10 mulheres geniais que revolucionaram o setor automobilístico

Conheça a fantástica história de dez mulheres que estão por trás do carro que você dirige – ou queria dirigir.

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Shirley Muldowney foi campeã em campeonatos de dragster top fuel nos anos 60 (Foto: Automotive Hall of Fame | Reprodução)
Por Bárbara Angelo
Publicado em 06/12/2017 às 09h25
Atualizado em 11/08/2022 às 16h29

Fizemos um compilado de algumas mulheres que contribuíram – e ainda contribuem – para o desenvolvimento e avanço do setor automobilístico. Desde a invenção de acessórios de segurança, passando pelo design interior e exterior, até proezas nas pistas de corrida.

Mulheres não costumam entrar para a história simplesmente por serem mulheres, causando a ilusão de que não participaram ativamente do processo de evolução da civilização humana. Por isso, fizemos esta pequena lista com alguns exemplos de mulheres geniais que revolucionaram a indústria automobilística.

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Denise McCluggage (Foto: Automotive Hall of Fame | Reprodução)

1. Florence Lawrence inventou as setas e a luz de freio

Os(as) aficionados(as) por cinema talvez já tenham ouvido falar de Florence Lawrence. Esta canadense, nascida em 1886, é considerada a “primeira estrela do universo cinematográfico” e desfrutou do ápice de sua carreira na década de 1910. O que não costuma ser contado sobre ela, no entanto, é que foi a inventora das luzes de seta e de freio dos automóveis.

Até então, motoristas faziam gestos com os braços pelas janelas para indicar que iriam fazer uma curva. Florence desenvolveu uma dupla de bandeirinhas para serem fixadas atrás dos para-lamas. Quando ativada por botões elétricos dentro da cabine, uma bandeirinha se levantava, indicando a direção da curva a ser feita. Na traseira, uma placa com a palavra “Stop” (pare ou parada) era ativada automaticamente quando o pedal de freio era acionado.

A mulher comum faz seus próprios reparos. Ela é curiosa o suficiente para investigar cada pequeno ruído em seu carro, e remediá-lo”

Declarou Florence a um jornalista em 1920, segundo reportou o New York Times.

2. O primeiro jornalista no Hall da Fama Automotivo foi Denise McCluggage

O Hall da Fama Automotivo foi fundado em 1939, nos Estados Unidos, para honrar pessoas que contribuíram para a história do setor. Atualmente, a instituição tem 275 nomes indutados. Entre eles está o de Denise McCluggage, que foi indicada em 2001, primeira vez que um jornalista recebeu a honra.

Além de uma grande influência para o jornalismo, Denise também foi piloto de corrida, autora, fotógrafa e esquiadora. Faleceu em 2015. Ela foi uma das fundadoras do periódico e hoje site especializado AutoWeek, criado em Detroit, em 1968. Denise também foi a campeã na categoria Grand Touring das 12 horas de Sebring, em 1961, pilotando uma Ferrari 250 GT SWB; e do Rali de Monte Carlo de 1964, quando dirigiu um Ford Falcon.

Vídeo: Denise McCluggage dirige um Audi R8 aos 80 anos de idade

Denise McCluggage também foi responsável pela introdução da psicologia ao ski profissional. Para executar seu trabalho, que Denise fez até o fim de sua vida, teve que enfrentar as barreiras do machismo. Ela contou ao Automotive Hall of Fame:

Eu tinha que entrevistar pilotos através das cercas de arame, porque eles não permitiam que mulheres entrassem no pit, na garagem, ou na área de imprensa da Indy. Me falaram que as pessoas não iriam aceitar notícias escritas por uma mulher”

3. Alice Ramsey atravessou os Estados Unidos dirigindo em 1909

No Hall da Fama Automotivo, entre os 275 rostos que compõem a lista de indutados, apenas quatro são de mulheres. Junto a Denise McCluggage, está Alice Ramsey, a primeira mulher a entrar para o Hall, em 2000, por ser a primeira mulher que atravessou os Estados Unidos dirigindo.

Alice executou a façanha em 1909 junto com três amigas, e foi a única que conduziu o veículo, um Maxwell 30. Ela tinha 22 anos. A jornada demorou 41 dias, nos quais Alice gastou 11 pneus para percorrer os 6.115 quilômetros entre Nova York e São Francisco, na Califórnia.

Segundo a organização, a viagem de Alice envolveu trechos desafiadores de estradas, temporais, pneus furados, problemas mecânicos, encontros com tribos de índios e com um grupo de homens em cavalos que perseguiam um assassino, história que ela recontou em seu livro, “Veil, Duster and Tire Iron” (“Véu, avental e chave de pneu”, em tradução livre).

Dirigir bem não tem nada a ver com gênero sexual. Tudo o que envolve fica acima do colarinho”

Disse ela ao Ms. Magazine, periódico da época.

4. Mary Anderson inventou os limpadores de para-brisa

Em 1902, Mary Anderson visitou Nova York durante o inverno e, saindo para dar uma volta de bonde, ficou impressionada pela forma como o clima interferia no trânsito. Ela desenhou em seu caderno, então, um projeto que consistia em um limpador parecido com um rodo do lado de fora do vidro do bonde, com uma manivela do lado de dentro da cabine, segundo reportou o New York Times.

Mary patenteou a invenção no ano seguinte, mas, naquela época, poucas pessoas precisavam daquilo. Poucas eram donas carros, e o para-brisa era apenas um acessório removível que algumas escolhiam instalar. Quando os limpadores de para-brisa finalmente se tornaram populares para os automóveis, outras patentes semelhantes, que eram mais recentes, acabaram por tomar o lugar daquela de Mary Anderson. Até hoje, no entanto, o funcionamento do dispositivo é basicamente o mesmo pensado por ela, no início do século passado.

5. Michelle Christensen é a designer por trás do Honda NSX

Michelle Christensen foi a primeira mulher a trabalhar com design exterior na Acura, divisão de luxo da Honda – e ela fez história por lá. Entre os produtos que desenvolveu com a japonesa está a segunda geração do esportivo NSX, lançada em 2015 nos Estados Unidos, projeto do qual foi a líder.

Conhecido no resto do mundo como Honda NSX, o “New Sportscar eXperimental” foi originalmente lançado na década de 1990, logo se tornando uma lenda. Sabe quem ajudou a desenvolver o modelo? “Apenas” um cara chamado Ayrton Senna. Apresentado no Salão de Chicago, em 1989, o esportivo era empurrado por motor 3.0 V6 que entregava 273 cv de potência e 29 kgfm de torque.

A Honda, contudo, encontrou um desafio quando decidiu produzir a segunda geração do mítico NSX. Mas parece que Michelle Christensen era ‘o homem certo para o trabalho’. “Nós sabíamos o quanto era importante que a Acura trouxesse esse veículo de volta e que ele fosse mais agressivo, mais malvado e mais extremo”, contou ela à CNN.

O lançamento foi um sucesso de público e crítica, na esteira de seu antecessor. O diretor geral da Acura, Mike Accavitti, também ficou feliz com o resultado. “Ele parece rápido até quando está estacionado. É a expressão máxima da marca Acura”, afirmou Accavitti ao L.A. Times.

6. Shirley Muldowney foi a primeira pessoa a vencer dois (e depois três!) títulos Top Fuel no drag racing

No Top Fuel, uma das categorias de drag race, um piloto pode alcançar 539 km/h, percorrendo a distância oficial de 305 metros em menos de quatro segundos, duração média da prova. Foi a competição nacional Top Fuel da NHRA, nos Estados Unidos, que concretizou a ascensão de Shirley Muldowney como campeã.

Em 1977, Shirley ganhou sua primeira prova na categoria. O feito foi considerado tão incrível que Shirley recebeu reconhecimento oficial por parte da Câmara dos Representantes norte-americana. Três anos depois, ela mostrou que aquilo não era o bastante para ela, e se tornou a primeira pessoa do mundo a conquistar o título no Top Fuel duas vezes.

Vídeo: Shirley Muldowney (trajando cor-de-rosa) conquistando o Top Fuel pela terceira vez, em 1982, correndo contra Connie Kalitta

Como se não bastasse, em 1982, ela repetiu o feito, levantando o troféu pela terceira vez. Desta vez rolou no U.S. Nationals. No total, Shirley Muldowney venceu 18 eventos da NHRA nos Estados Unidos, figurando na quinta posição entre os 50 melhores pilotos da lista oficial da federação. Hoje é considerada uma lenda das pistas.

Como pode-se imaginar, não foi fácil para ela conquistar seu espaço no esporte dominado por homens na década de 1970. “Eles eram horríveis comigo. Acho que era inveja profissional”, contou ela sobre os outros pilotos para a revista Racer. “Eles me fizeram o que eu sou. Criaram um monstro, mas no fim isso me ajudou. Me tornou melhor”, destacou Shirley.

7. Bertha Benz fez a primeira viagem de carro da história

Se Alice Ramsey foi a primeira mulher a atravessar os Estados Unidos dirigindo, a alemã Bertha Benz é considerada responsável pela primeira viagem em um carro particular movido a gasolina da história. Antes disso, as viagens de longa distância eram feitas em veículos movidos a vapor ou em transportes coletivos, como ônibus.

Bertha foi a estreante, hoje forma comum de transporte, em 1888. Para isso, ela usou um dos protótipos de três rodas que seu marido desenvolvera, os Motorwagen, para atravessar um trecho de 106 quilômetros. Para traçar a rota, Bertha incluiu pontos de parada em vilarejos para comprar ligroína, um destilado de petróleo que era usado como solvente e abastecia os protótipos do casal. Ela levou seus dois filhos e nem mesmo avisou o marido.

No decorrer da viagem, Bertha teve que consertar o veículo diversas vezes, mas chegou ao seu destino – a casa de sua mãe. A façanha atraiu muitos olhares, como ela previa, pois Bertha estava por trás dos investimentos nas máquinas de Karl, de quem era sócia.

Se o sobrenome do casal parece familiar, é porque ele viria a ser a segunda metade do que conhecemos hoje como Mercedes-Benz. Atualmente, Bertha é considerada uma das pioneiras do desenvolvimento da indústria, assim como seu marido.

8. Diane Allen coordenou o time de design da Nissan por trás do 370Z, Titan e outros

Diane Allen é diretora sênior de design na divisão da Nissan em San Diego, nos Estados Unidos, e coordenou o design exterior de diversos modelos da marca. Ela trabalha com design na companhia desde 1984, e já recebeu diversos prêmios por seu trabalho, incluindo o Gold Award for Industrial Design Excellence. Diane esteve por trás da primeira picape Titan que a Nissan desenvolveu para o mercado norte-americano, e também da última geração da grandalhona, quando o núcleo que coordena venceu a competição contra um grupo da divisão japonesa da companhia.

Diane também comandou o desenvolvimento do Rogue, do Armada, o primeiro Infiniti M5 e do esportivo 350Z, que ajudou a renovar a imagem da Nissan no início dos anos 2000 e, mais recentemente, o 370Z. Ela também é detentora de diversas patentes para dispositivos que desenvolveu durante sua carreira com o design automotivo. Sobre os desafios de se trabalhar no ramo, Diane contou à CNN: “É assustador. Se você não tiver um tipo de personalidade disposta a lutar para se inserir, você não vai conseguir”.

9. Tisha Johnson é a designer chefe dos interiores da Volvo

Os mais recentes S90 e V90, da Volvo, chamam a atenção pelo design limpo e elegante da marca sueca que se especializa em oferecer segurança aos ocupantes. O sedã e a perua, no entanto, também devem primar por um design interior arrojado para acompanhar a proposta de conforto das configurações de três volumes.

É nessa hora que a Volvo chama Tisha Johnson, que foi a responsável por desenvolver o interior da cabine de ambos os modelos. Tisha coordenou o projeto desde o espaço para os joelhos dos ocupantes nos assentos traseiros, passando pelo suporte ergonômico, até o teto solar panorâmico.

Um dos desafios do trabalho de Tisha é unir a forma à função. “Os clientes não estão dispostos a comprometer a beleza de um carro pela praticidade”, contou ela em uma entrevista ao site Cool Hunting. Tisha também supervisiona projetos conceito na Volvo, entre eles, um assento infantil que faz giros de 360 graus, um lounge para passageiros e um sistema de display digital intuitivo para os painéis da marca.

10. Irina Zavatski criou o design da Chrysler Pacifica desde os primeiros esboços

Irina Zavatski desenvolveu o design exterior da nova minivan Chrysler Pacifica desde os primeiros esboços do projeto até o lançamento em 2016, em substituição ao Town & Country. Como ela revelou na época, sua missão era “fazer a minivan ser legal de novo”.

Irina também conta que a experiência foi inédita em sua carreira devido à grande liberdade que teve em determinar a direção do projeto. “Não teve um centímetro daquele carro que eu não toquei”, declarou ela ao site Automotive News. E parece que ela venceu o desafio, pois o estilo e desenho da minivan foram alvo de muitos elogios. Hoje, Irina atua como gerente de design exterior na Jeep, outra marca do grupo FCA.

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2 Comentários
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Alessandra Lima Costa 11 de julho de 2021

A procura de carro com pouco espaço

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Franco Vieira 8 de dezembro de 2017

Lembro da Hellé Nice, uma francesa que foi uma das primeiras a correr de automóvel.

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