Jeep: como uma marca acabou virando sinônimo de off-road
O termo 'jipe' é usado oficialmente pelo Contran para definir veículos fora de estrada; uma das provas da força da marca Jeep
O termo 'jipe' é usado oficialmente pelo Contran para definir veículos fora de estrada; uma das provas da força da marca Jeep
Quando um produto é bem consolidado ou inovador, o nome de sua marca pode acabar virando sinônimo do objeto. Você fala fotocopiadora ou Xerox? Amido de milho ou Maizena? Lâmina de barbear ou Gilette? Palha de aço ou Bombril? Veículo fora de estrada ou Jeep?
A marca Jeep é tão forte no mundo off-road que seu nome foi abrasileirado para “jipe”, palavra usada inclusive pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran) para definir veículos fora de estrada dedicados. A história de como a empresa ganhou toda essa importância passa pela sua origem, ainda na Segunda Guerra Mundial.
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O exército dos Estados Unidos da América (EUA) precisava de um veículo leve e padronizado para ser usado em missões de reconhecimento, patrulha e transporte de soldados. Um carro para uso geral, General Purpose, em inglês, identificado pela sigla G.P.
A pronúncia da sigla, “gee pee”, acabou se transformando em “Jeep”. É uma situação semelhante a do Hummer, que no exército é identificado pela sigla HMMWV, que passou a ser pronunciada como Humvee e evoluiu para o nome da marca.
Existe também a teoria de que o nome Jeep veio de Eugene the Jeep, o personagem de Popeye. Esse animal mágico era prestativo e aparecia na hora certa para ajudar o marinheiro, tarefa bem parecida com a do valente veículo fora de estrada.
As exigências do exército para o veículo de uso geral eram ser leve, versátil e ter tração nas quatro rodas. Até então, os militares dependiam de automóveis maiores ou de motos, sem ter um meio-termo.
Foi aberta uma concorrência entre os fabricantes e o vencedor foi o projeto MB da Willys-Overland. Ele pesava 1.113 kg, trazia motor 2.2 de 61 cv, podia atingir 105 km/h e atendia a todas as demandas. Um Jeep subiu as escadarias do Capitólio em Washington para provar suas capacidades às autoridades.
A tração 4×4 já existia em outros veículos, mas o Willys MB inovou por usá-la em um carro leve. Essa união de capacidade fora de estrada com o tamanho reduzido foi imbatível. Segundo o General George Marshall, o Jeep foi a maior contribuição dos EUA para as campanhas militares modernas.
As mesmas capacidades que fizeram do MB bom no exército se provaram útil para trabalhos civis. Em 1945 a Willys criou a divisão Jeep e uma versão para o público geral chamada CJ-2A. O “CJ” significa “Jeep Civil”.
O foco desse modelo era o uso rural, trazendo uma tomada de força com seu motor ligado a implementos. Assim como na guerra, o Jeep podia substituir um cavalo em tarefas como arar o solo.
Os primeiros derivados do CJ foram variantes para esse uso. Em 1946 veio a perua com carroceria metálica, uma inovação para a época. No Brasil, essa configuração foi vendida como Rural. No ano seguinte chegou a caminhonete.
Essa dupla tinha a vantagem de ser mais compacta que veículos similares da concorrência e já traziam a tração 4×4 de fábrica. Isso enquanto as caminhonetes e utilitários de outras marcas precisavam ter a tração nas quatro rodas instaladas por empresas terceirizadas.
Nem só de trabalho vive o homem. O mesmo serve para o carro. Consumidores começaram a comprar o Jeep para o lazer, já que a tração 4×4 permitia a chegada a locais de difícil acesso para acampamento e pesca.
A família CJ foi se diversificando, ganhando motores mais potentes, mais opcionais e versões com acabamento mais jovial. O nome Renegade apareceu pela primeira vez em 1970, em uma versão de estilo esportivo, com rodas de liga leve, pintura em cores chamativas e motor de seis cilindros.
Outra edição que marca esse novo espírito do Jeep CJ foi a Levi’s, com bancos trazendo o brim da famosa marca de calças jeans. Nos anos 70 existia a opção de motor V8 5.0 nos EUA.
Em 1963 a antiga perua Jeep foi substituída pelo Wagoneer. De início, esse era apenas um sucessor com porte maior, mantendo a austeridade que fez a fama da marca.
Em 1966 a Jeep inovou lançando o Super Wagoneer, uma versão de luxo de seu utilitário. Esse foi o pai dos SUVs luxuosos que dominam o mercado atualmente. O modelo trazia motor V8 de 274 cv, câmbio automático, bancos dianteiros individuais separados por um console, direção hidráulica, ar-condicionado, rádio, coluna de direção regulável e até teto de vinil.
A fórmula provou ser um sucesso. Com o passar do tempo, o Wagoneer foi ficando cada vez mais luxuoso, com as versões de trabalho sendo eliminadas no início dos anos 80. Esse SUV acabou virando um ícone e continuou em produção até 1991. Ele foi o carro mais longevo da Jeep.
O Jeep Wagoneer era um SUV grande e abaixo dele existia apenas o CJ. Para preencher essa lacuna, foi criado o Cherokee, que inovou por usar estrutura do tipo monobloco. Até então, ter um chassi era considerado requisito para um veículo fora de estrada.
O porte menor com a valentia Jeep agradou tanto no trabalho quanto no uso familiar. Essa fórmula do monobloco foi reutilizada em um SUV maior que revolucionou outro segmento: o Grand Cherokee.
Se o Wagoneer foi o primeiro SUV de luxo, o Grand Cherokee foi a evolução dessa fórmula. O motor V8, o interior bem acabado e a tração integral permanente faziam ele se destacar perante a concorrência.
O Jeep Grand Cherokee também foi o primeiro SUV esportivo com a versão LX 5.9. O motor de 249 cv fazia com que esse grandalhão acelerasse de zero a 100 km/h em 7,3 segundos. Foi o carro mais rápido da marca até a chegada do Grand Cherokee SRT8, em 2006.
Em 2015 foi iniciada a produção nacional do Jeep Renegade, SUV compacto que caiu nas graças do público e fez a marca crescer rapidamente no Brasil. No ano seguinte a fábrica de Goiana (PE) passou a fazer também o médio Compass. Em 2021 a marca lançou o Commander, o primeiro Jeep projetado no Brasil.
A dupla Renegade e Compass figurou várias vezes no top 10 dos carros mais vendidos do Brasil. Hoje a Jeep já produziu quase um milhão de unidades desses SUVs por aqui e a marca lidera nas vendas do segmento.
Atualmente a Jeep possui uma gama bem completa, que vai do compacto Renegade ao enorme Grand Wagoneer, passando pelos tradicionais Wrangler e Gladiator. Uma característica comum em todos esses veículos é a valentia no fora de estrada.
Se você ver um Jeep com o emblema “Trail Rated”, significa que o SUV foi aprovado na famosa trilha Rubicon. O Renegade Trailhawk é um dos carros que ostenta esse mérito.
Agora a Jeep está investindo na eletrificação para tornar seus SUVs mais eficientes. No Brasil já conhecemos o Compass 4XE, que utiliza um sistema híbrido plug-in com motor elétrico no eixo traseiro. Além da redução no consumo e nas emissões, esse esquema tem acerto próprio para as trilhas.
A tecnologia 4XE também está presente no Wrangler, que é o sucessor direto do Willys MB criado para a guerra. O plano da marca é ser líder global em SUVs eletrificados, incluindo híbridos e modelos 100% elétricos.
A marca Jeep já virou sinônimo de fora de estrada, agora irá reafirmar isso independente da motorização.
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Tenho jeep a oito anos muito bom mesmo recomendo.