Cinco inovações inúteis que estão aparecendo nos carros

Novas tecnologias podem vir para ajudar, porém algumas apareceram só para serem diferentes e chamar a atenção do público

audi e tron 55 quattro s line retrovisor por camera
A câmera faz o mesmo que um espelho, só que mais caro (Foto: Audi | Divulgação)
Por Eduardo Rodrigues
Publicado em 10/04/2024 às 19h02

Os carros mais novos estão recebendo cada vez mais tecnologias graça aos avanços da eletrônica. Em meio aos novos recursos que realmente ajudam e os novos sistemas de propulsão, vieram algumas inovações que são bem inúteis.

Na maioria das vezes, essas novidades vêm apenas para fazer uma graça e chamar a atenção do consumidor. Os carros sempre tiveram bossas sem utilidade prática com esse fim, desde as tomadas de ar falsas dos muscle cars aos apliques em plástico sem pintura dos aventureiros.

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A diferença hoje é que essas inovações inúteis viraram eletrônicas. Muitas acabam vindo junto de reduções de custos. Listamos aqui as que mais nos incomodam.

1. Maçanetas eletrônicas

A maçaneta na maioria dos carros consiste em uma peça que puxa um cabo que libera as portas. Sistema simples e quase tão antigo quanto o próprio automóvel.

O Chevrolet Corvette C6 foi um dos primeiros carros a trocar essa solução por um botão, que libera a porta eletronicamente. Para garantir que os ocupantes possam sair em caso de pane elétrica, existe uma alavanca no assoalho que libera a porta.

Esse tipo de inovação é inútil pois o esforço para puxar uma maçaneta é mínimo. Além disso, o sistema mecânico precisa estar presente para situações de emergência.

A maçaneta por botão se popularizou em carros elétricos, estando presente na linha da Tesla. Um vídeo viralizou recentemente pois o motorista ficou preso em seu Model X após a bateria de 12 volts arriar e o carro precisou ser guinchado.

Se esse proprietário tivesse lido o manual do carro, saberia que existe uma maçaneta mecânica próxima a eletrônica.

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Alguns carros, como os da Mercedes, utilizam maçanetas externas motorizadas (Foto: Mercedes-Benz | Divulgação)

Outra inovação inútil relacionada com as portas são as maçanetas externas motorizadas. Elas ficam embutidas na carroceria e saem quando o motorista chega perto com a chave presencial.

A ideia é melhorar a aerodinâmica, mas isso cria um problema nos países onde a temperatura cai abaixo de 0°C: o gelo trava as maçanetas. É preciso fazer um degelo só para entrar no carro. Sem contar na possibilidade do motor elétrico dar defeito no futuro.

2. Ar-condicionado e outros comando apenas em telas

peugeot 208 turbo 200 style central multimidia comandos do ar condicionado
Botões físicos permitem ajustar o ar sem precisar desviar a atenção (Foto: Peugeot | Divulgação)

Uma central multimídia vistosa no painel comandando todo tipo de função enche os olhos na concessionária. Ter apenas lá os comandos do som e configurações de alguns recursos é ok, o problema é quando a tela é necessária para ajustar o ar-condicionado e outros itens que são usados com frequência.

A situação mais frequente é estar usando o espelhamento do smartphone com o navegador. Em alguns carros é preciso sair dessa tela, ir para o menu principal e achar os comandos da climatização.

Alguns carros, como o Peugeot 208, possuem um botão físico que já coloca nessa tela. Ainda assim, é preciso olhar para a tela, tirando a atenção do trânsito, para ajustar a temperatura e a velocidade do ar-condicionado.

Em carros com comandos físicos, esses ajustes podem ser feitos apenas no tato. Girar os botões ou apertar as teclas viram um ato mecânica quando se tem costume com o carro.

3. Retrovisores externos por câmeras

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Esse sistema é o famoso “seis por meia dúzia” (Foto: Audi | Divulgação)

A Audi foi a primeira montadora a lançar no Brasil um carro que troca os espelhos retrovisores externos por câmeras. Essa inovação veio no E-Tron, sendo útil para reduzir o arrasto aerodinâmico, porém inútil quando o assunto é visibilidade.

A desvantagem desse sistema é que não traz ganhos expressivos sobre o tradicional espelho. Ele oferece campo de visão similar e não possui visão noturna para compensar durante a noite. E, caso quebra, sai mais caro que o espelho comum.

No Brasil ainda não existem mais carros com isso, apenas o caminhão Mercedes-Benz Actros. O que está popularizando — e tem utilidade — é o espelho interno eletrônico.

As picapes gigantes Ram 1500 e Chevrolet Silverado possuem o recurso, que melhor a visibilidade. Ele pode ser alternado para o espelho comum, que não mostra muito devido aos problemas naturais de visibilidade desses carros.

4. Painel digital que mostra pouca informação

citroen c3 aircross shine painel de instrumentos digital
A tela é mais barata que os ponteiros, e alguns carros com painel analógico possuem computador de bordo mais completos que alguns que são 100% digitais (Foto: Citroën | Divulgação)

A popularização dos painéis digitais em carros modernos não é por moda ou benevolência das montadoras, eles são mais baratos. Há anos as informações mostradas nos instrumentos chegam por via eletrônica, com os ponteiros replicando os dados.

Hoje, uma simples tela é mais barata que fazer os “reloginhos”, que usa mais peças e precisa de motores elétricos. Alguns carros nem escondem esse corte de custos, usando painéis digitais bem simples.

Modelos como o Citroën C3 Aircross e o Peugeot 208 possuem painéis digitais vistosos, porém com poucas informações: mostram apenas consumo e dois hodômetros parciais.

Existem modelos com painel analógico que exibem bem mais informações que alguns 100% digitais, como o Chevrolet Equinox, a Fiat Strada e a Nissan Frontier. Os digitais com poucas informações são inovações inúteis, diferente dos que são configuráveis e podem mostrar diversas informações.

5. Tela que gira

A primeira coisa que muitos fazem ao entrar no BYD é apertar o botão que faz girar a tela. É um recurso que chama muita atenção e reforça a imagem da marca de trazer avanços em tecnologia.

Após ver a tela girar e mostrar para os familiares e amigos, a tendência é deixar a tela quieta em uma posição. Geralmente a horizontal, por ser a usada pelo espelhamento de smartphone.

Pensando de forma fria, essa tela que gira é uma inovação inútil por ter pouco uso prático no dia-a-dia. A garantia dela ser de apenas um ano na lançamento, agora são três anos, gerou desconfiança da durabilidade desse sistema motorizado.

A BYD não é a única marca chinesa a inventar moda com a sua tela. A Zeekr lançou um SUV cuja central multimídia é deslizando, podendo ficar no centro do painel ou em frente o passageiro. O recurso foi desabilitado na Europa por não atender às normas locais.

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