sobre uma plataforma antiga.

O tal projeto adiado era o do Onix. Ele usava a plataforma mais recente de carros compactos da GM no mundo, que também foi usada pelo Opel Corsa de quarta geração e pelo Chevrolet Sonic.

O Onix mantinha o antigo motor Família 1, que foi atualizado para ficar mais econômico. Ele teve a primazia de oferecer central multimídia em um carro compacto e a de oferecer câmbio automático de seis marchas.

A primeira geração do Onix recebeu mais atualizações mecânicas para melhorar a eficiência com o passar do tempo. Isso incluiu o câmbio manual de seis marchas, item que é exclusivo da Chevrolet dentre os 1.0.

O Onix é um carro muito procurado no mercado de usados até hoje por causa da robustez e do motor Família 1 fácil de manter. A segunda geração estreou em 2019, mas com projeto chinês e mecânica nova.

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