Preços da gasolina e do diesel devem subir com a guerra na Ucrânia

Cotação do barril de petróleo, matéria-prima desses combustíveis, já começou a apresentar variações após o início do conflito

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Preços de comodities, incluindo o petróleo, sofrem muita influência de conjunturas políticas internacionais (Arte: Ernani Abrahão | AutoPapo)
Por Alexandre Carneiro
Publicado em 25/02/2022 às 09h03
Atualizado em 12/08/2022 às 23h15

Motoristas, preparem-se: a guerra na Ucrânia deve fazer com que os preços da gasolina e do diesel subam aqui no Brasil. Trata-se de uma consequência direta da alta na cotação internacional do barril de petróleo, insumo dos combustíveis fósseis. Porém, de acordo com especialistas ouvidos pelo AutoPapo, ainda é cedo para prever as dimensões dessa provável elevação.

Ontem (24), data de início do conflito, o barril de petróleo chegou a atingir o preço máximo de US$ 105,79; entretanto, terminou o dia com a cotação de US$ 99,08. Ainda assim, a tendência é de alta, já que, no mês passado, antes do início das tensões entre Rússia e Ucrânia, o valor do insumo estava abaixo da barreira de US$ 90.

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O professor Mauro Rochlin, que atua na área de MBA da Fundação Getúlio Vargas (FGV), avalia que invasão da Ucrânia impacta diretamente os valores de commodities como o petróleo. E isso acaba gerando reflexos nos preços da gasolina, do óleo diesel e de outros combustíveis vendidos à população de diversos países.

Vale lembrar que a Rússia é um grande produtor mundial de petróleo e de gás. Como o país sofrerá sanções econômicas e, possivelmente, perdas durante o conflito, o valor desses insumos pode ser ainda mais afetado. Rochlin explica que:

Havendo uma redução na oferta (de petróleo), a tendência é que os valores subam. E, consequentemente, os preços dos derivados, como gasolina e óleo diesel, claro, também vão sofrer aumentos.”

Dólar pressiona preços da gasolina e do diesel

Outra questão levantada pelo professor da FGV é que as incertezas econômicas provocadas pela invasão tendem a causar uma valorização do dólar. E o petróleo é justamente um dos produtos que têm cotação internacional, atrelada à moeda estadunidense. Trata-se de outro fator que também deve pressionar os preços da gasolina e do óleo diesel para cima.

Assim como o petróleo, o valor da moeda estrangeira já começou a subir após o início do conflito. Ontem (24), o dólar comercial era cotado a R$ 5,12, revertendo uma tendência de queda apresentada nos dias anteriores.

Até que ponto os combustíveis podem subir?

Para Rochlin, o panorama futuro ainda é bastante nebuloso, devido às incertezas sobre o conflito. “No curto prazo, a gente já está assistindo a uma redução na oferta de petróleo e ao impacto que isso gera no mercado. Mas, daqui para a frente, é difícil prever”, sintetiza.

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Especialistas prevêem aumentos a curto prazo, mas ponderam que preços estão relacionados a muitas variáveis (Foto: Marcello Casal Jr | Agência Brasil)

Oswaldo Dehon, professor de Segurança Internacional da Faculdade Ibmec de Minas Gerais, pontua que a Ucrânia  tem pouca capacidade militar para se defender do exército russo, que um dos mais bem-equipados e numerosos do planeta. Assim, ele traça dois possíveis cenários para o conflito na Europa.

No primeiro deles, a invasão russa não excederia as fronteiras da Ucrânia e, assim, seria mais breve. Porém, no segundo, o conflito se expandiria por territórios de países membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), como Eslováquia, Romênia, Polônia, Estônia, Letônia e Lituânia; nesse caso, as consequências, inclusive econômicas, seriam bem mais graves.

Seja como for, o caso é que os preços dos combustíveis fósseis, como a gasolina e o óleo diesel, não escaparão de impactos. “A economia do petróleo é mais sensível à política do que à lei da oferta e da procura”, pondera Dehon.

Incertezas

Atualmente, a Petrobras adota a política internacional de preços para os combustíveis: assim, qualquer variação na cotação do petróleo no exterior traz impacto direto aos preços da gasolina e do óleo diesel comercializados no Brasil.

Todavia, Rochlin lembra que o presidente Jair Bolsonaro já havia feito menções a possíveis intervenções na política de preços da empresa petroleira. Propostas para tentar conter os valores dos combustíveis por meio de redução de ICMS ou da formação de um fundo de estabilização também estão em debate do senado federal.

Caso alguma dessas propostas avance, os preços dos combustíveis poderiam cair a curto prazo, ainda que às custas de deficits nas contas públicas. O caso é que, no momento, a hipótese de uma intervenção econômica do governo ainda é incerta. “É mais uma incógnita nessa equação”, conclui o professor da FGV.

Boris Feldman comenta, em vídeo, sobre a influência da cotação do dólar no preço da gasolina: assista!

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4 Comentários
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Leandro 25 de fevereiro de 2022

Td é motivo pra subir, mas nunca desce kkkk

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Leandro 26 de fevereiro de 2022

Tudo é motivo pra subir o preço, mas nunca tem motivo pra cair o preço.
Jajá até o alinhamento dos planetas vai ser motivo pra aumento.

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Santiago 25 de fevereiro de 2022

É só por interesse e imposição do mercado financeiro, que estamos pagando em Dólar pelos combustíveis que consumimos aqui no Brasil.
Qualquer país produtor/exportador de commodities, que tenha um mínimo de planejamento sério, pratica duas tabelas de preços:
– A cotação internacional em Dólar, para aquilo que é exportado.
– E a cotação local, calculada nos custos reais e em moeda local, para o abastecimento mercado interno – e SEM qualquer necessidade de subsídios.
Mas vai dizer isso pros nossos “analistas” do mercado financeiro. Vão te chamar de comunista, petista, chavista, terrorista…

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Rodolfo 25 de fevereiro de 2022

É impressão minha ou sempre o preço do etanol acompanha o preço da gasolina… cada hora é uma desculpa… entressafra, seca, alta do barril do petróleo…

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