BYD faz festa para receber seu gigantesco navio, fornecido pelo governo chinês, que trouxe mais uma remessa de carros
Pela segunda vez, a BYD fez questão de mostrar seu magnífico navio ro-ro (específico para transporte de veículos que entram e saem rodando), de última geração, que nada mais é que um “presente” do governo da China, desembarcando 5.524 carros desta vez no porto de Aracruz (ES). Ao mesmo tempo em que procura demonstrar uma posição de força junto ao mercado, fica claro que nenhum outro importador em qualquer época pôde ou pode se dar a essa ostentação.
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Como a empresa vem formando estoques enormes a fim de driblar o aumento gradativo do imposto de importação sobre elétricos e híbridos, está sendo obrigada a dar descontos generosos para continuar sua escalada de vendas. Quem comprou seus carros antes, deve estar pouco feliz com o futuro valor de revenda. Seus planos de produção em Camaçari (BA) continuam envoltos em mistério e, tudo indica, que a etapa de simples SKD (agregação de conjuntos semidesmontados) de veículos importados vindos praticamente prontos da China será longa ou, no mínimo, pouco animadora.
Sinal disso, no mesmo tom da Anfavea, foi a crítica do Sindipeças que reúne produtores de componentes, em grande parte de capital nacional, até agora nem ao menos sondados sobre possíveis contratos de fornecimento. O presidente do sindicato, Cláudio Sahad, disse que “países com indústria automobilística instalada não praticam imposto tão baixo para importações de elétricos e híbridos, tornando o mercado brasileiro um alvo fácil”.
GWM, segunda marca chinesa em vendas aqui, que adquiriu a fábrica da Mercedes-Benz, em Iracemápolis (SP), evidencia transparência. Começará a operação local no próximo trimestre apenas comprando de fornecedores locais rodas, pneus, bancos e vidros (para-brisa continuará importado, a exemplo do restante do carro).
BYD serve à estratégia de “campeã nacional” do governo central chinês e isso fica longe de surpreender. De fato, fora de tom é rufar tambores de novo para o desembarque numeroso de veículos importados, quando em contraste exportar se enquadra em algo mais digno de atenção. Faltou sensibilidade para compreender coisa tão simples. Soa como provocação e iniciativa nada a agregar.
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Mercantilismo no seu estado mais puro, só que dessa vez os índios encantados com espelhinhos e bugigangas,trazidos pelo grande navio que veio de além mar, somos nós mesmos… Será que em 500 anos não aprendemos nada ? Triste.
Com relação a concorrência no mercado de autos, nada contra, é sempre bem vinda porque força as outras a saírem da zona de conforto. Entretanto, lembrem que o Brasil é um dos únicos países do mundo que paga caro por carros chineses….300 mil, 240 mil, 180 mil….caros.
Lembrar também que a China está com um problema seríssimo de “overcapacity”, eles tem capacidade para 50 milhões de carros por ano e estão fabricando apenas 60% desse numero. E feito isso, mesmo assim não estão vendendo localmente todos que produzem; precisam desesperadamente de mercados internacionais para absorver esse excesso de carros. Ai vem concorrência predatória e dumping.
Enfim, custou 100 anos de investimento e trabalho para construir a indústria automobilística brasileira. Vamos por tudo no lixo em troca de espelhinhos e bugigangas ?
Os preços imbatíveis dos carros elétricos chineses, ainda excluirão do mercado muita montadora ocidental cheia de pose e de carestia!
Lá nos anos 90, com a chegada de novas marcas, alguns modelos coreanos de utilitários “nacionais” chegavam prontos e apenas com as portas e o volantes separados.
Uma vez na “fabrica” brasileira, recebiam a montagem final das peças que os acompanhavam soltas, e em seguida recebiam um lindo adesivo com os dizeres: “Fabricado no Brasil”.
O problema daqui não são as Leis, mas sim as brechas nelas contidas. Não é algo tão difícil de se corrigir, mas os nossos parlamentares estão “ocupados” demais e sem tempo para se preocuparem com o Brasil.