Estes 5 carros quase fracassaram, mas as montadoas agiram rapidamente

Uma análise certeira e rápida do mercado pode salvar um produto que foi mal lançado e evitar grandes prejuízos para a montadora

O HB20 foi o carro mais vendido no mês de abril
Com essa cara o sucesso do HB20 iria pelo ralo (Foto: Hyundai | Divulgação)
Por Eduardo Rodrigues
Publicado em 03/08/2025 às 09h00
Atualizado em 03/08/2025 às 09h47

Apesar das montadoras realizarem vários estudos de mercado antes de lançar um carro novo, elas podem errar. Após um lançamento ruim, é preciso tomar uma ação rápida para salvar o carro do fracasso e não perder o dinheiro investido.

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Se a solução chegar tarde demais, não vai adiantar e o carro seguirá manchado no mercado. Uma prova disso foi o Peugeot 2008 de primeira geração, um SUV compacto que chegou na hora certa, mas ainda trazia um câmbio automático defasado de quatro marchas e a versão de topo era manual.

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Aqui vamos relembrar cinco carros que sofreram uma correção de rota bem rápido. E isso salvou eles de fracassar no mercado brasileiro.

1. Fiat Titano

Fiat Titano Ranch 2026 em cinza escuro diagonal
Mudanças na mecânica e novos equipamentos fizeram a Titano virar um carro novo em apenas 1 ano (Foto: Fiat | Divulgação)

A Peugeot estava planejando lançar a caminhonete Landtrek no Brasil, desenvolvida em parceria com a chinesa Changan. Quando a Stellantis foi formada, o projeto de colocar o motor 2.2 diesel da marca francesa no modelo para ser lançado aqui já estava em estágio avançado.

O grupo viu que a marca mais apropriada para ter uma caminhonete média era a Fiat, que já havia tradição com a Strada e a Toro. Mas resolveram lançar o modelo com o motor 2.2 francês, só finalizando o projeto.

O resultado foi péssimo: a Fiat Titano chegou com motor fraco, suspensão muito dura e interior defasado. A marca sabia disso e vendeu com preços baixos para criar volume.

Parece que a Stellantis já sabia que seria preciso corrigir a rota com rapidez. Em apenas um ano ela lançou uma Titano atualizada que parecia um veículo novo.

Saiu o motor 2.2 antigo da PSA e entrou o 2.2 Multijet da Fiat, que hoje é a única opção de motor diesel do grupo no Brasil. A potência subiu em 20 cv e o torque em 5 kgfm. Para ajudar mais, o câmbio automático passou a ser o consagrado ZF de 8 marchas e a tração 4×4 possui modo integral automático.

O chassi também foi todo revisto, com a suspensão ganhando uma calibração mais confortável e o freio traseiro passando a ser por discos. A Titano também ganhou nova central multimídia, tela maior no computador de bordo, freio de estacionamento eletrônico e pacote ADAS.

O lançamento da Titano 2026 é recente, portanto não sabemos ainda se essas mudanças irá aumentar as vendas. Mas se depender das críticas, estará longe de ser um fracasso.

2. Hyundai HB20 “Bagre”

HYUNDAI HB20S PLATINUM SAFETY 2024 AZUL FRENTE LETERAL TRASEIRA INTERIOR (3)
Deixou de ser um bagre e ajudou a aumentar as vendas (Foto: Marcelo Jabulas | AutoPapo)

O HB20 foi um grande acerto da Hyundai. A marca coreana levou compactos brasileiros para seu país natal e estudou bem a fórmula do sucesso daqui. O resultado foi um estreante que chegou fazendo sucesso e subindo o nível do segmento.

A segunda geração dele foi cercada de expectativas, já que a concorrência correu atrás de nivelar seus carros com o HB20. O produto em si saiu muito bom, com mais equipamentos, interior mais refinado e o motor 1.0 turbo com injeção direta. Só que o desenho era feio.

O HB20 de segunda geração foi apelidado de “bagre” por causa do formado de sua grade. As vendas só não caíram muito pois foram compensadas pelos frotistas, mas a Hyundai viu que seria preciso melhorar a aparência do carro.

O face-lift corretivo chegou com apenas dois anos de mercado. Ele deixou a dianteira com visual mais quadrado e uma grade maior. Na traseira as lanternas foram unidas, antecipando a moda atual. O interior também ganhou um banho de loja.

Essas mudanças salvaram o HB20, que foi um carro revolucionário, de virar um grande fracasso. Hoje ele segue entre os carros mais vendidos do Brasil e voltou a ganhar espaço no varejo.

3. BYD Dolphin Mini de 5 lugares

BYD Dolphin Mini 2025 versão de cinco lugares interior banco traseiro visto de lado
O banco foi redesenhado para poder levar mais um passageiro poucos meses após o lançamento (Foto: Eduardo Rodrigues | AutoPapo)

A BYD parece ter a estratégia de lançar o carro primeiro e depois se preocupa com as demandas do brasileiro, o importante é estar nas manchetes e fazer volume. O Dolphin Mini foi sua grande aposta para 2024, gerando a expectativa de ser o carro elétrico mais barato do Brasil.

O preço dele não foi o menor, mas chegou bem forte. O Dolphin Mini tem um bom pacote de equipamentos para compensar o tamanho pequeno e autonomia adequada para o uso urbano, mas chegou homologado para apenas quatro passageiros.

Compactos com quatro lugares são comuns na China e na Europa, mas o brasileiro faz questão de levar cinco — mesmo se ficarem espremidos. Uma prova disso é o Volkswagen Up, que ganhou um cinto de segurança adicional para poder ser vendido aqui e foi criticado quando a marca tirou esse assento adicional.

Logo no lançamento a BYD disse que estava desenvolvendo uma versão de cinco lugares do Dolphin Mini, que chegou ao mercado poucos meses após o lançamento. O carro elétrico não era um fracasso, longe disso, mas essa versão ajudou a aumentar ainda mais suas vendas.

4. Volkswagen Amarok automática

volkswagen amarok double cab highline 2010 prata frente
A primeira Amarok tinha motor mais fraco e vinha apenas com caixa manual (Foto: VW | Divulgação)

A Volkswagen decidiu entrar no mercado de caminhonetes médias para expandir sua linha comercial na Europa. No velho continente esse segmento é bastante utilitário e focado no trabalho, por isso a Amarok foi lançada apenas com câmbio manual e motores diesel menos potentes.

Já no Brasil e outros mercados emergentes, as picapes são veículos aspiracionais. Suas versões de topo são os carros de luxo do interior, por isso é importante ter um motor bem potente e câmbio automático.

A Amarok estreou no Brasil em 2010, com desempenho acanhado nas vendas, motor 2.0 biturbo diesel de 163 cv e apenas com caixa manual. Nissan Frontier, Ford Ranger e Mitsubishi L200 Triton já eram mais fortes e ofereciam caixa automática.

A Volkswagen foi rápida para resolver isso e acabou se tornando a referência. Em 2012 foi lançada a Amarok automática, com a celebrada caixa ZF de 8 marchas usada por carros de luxo e tração integral permanente 4Motion. O motor biturbo ficou mais forte, passando a produzir 180 cv, só ficava atrás da recém lançada Ranger 3.2.

Essa correção de rota ajudou a salvar a Amarok de ser um fracasso total. Mas em pouco tempo sua imagem foi manchada por problemas no motor quando era exposta ao minério, algo comum nos modelos que rodam em Minas Gerais.

Com o lançamento da versão V6, em 2018, a Amarok encontrou seu nicho como picape para quem gosta de desempenho. Ela não briga mais pela liderança, mas possui público cativo para justificar a sua continuidade.

5. Toyota Corolla de farol redondo

toyota corolla sedan E110 modelo europeu
Quase que esse modelo foi nacionalizado, mas mudaram de ideia antes da tragédia (Foto: Toyota | Divulgação)

A Toyota vende o Corolla em versões diferentes ao redor do globo. A dos EUA é sempre mais simples, pois ele é um carro de entrada lá, na Europa é mais sofisticado e na Ásia costuma ser mais conservador.

Como o mercado de carros no Brasil sempre seguiu o europeu, a Toyota trouxe o Corolla de oitava geração vendido por lá. A carroceria era de um sedã comportado, mas a dianteira usava faróis redondos e uma grade que lembra um ralador de queijo.

Nessa época a marca já estava levantando sua fábrica em Indaiatuba (SP) para fazer o Corolla. O modelo europeu veio como importado apenas em 1998, como sedã ou perua.

Felizmente a Toyota viu que seria preciso mudar isso e nacionalizou a especificação japonesa em 1999. Ele era bem mais conservador, porém mantinha o bom acabamento e ainda acrescentou um motor 1.8.

Essa combinação salvou o Corolla nacional de ser um fracasso. O modelo conservador acabou cativando o público que fez a fama do carro, os tiozões. Receita acertada, já que ele é o sedã médio mais vendido do Brasil até hoje e o único nacional.

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