Processo contra FCA cita índices de venda falsos
O chefe de vendas da companhia dos Estados Unidos afirma que sofreu retaliações depois que colaborou com investigação sobre números inflados
O chefe de vendas da companhia dos Estados Unidos afirma que sofreu retaliações depois que colaborou com investigação sobre números inflados
Um processo contra a FCA está sendo aberto pelo chefe de vendas da própria companhia nos Estados Unidos e Canadá. Reid Bigland afirma que a Fiat-Chrysler Automobiles diminuiu sua compensação depois que ele colaborou com uma investigação federal americana. Segundo documentos, a empresa tinha o hábito de inflar seus índices de venda e o fez por 30 anos.
Bigland trabalha na companhia há 22 anos e opera como chefe de vendas nos Estados Unidos e Canadá, além de supervisionar a marca Ram na região. De acordo com o processo, revelado pelo Detroit News, a Fiat-Chrysler teria deixado de pagar US$ 1,8 milhão ao funcionário como forma de retaliação.
E o motivo dela é o que mais surpreende.
Segundo dados do processo contra a FCA, a companhia tinha um método irregular de contabilizar suas vendas. Essas práticas entraram sob suspeita do governo federal dos Estados Unidos, e estão sendo investigadas.
Por estar no controle do departamento, Bigland passou a colaborar com os investigadores. Quando a FCA descobriu isso, cortou as compensações que o funcionário deveria receber.
O órgão responsável pela investigação é a Comissão de Títulos e Câmbio, ou SEC, na sigla em inglês. Eles começaram a analisar os números de vendas da empresa em julho de 2016. De acordo com o Detroit News, a comissão sugeriu que Bigland assumisse parte da culpa pelas irregularidades, e que a FCA também fosse punida.
Contudo, o funcionário se recusou a tanto. Segundo ele, a metodologia do índice de vendas já era adotada pela companhia muito antes que ele fosse contratado. A prática também seria conhecida pelo ex-CEO global da Fiat-Chrysler, Sergio Marchionne, falecido no ano passado, afirma Bigland no processo contra a FCA.
“A relutância dele em ser o bode expiatório de uma prática dos acusados que data de 30 anos e o precedeu, e sua sinceridade com relação aos acusados terem conhecimento dessas práticas, antes e durante sua permanência no cargo de chefe para os EUA, levaram a FCA a retaliar contra o requerente [Bigland] menos de dois meses depois, negando-lhe sua compensação”, declarou a advogada de Bigland, Deborah Gordon.
Com o processo contra a FCA, o chefe de vendas dos Estados Unidos tem o objetivo de impedir que a companhia continue suas práticas irregulares, e também de obter uma quantia desconhecida como indenização.
Ainda de acordo com o Detroit News, as investigações do SEC começaram depois que duas concessionária da FCA no estado de Illinois abriram um processo civil contra a empresa. De acordo com essa outra ação, a Fiat-Chrysler dos Estados Unidos incentivava os vendedores a contabilizarem carros que ainda estavam nas lojas como vendidos.
“[A FCA dos EUA] promove e encoraja, conscientemente, a falsa contagem de vendas de veículos automotores por diretamente recompensar seus gerentes de distrito e diretores de centros de negócios com bônus trimestrais em dinheiro que estão diretamente ligados aos números reportados de vendas de veículos”, afirma o processo.
A ação também conta a história do diretor de uma concessionária que recebeu a oferta de US$ 20 mil em incentivos para contabilizar 40 veículos como se houvessem sido vendidos.
Esse primeiro processo contra a FCA foi indeferido por um juiz. Contudo, alguma suspeita deve ter permanecido, pois ele foi a razão das investigações da SEC.
Pouco depois do início da investigação, em 2016, a companhia teria mudado seu método de contabilização. Segundo a cobertura do Detroit News, então, os números de vendas da marca foram revisados. O que estava sendo considerado uma sequência de 75 meses de crescimento nas vendas diminuiu para cerca da metade desse tempo.
A investigação da SEC ainda está em andamento.
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