Quais serão as maiores montadoras do mundo em 10 anos?

O carro elétrico não muda apenas a mecânica, mas todas as peças no tabuleiro de xadrez do setor automobilístico

carros eletricos em alta no mercado foto shutterstock
Os carros elétricos estão provocando uma verdadeira revolução no setor (Foto: Shutterstock)
Por Boris Feldman
Publicado em 10/08/2024 às 09h03

A eletrificação veicular voltou à cena mais de um século depois de ter perdido a guerra para a gasolina que chegou farta e barata. E num momento crucial em que responde às exigências da sociedade para a descarbonização do planeta.

O motor à combustão virou o jogo em relação ao elétrico no início do século 20 principalmente pelo reduzido alcance (autonomia) das baterias da época. Com este problema sendo superado, o elétrico volta a ser uma importante peça no xadrez do setor, principalmente por seu reduzido teor de emissões, ao encontro das metas estabelecidas em acordos internacionais do meio ambiente.

VEJA TAMBÉM:

O carro a bateria traz diversas vantagens em relação ao motor a combustão, a começar da simplificação da linha de montagem (redução de centenas de componentes) e também de sua manutenção. Além do menor custo do km rodado. E desvantagens: dificuldade de pontos de recarga, alcance (ainda) limitado, descarte das baterias e fontes não limpas de energia para a recarga.

Disruptura do setor automotivo

Mas, além de alterar o modus operandi das fábricas e o sistema de pós-venda, a eletrificação do automóvel está resultando também numa completa disruptura do setor, jogando por terra conceitos, políticas e padrões centenários das marcas mais famosas e tradicionais do mundo.

Quem diria, 20 anos atrás, que uma desconhecida Tesla comandada por um bilionário excêntrico que encasquetou de só produzir carros elétricos atingiria patamares tão elevados, com valores em bolsa superiores aos da GM, Ford ou VW?

Quem diria, 10 anos atrás, que os carros chineses – então motivo de chacota – surpreenderiam o mundo com sua tecnologia e qualidade?

Aliás, tem uma história a este respeito pouco divulgada. Que há cerca de 20 anos, os chineses perceberam o atraso de seus modelos em relação aos ocidentais. O governo contratou um diretor da Audi na Alemanha para o Ministério do Comércio e Indústria (ou coisa que o valha) e pediu-lhe um estudo para se aprimorar o setor automobilístico chinês.

CARRO ELÉTRICO CHINES BRASIL
Chineses criaram o cenário perfeito para se tornarem líderes entre elétricos

Ele disse que a indústria chinesa estava pelo menos uma geração atrasada em relação às marcas mais modernas e que, cada passo que dessem à frente, os ocidentais também já teriam se adiantado. E sugeriu que a possibilidade de os chineses avançarem e superar os demais seria investindo na eletricidade veicular. Uma tecnologia ainda incipiente no mundo inteiro. E ainda contribuiria para reduzir a poluição que já tornavam irrespiráveis os ares chineses.

Pelo jeito, sua sugestão foi muito bem recebida…

As montadoras ‘tradicionais’

A Volkswagen não sabe com quem mais estabelecer alianças na China e nos EUA para tentar tirar o atraso tecnológico de seus elétricos. Perde participação para a Tesla e chineses até no próprio mercado alemão.

A poderosa Mary Barra, CEO da GM, errou o alvo ao anunciar há dois anos que sua empresa iria eliminar a transição pelo híbrido e migrar diretamente da combustão para a bateria. Foi rapidamente forçada a mudar de idéia por seus próprios concessionários norte-americanos que ameaçaram num comunicado fechar as portas se não contassem com híbridos em sua gama.

Outras poderosas como Mercedes, Volvo, Audi, Renault e outras estão desconsiderando seus comunicados anteriores que anunciaram interromper a produção de motores a combustão dentro de 5 a 10 anos.

Entrevistei outro dia um poderoso executivo brasileiro do setor que chegou a pertencer ao board de uma multinacional e perguntei-lhe sua previsão para o ranking das grandes marcas mundiais do mercado automobilístico dentro de 10 anos.

“Qual será exatamente a ordem eu não posso prever, mas com certeza marcas chinesas estarão no topo desta lista”.

E nada mais disse nem lhe foi perguntado.

Newsletter
Receba semanalmente notícias, dicas e conteúdos exclusivos que foram destaque no AutoPapo.

👍  Curtiu? Apoie nosso trabalho seguindo nossas redes sociais e tenha acesso a conteúdos exclusivos. Não esqueça de comentar e compartilhar.

TikTok TikTok YouTube YouTube Facebook Facebook X X Instagram Instagram

Ah, e se você é fã dos áudios do Boris, acompanhe o AutoPapo no YouTube Podcasts:

Podcast - Ouviu na Rádio Podcast - Ouviu na Rádio AutoPapo Podcast AutoPapo Podcast
SOBRE
2 Comentários
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Comentários com palavrões e ofensas não serão publicados. Se identificar algo que viole os termos de uso, denuncie.
Avatar
Carlos Alberto Ranieri 13 de agosto de 2024

As chinesas dominarão … em especial a BYD … elétricos, híbridos e à combustão …

Avatar
Marcelo 11 de agosto de 2024

Enquanto os consumidores quiserem modelos a combustão (e isso é um fato incontestável, eles querem, o que está forçando quase todas as grandes marcas a rever seus planos de eletrificação para baixo) os chineses não avançarão no ocidente.
A minha aposta é a mesma da Toyota: os carros elétricos ficarão com 30% do mercado mundial e só. Serão uma opção a mais apenas no mercado. Visionar mercado mundial, 100% elétrico será utópico por, pelo menos, mais uns 20 anos. A tecnologia necessária para isso acontecer terá que ser radicalmente diferente do que temos hoje.

Avatar
Deixe um comentário