Quem foi o Audi Quattro, o carro que popularizou a tração integral?
O contato de um engenheiro com um jipe militar acabou revolucionando os carros de rali e popularizando a tração integral nos carros de rua
O contato de um engenheiro com um jipe militar acabou revolucionando os carros de rali e popularizando a tração integral nos carros de rua
A tração integral é algo que já virou corriqueiro nos carros. Ela pode ajudar no fora de estrada e dar mais estabilidade no asfalto molhado. Sua popularização nos carros de passeio foi graças ao Audi Quattro, lançado em 1980.
Antes do alemão, já existiam carros de passeio assim. A Subaru fez seu primeiro em 1971, com a perua FF-1 feita a pedido de uma empresa de energia do Japão. Antes disso, em 1966, teve o Jensen FF, um grand tourer britânico, com motor V8 Dodge, desenho italiano e tração integral, mas apenas 320 unidades foram feitas.
VEJA TAMBÉM:
Os carros da Subaru com tração integral estavam ganhando seu espaço aos poucos, mas sem virar manchete a nível global. Em alguns mercados a marca vendia os carros juntos de equipamentos agrícolas, focando no lado utilitário desse sistema.
O Audi Quattro nasceu da vontade dos alemães de serem campeões no mundial de rali (WRC). O engenheiro Jörg Bensinger propôs a criação de um esportivo com tração nas quatro rodas após testar o jipe militar Volkswagen Iltis.
O projeto foi aprovado por Ferdinand Piëch, que era o chefe de pesquisas e desenvolvimentos da Audi na época. O primeiro protótipo foi feito com o sedã 80 e testado no passo de Turracher Höhe durante o inverno, com subidas de até 23% cobertas de neve. O carro subiu sem precisar de pneus para neve.
Isso deu o sinal verde para o projeto, que foi lançado em 1980 com o nome Quattro – que é “quatro” em italiano. A primeira versão usava motor de cinco cilindros em linha 2.1 turbinado, que entregava 200 cv. Para a época era mais que muito motor V8.
O Audi Quattro já começou a correr no WRC no ano seguinte, com a francesa Michèle Mouton ao volante de um carro e o finlandês Hannu Mikkola com outro. No primeiro ano eles já garantiram a quinta colocação no campeonato.
No ano seguinte a equipe Audi passou a contar com um terceiro carro, pilotado pelo sueco Stig Blomqvist. O Quattro se consagrou em 1982 como o primeiro carro de tração integral campeão no mundial de rali. Ele ficou em segundo em 1983, repetiu a primeira colocação em 1984 e voltou a ser segundo em 1985.
Esses bons resultados da Audi mudaram a trajetória do campeonato mundial de rali. Os carros de tração dianteira e traseira sumiram para dar lugar a modelos de tração integral.
Isso veio durante a época do Grupo B, que não havia restrições. Os carros de corrida passavam dos 500 cv e pesavam menos de 1 tonealada.
A Audi desenvolveu o Sport Quatto para o Grupo B, com entre-eixos mais curto e motor mais potente. A versão de rua tinha 306 cv, já a de competição batia nos 450 cv.
Depois veio o Sport Quattro S1, com aerodinâmica mais agressiva e motor ainda mais fortes. Esse foi o carro final da Audi no Grupo B, a categoria foi extinta em 1985 após acidentes graves.
As corridas de rali foram a melhor propaganda possível para o Audi Quattro e criou a imagem desse esportivo. A marca aproveitou para colocar a tração integral em outros carros de sua linha.
O primeiro a receber foi o 80, que era irmão do nosso Volkswagen Santana. Tanto o sedã quanto a perua traziam a tração quattro e o motor 2.1 de cinco cilindros, mas sem o turbo.
Também existiram versões de tração integral do 200, que foi vendido nos EUA como 5000. Enquanto isso o Quattro seguia como o esportivo topo de linha da marca.
Na linha 1987 o deslocamento do motor cresceu para 2.2, sem mudar a potência, mas entregando o torque máximo mais cedo. Já em 1989 esse motor ganhou cabeçote de 20 válvulas com comando duplo, que subiu a potência para 220 cv.
O visual do carro mudou pouco de 1980 até sair de linha em 1991. Foram mudanças pontuais, como os faróis em peça única no lugar dos duplos, o painel digital e melhorias de convivência.
Quando saiu de linha, o Audi Quattro já havia cumprido sua função de colocar a marca no mapa do automobilismo. Ele teve um sucessor, o S2 Coupé, que não fez o mesmo sucesso.
Quem tomou o posto de esportivo fazedor de imagem da marca foi a perua RS2 Avant, feita com a ajuda da Porsche. Mas aí já é história para outro dia.
👍 Curtiu? Apoie nosso trabalho seguindo nossas redes sociais e tenha acesso a conteúdos exclusivos. Não esqueça de comentar e compartilhar.
TikTok | YouTube | X |
Ah, e se você é fã dos áudios do Boris, acompanhe o AutoPapo no YouTube Podcasts:
Podcast - Ouviu na Rádio | AutoPapo Podcast |