Com nova lei, motor Fiat Fire ‘encerra carreira’ de 25 anos no Brasil
Esse motor estreou no Brasil no ano 2000, mas sua história começou bem antes na Itália e foi fruto de muitas inovações
Esse motor estreou no Brasil no ano 2000, mas sua história começou bem antes na Itália e foi fruto de muitas inovações
Após quase 25 anos de serviços prestados, o motor Fire da Fiat saiu de linha. Ele ainda era feito em versões 1.0 e 1.4, para o Mobi e o Fiorino respectivamente. Deu lugar aos 1.0 e 1.3 da família Firefly para adequar esses modelos ao Proconve L8, legislação que torna a emissão de poluentes mais restrita.
Apesar de ter chegado ao Brasil apenas no ano 2000, o motor Fire tem uma longa história na Itália que começa em 1985. Ele segue em produção em sua terra natal na versão 1.4 turbo MultiAir, equipando o 500 Abarth.
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O fim do motor Fire no Brasil encerra também os motores 1.0 de quatro cilindros, agora as opções restantes são todas de três cilindros. Ele também era o segundo motor mais antigo em produção no país, perdendo apenas para o Família 1 1.8 da General Motors que equipa o Spin e foi lançado na Europa em 1979.
O nome Fire é na verdade uma sigla para “Fully Integrated Robotised Engine“, que significa “motor completamente integrado e robotizado” em tradução livre. Isso é em alusão ao seu processo de produção, que era feito completamente por robôs.
O projeto inicial foi feito pelo engenheiro Stefano Iacoponi e também foi o primeiro motor desenvolvido em computadores. Além da produção automatizada, o Fire foi inovador por ser bastante simples e contar com apenas 273 peças.
Em 1985 a Fiat usava motores antigos de quatro cilindros em seus carros pequenos, como o OHV do 600 que foi lançado em 1955, o OHV do 124 de 1966, o Torque SOHC lançado em 1969 e o Fiasa brasileiro de 1976.
O motor Fire estreou em 1985 com o Autobianchi Y10, que também foi vendido pela Lancia. Esse motor era um 1.0 e ficava na base da gama com potência de 45 cv. Nesse carro a opção mais potente era o 1.050 Fiasa brasileiro, que teve até uma versão turbinada.
A partir de 1986 esse motor novo começou a ser adotado pela Fiat, tanto no Uno quanto no Panda. Nessa primeira fase ele teve versões de 800 cm³, 1 litro e 1,1 litro, sempre com comando único no cabeçote e duas válvulas por cilindro.
Uma versão muito popular do Fire foi a 1.2, que no Brasil foi vendida como 1.3. Para ser mais preciso, ele tem 1.242 cm³. Essa variante estreou no Punto em 1993 e seguiu em produção até 2020.
Mesmo sendo um projeto dos anos 80, o motor Fire ainda era um projeto mais atual que o antigo Fiasa. Ele estreou por aqui no ano2000 na família Palio, com o 1.3 16 válvulas.
O Palio 1.3 Fire foi o primeiro carro nacional com acelerador eletrônico em motores a gasolina. Um detalhe curioso do 1.3 16v Fire era ter apenas a polia de um dos dois comandos de válvulas sendo acionada pela correia dentada, o segundo comando era sincronizado por uma engrenagem.
Essa primeira variante do Fire aposentou o 1.5 Fiasa e o 1.6 8 válvulas Sevel, mesmo sendo menor. Ele foi muito elogiado pelo funcionamento suave e por ter maior durabilidade da correia dentada.
Em 2001, veio a versão 1.0 do Fire, uma novidade muito aguardada. O antigo Fiasa 1.0 só rendia em altas rotações e devia torque – a novidade trouxe a força em baixas rotações que ajudou no desempenho dos populares da Fiat.
Por um curto período de tempo teve também o 1.0 16 válvulas, configuração exclusiva do Brasil. No início dos anos 2000 houve uma pequena disputa entre os 1.0 16 válvulas, que contou com a participação da Fiat, Volkswagen, Chevrolet e Renault. A única marca que insistiu nessa configuração foi a francesa, as outra focaram nos cabeçotes de 8 válvulas.
Esse motor 1.0 16v foi usado também pelo Siena e pela Palio Weekend. Antes eles traziam o Fiasa e usavam câmbio de seis velocidades para compensar a pouca força. Com a adoção do motor Fire, a Fiat aposentou a sexta marcha.
O primeiro motor flex da Fiat foi o 1.3 Fire de 8 válvulas, que veio junto da segunda reestilização do Palio em 2003. Esse modelo é considerado por muitos como o mais bonito do compacto.
Foi um motor que durou pouco, pois, em 2005, ele foi trocado pelo 1.4 8 válvulas flex. Essa configuração se mostrou ser bem acertada como opção intermediária, principalmente por priorizar o torque em baixas rotações.
Neste mesmo ano o 1.0 Fire virou flex, o que privilegiou muito o Mille. O carro de entrada usava uma versão mais antiga desse motor com 55 cv, e, com a atualização, a potência chegou a 66 cv.
A partir daí a Fiat foi atualizando o Fire periodicamente, sempre usando o 1.0 e o 1.4. Até o importado 500 teve uma versão flex desse motor exclusiva para o Brasil.
A novidade mais significativa foi com a chegada do Fire Evo em 2010, junto do novo Uno. Ele trouxe como novidade o variador de fase no comando de válvulas, atuando tanto na admissão quanto no escape.
A Fiat também trouxe bobinas individuais, taxa de compressão mais alta e novo gerenciamento eletrônico no Fire Evo. Essa foi a última evolução do Fire nacional, que foi usado até dezembro de 2024, recebendo apenas pequenas alterações para se adequar às novas normas de emissões.
A Fiat usou o motor Fire na Europa de forma diferente durante os anos 2000. A terceira geração do Punto, chamada de Grande Punto por lá, estreou trazendo o 1.4 em versões aspiradas ou turbo, com duas opções de potência distintas para o segundo.
Esse foi o primeiro passo da marca rumo ao downsizing, tendência de trocar motores maiores por unidades menores e turbinadas. Na Europa o Punto 1.4 turbo de 120 cv fazia o papel que o 1.8 aspirado cumpria no Brasil, por exemplo.
Uma versão mais forte do 1.4 Fire turbo foi importada para o Brasil a partir de 2009, para equipar o Punto T-Jet. Posteriormente foi usado pelo Linea e pelo Bravo. Esse motor rendia 152 cv e trouxe a esportividade de volta a linha brasileira da marca.
O motor Fire também inovou na Europa por ser o primeiro a adotar o sistema MultiAir. Ele troca o comando da admissão por atuadores eletro-hidráulicos que comanda a abertura das válvulas de forma independente.
Além de variar o tempo de abertura das válvulas, esse sistema permite controlar a quantidade de ar admitido pelo motor. Atualmente, todos os motores de ciclo Otto da Fiat com quatro válvulas por cilindro utilizam esse sistema.
Tivemos no Brasil o 1.4 Fire MultiAir aspirado com o Fiat 500. O 1.4 turbo com MultiAir foi oferecido por aqui no 500 Abarth, que era mais forte que o T-Jet dos nacionais.
A Fiat ainda produz o Fire na Europa apenas com turbo e sistema MultiAir. Ele é usado pelo 500 Abarth a combustão, que segue em produção paralelamente a nova geração elétrica.
A versão mais forte dele é também a que está em produção, com 180 cv. Toda essa força, a inovação do MultiAir e as outras tecnologia agregadas fazem o Fire de hoje ser um motor bem diferente do pequeno 1.0 de 54 cv que estreou no Autobianchi Y10 há 40 anos.
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Muito bom esse motor Fire, robusto e barato de manter.