100 anos de Brasil: os 10 carros mais importantes da General Motors
A montadora está comemorando seu centenário e teve muitos carros que fizeram — e ainda fazem — história no Brasil
A montadora está comemorando seu centenário e teve muitos carros que fizeram — e ainda fazem — história no Brasil
A General Motors foi uma das primeiras montadoras a se instalar no Brasil. Ela chegou com a marca Chevrolet, alguns anos depois da Ford, e produzindo carros e caminhões no regime CKD.
Os veículos chegavam desmontados e dentro de caixas. A linha de produção no Brasil consistia apenas em montá-los, o índice de nacionalização de peças era mínimo.
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A data exata da fundação é dia 26 de janeiro de 1925, conforme está no registro feito no II Tabelionato de São Paulo. A primeira sede foi localizada na Avenida Presidente Wilson, 2.935, no bairro do Ipiranga, em São Paulo (SP).
Com o plano de criar uma indústria de carros no Brasil, criado por Juscelino Kubitschek, a General Motors começou a nacionalizar seus produtos. Ela começou em 1957 fazendo caminhões, a primeira caminhonete leve veio em 1958 com a 3.100.
A linha de carros de passeio começou com o Opala, em 1968. Apesar de vender apenas com a marca Chevrolet no Brasil, a linha de carros de passeio tinha mais relações com o Opel alemã.
Para contextualizar a história desses 100 anos de General Motors no Brasil, vamos relembrar os modelos mais importantes que o grupo produziu por aqui. Alguns ajudaram a revolucionar nosso mercado.
A caminhonete 3100, conhecida também como Chevrolet Brasil, estreou em 1958 já com motores fundidos em São José dos Campos (SP). Ela era baseada na caminhonete norte-americana Advance-Design, mas o desenho da dianteira era brasileiro.
O emblema da Chevrolet tinha em seu interior o desenho do mapa do Brasil. A caminhonete foi apelidada de Martha Rocha por causa dos para-lamas largos, que lembravam o quadril da miss.
A General Motors usou o chassi da caminhonete como base para alguns derivados, que tinham a carroceria feita pela Brasinca. A versão de cabine dupla era chamada de Alvorada, a perua (na época não usavam a sigla SUV) era a Amazona e o furgão era o Corisco.
O motor usado era o seis cilindros em linha 4.3 a gasolina, com potência bruta de 142 cv. Esse motor da General Motors já tinha boa fama no Brasil por sua robustez e ajudou a consolidar a marca.
O primeiro carro de passeio nacional da General Motors no Brasil foi o Chevrolet Opala. O ponto de partida desse projeto foi a carroceria do Opel Rekord alemão, um sedã de porte médio para a época.
Na Europa ele usava motores de quatro cilindros de 1.5 a 1.9, e um seis em linha de apenas 2,2 litros. Aqui esses motores deram lugar a um 2.5 de quatro cilindros e ao 3.8 de seis, ambos da mesma família.
O Opala estreou uma nova geração do seis em linha da Chevrolet, mais eficiente que o modelo anterior que era usado pelas picapes e caminhões. O estilo trazia algumas diferenças em relação ao modelo europeu, como os faróis circulares na dianteira e algumas inspirações no Nova norte-americano.
A escolha de lançar um carro intermediário foi muito bem acertada pela Chevrolet. O mais próximo de um concorrente que existia era o Aero Willys, que tinha um projeto bastante antigo e usava moto pré-guerra.
O Opala sobreviveu a crise do petróleo e foi produzido até 1992. Em sua carreira vieram várias melhorias, como o motor 4.1, a versão SS, os luxuosos Comodoro e Diplomata, dentre outras. No final dos anos 80 ele até recebeu um câmbio automático moderno da ZF de quatro marcha, que era usado por carros da BMW lá fora.
O primeiro carro compacto da General Motors no Brasil foi o Chevrolet Chevette. Tratava-se de outro Opel, dessa vez o Kadett de terceira geração.
O Chevette estreou no Brasil em 1973, seis meses de ser lançado na Europa. Seu motor com comando no cabeçote foi desenvolvido para o Brasil, era diferente do usado na Europa. Ele foi o primeiro carro nacional a usar correia dentada.
O segmento de carros compactos no Brasil era liderado pelo Volkswagen Fusca e contava também com o Ford Corcel. O Chevette tinha o layout mecânico mais tradicional da época, com motor dianteiro e tração traseira.
O Chevette foi produzido até 1993, terminando a carreira muito cansado diante de rivais mais modernos como o Fiat Uno. Sua carreira foi prolifica, teve versões sedã de duas ou quatro portas, hatch, perua e a caminhonete Chevy 500. Existiu até o raro opcional do câmbio automático.
A Chevrolet Brasil foi sucedida pela C-14 em 1964, que era derivada da linha C/K de picapes lançadas nos EUA em 1960. Mais uma vez o desenho da versão brasileira era exclusivo, dessa vez assinado pelo norte-americano Luther Whitmore Stier.
O grande avanço nessa mudança foi o novo chassi, que permitiu posicional a cabine em posição mais baixa. Isso dispensou a necessidade de um estribo e ficou alinhado com a tendência da época, que era de fazer carros mais baixos e largos.
O motor seguia sendo o seis cilindros em linha 4.3, agora com taxa de compressão mais alta e com potência bruta de 149 cv. A C-14 também ficou mais confortável, característica que virou um dos pontos forte da Chevrolet na briga contra a Ford.
Também em 1964 foi lançada a perua da C-14, chamada de C-1416. Ela tinha quatro portas, enquanto a antecessora Amazona trazia apenas três. A Suburban norte-americana também tinha três portas e só foi ter a quarta em 1973.
Em 1969 a perua mudou o nome para Veraneio e seguiu usando o antigo 4.3 até 1979. O 4.1 que estreou no Opala veio para os utilitários em 1980.
Na linha 1985 estreou uma atualização dos utilitários, já como C10 no modelo a gasolina, A10 quando o motor era a álcool e C10 na versão à diesel. Os modelos com maior capacidade eram A/C/D20. Essa família de picapes durou até 1997, quando foi sucedida pela Silverado.
O Chevrolet Opala se deu melhor que o rival Ford Maverick e modelos maiores como o Galaxie e o Dodge Dart. Os motores 2.5 e 4.1 gastavam menos que o oito cilindros e fez dele o carro grande de nosso mercado fechado.
Mas faltava uma opção moderna entre o Chevette e o Opala na gama, para brigar contra Volkswagen Passat e Ford Del Rey. A General Motors, mais uma vez, trouxe uma solução bastante moderna para a época: o Monza.
Assim como foi com o Chevette, o Monza era um projeto da Opel com pretensões globais. Ele tinha motor transversal, tração dianteira e desenho moderno. A produção nacional de um carro global permitiu que o Brasil pudesse aumentar as exportações.
O Monza estreou no Brasil em 1983 em uma carroceria que só teve aqui: hatch de duas portas. O motor Família 2, que trazia cabeçote em alumínio e outras inovações, era um 1.6.
Mais adiante veio a carroceria sedã, com duas ou quatro portas, e o 1.8. O Brasil exportava o 1.8 em versões aspiradas e turbo para os EUA, ambas opções eram opcionais nas versões Pontiac, Oldsmobile e Buick da plataforma do Monza.
Em 1987 veio a opção do motor 2.0, que na versão a álcool rendia 110 cv. Em 1989 o Monza ganhou injeção eletrônica, no modelo 500 EF que homenageava Emerson Fittipaldi.
A carreira do Monza durou até 1997, quando deu lugar ao moderno Vectra de segunda geração. Esse sedã consolidou o segmento dos médios que conhecemos hoje e chegou a ser o carro mais vendido do Brasil durante uma parte dos anos 80.
Com a abertura das importações, os carros de luxo da Mercedes-Benz e BMW mostraram o quanto que o Chevrolet Opala era defasado. No lugar de desistir do segmento, a General Motors decidiu responder à altura.
Em 1992 ela lançou o Chevrolet Omega, que tinha origem Opel e concorria com esses modelos da marca premium na Europa. O sedã estreou com motor 2.0 do Monza ou um seis cilindros em linha 3.0 com comando no cabeçote, que entregava 165 cv.
Um dos grandes diferenciais do Omega era a preocupação com a aerodinâmica: a dianteira tinha formato de cunha, os vidros laterais eram mais rentes às molduras, havia uma pequena cobertura sobre as rodas traseiras e o coeficiente de arrasto era de 0,30.
O Omega também trazia suspensão traseira, freios com ABS, opção de câmbio automático, computador de bordo e outras modernidades. Em 1993 veio a perua Suprema.
Na linha 1995 o motor 3.0 alemão foi trocado pelo antigo 4.1 do Opala, mas modernizado para poder render 168 cv. O comportamento era bem diferente do antecessor, com o foco passando a ser o torque em baixas rotações.
No mesmo ano o 2.0 a gasolina deu lugar a um 2.2, também com a intenção de melhorar o torque em baixa e com a mesma potência de 116 cv. Havia também um 2.0 a álcool de 130 cv.
O Omega nacional foi produzido até 1998, o nome continuou no Holden Commodore que vinha importado da Austrália. A Suprema saiu de linha mais cedo, em 1996, a pedido das concessionárias com medo de concorrência interna contra a Blazer.
O segmento dos carros populares não chegou a ser afetado pelos importados nos anos 90. Volkswagen, Fiat, Ford e Chevrolet seguiram com modelos antigos e carburados.
Porém o Chevette era o mais defasado desse quarteto, além de ter a pior versão 1.0 do mercado. Mais uma vez a Chevrolet recorreu a Opel e fez um lançamento alinhado com o primeiro mundo, com o Corsa.
O compacto estreou no finalzinho de 1993, já como modelo 1994. Ele trazia desenho moderno, injeção eletrônica em todas as versões, ergonomia bem trabalhada e estreou o motor Família 1 por aqui.
O sucesso do Corsa foi tão grande que haviam filas de espera para comprar o modelo. O presidente da General Motors no Brasil precisou gravar um comercial pedindo para o público ter paciência que iriam receber o seu carro.
A família do Corsa contou com o hatch de duas e quatro portas, sedã, perua e picape. Com a chegada da geração seguinte, em 2003, a primeira continuou em produção na versão sedã e com o nome Classic até 2016.
O motor Família 1 que estreou com o Corsa continua vivo no Brasil. Ele teve versões 1.0, 1.4, 1.6 e 1.8. Essa última é usada no Spin e já atende a exigente norma de emissões Proconve L8.
Durante os anos 80 haviam dois segmentos de caminhonetes no Brasil: as grandes tradicionais e as compactas derivadas de carros. Com a abertura das importações começaram a chegar modelos médios.
A General Motors foi a primeira empresa estabelecida no Brasil e produzir localmente uma caminhonete média, com a Chevrolet S10. O modelo ganhou um desenho exclusivo na dianteira, mais alinhado com os carros com origem Opel, e o motor 2.2 a gasolina era o Família II.
Essa escolha foi um sucesso, obrigando a Ford a correr para fazer a Ranger na Argentina e abriu o interesse das japonesas. A família da S10 cresceu com as versões V6, cabine dupla, turbodiesel e com o SUV Blazer.
A geração seguinte foi projetada no Brasil para ser vendida em todo o planeta. Esse modelo ganhou uma reforma grande em 2024, que incluiu interior novo, suspensão mais confortável, mais força no motor e câmbio de 8 marchas.
Chevrolet Meriva nessa lista? Isso mesmo. Ele pode não ter sido um grande sucesso ou um carro que marcou como um Opala, mas tem uma grande importancia para a General Motors do Brasil.
A empresa possui um centro de desenvolvimento bem aparelhado no Brasil, onde é possível desenvolver um carro do zero sem depender de outros países. A engenharia brasileira ficou responsável por criar uma minivan derivada do Corsa, que seria vendida também na Europa.
O primeiro conceito que antecipava o Meriva foi o Sabiá, uma picape criada pela equipe brasileira e exposta no Salão de Detroit de 2001. O visual da dianteira dele foi o adotado pela versão de produção da minivan.
O Chevrolet Meriva estreou em 2003 no Brasil e na Europa. Por aqui ele usava o motor 1.8 Família 1 em versões de 8 ou 16 válvulas. Foi a opção familiar da linha de compactos, começando o segmento de minivans compactas que depois seria acompanhado pelo Fiat Idea e Citroën C3 Picasso.
O Meriva foi produzido até 2012 e fez sucesso também como táxi. Seu sucessor foi o Spin, igualmente projetado no Brasil e com versões de sete lugares.
A segunda metade dos anos 2000 foi conturbada para a General Motors do Brasil. Ela estava abandonando os projetos com origem Opel e a gama começou a ficar defasada.
O que marcou essa transição foi o Agile, um compacto desengonçado que nasceu às pressas. A engenharia trabalhava com afinco em outro modelo para suceder o Corsa e o Celta, mas a crise de 2009 que afetou a matriz obrigou a marca a adiar o projeto e fazer um modelo novo sobre uma plataforma antiga.
O tal projeto adiado era o do Onix. Ele usava a plataforma mais recente de carros compactos da GM no mundo, que também foi usada pelo Opel Corsa de quarta geração e pelo Chevrolet Sonic.
O Onix mantinha o antigo motor Família 1, que foi atualizado para ficar mais econômico. Ele teve a primazia de oferecer central multimídia em um carro compacto e a de oferecer câmbio automático de seis marchas.
A primeira geração do Onix recebeu mais atualizações mecânicas para melhorar a eficiência com o passar do tempo. Isso incluiu o câmbio manual de seis marchas, item que é exclusivo da Chevrolet dentre os 1.0.
O Onix é um carro muito procurado no mercado de usados até hoje por causa da robustez e do motor Família 1 fácil de manter. A segunda geração estreou em 2019, mas com projeto chinês e mecânica nova.
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