Porque prefiro o sedã ao SUV

Os chamados utilitários-esportivos custam caro, mas não passam de automóveis mais altos; são os “SUVs de shopping”...

SUVS EM ESTACIONAMENTO
SUVs fazem sucesso, mas são menos estáveis, mais pesados e caros que um bom sedã (Foto: Shutterstock)
Por Boris Feldman
Publicado em 17/05/2025 às 09h00

Para começo de conversa, o engano já está na denominação, pois quase todos que acham estar comprando um SUV, estão levando para a garagem um “crossover”. SUV são as iniciais de Sport Utility Vehicle, que em inglês significa Veículo Utilitário Esportivo.

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Trocando em miúdos, um veículo com as características de um utilitário, aptidões de jipe, capaz de rodar em terrenos irregulares, tração nas quatro rodas, estrutura mais robusta com carroceria sobre chassis. Entretanto, oferece espaço, conforto e desempenho de um automóvel e, por isso, o “esportivo” é agregado ao “utilitário”. No nosso mercado, são apenas modelos 4×4 da linha Jeep, Suzuki Jimny e Mitsubishi Eclipse Cross, na faixa de até R$ 200 mil. E outros bem mais caros.

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O Jimny Sierra é um dos poucos SUVs de verdade (Foto: Suzuki | Divulgação)

O que se chama hoje de utilitário esportivo se enquadra, na verdade, como um “crossover”. Segundo o “Google”, “um carro mais alto e com um design que lembra um SUV, mas que usa a mesma plataforma de um carro de passeio…”. Já ganharam o apelido de “SUV de shopping”.

Por que não gosto do SUV?

Ele é mais pesado que o sedã, hatch ou perua.  Consumo de combustível e emissões maiores. É mais alto e menos aerodinâmico, o que também aumenta o consumo. A altura reduz a estabilidade, tornando-o mais dependente de recursos eletrônicos para melhor dirigibilidade. Tem rodas maiores: pode ajudar a enfrentar um buraco, mas o pneu é bem mais caro.

Por serem mais altos, conferem maior sensação de segurança ao motorista e passageiros. Mas estatísticas comprovam que por sua altura e da grade frontal também mais elevada, causam ferimentos mais graves no caso de atropelamento. Até num acidente com impacto lateral contra um automóvel, provocam estragos e danos corporais maiores. Então, sua altura resulta em maior sensação de segurança para motorista e ocupantes, mas prejudicam os terceiros.

SUV´s de maior porte são menos ágeis e dificultam manobras em função de suas dimensões. Nas apertadas vagas de shopping, pode ser uma briga colocá-los ou retirá-los da vaga. E, por sua largura, quase impedem quem encosta ao lado de abrir as portas. E alguns ainda complicam mais a manobra com estepe pendurado lá atrás.

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Toyota Corolla Cross é mais caro que o sedã, mas tecnicamente deixa a desejar (Foto: Toyota | Divulgação)

Como viraram moda, a maioria de quem os compra estaria melhor ao volante de um automóvel, sem nenhuma necessidade do SUV. “Mas o porta-malas é maior”, retrucam. Nem sempre: o do Corolla Cross, por exemplo, tem 440 litros de capacidade, 30 litros menor que o do “irmão” Corolla Sedã. “O Cross tem maior distância livre do asfalto”, dizem. Mal sabem que é de apenas 13 mm…

Entre os dois Toyotas, o sedã sai vitorioso em vários itens, a começar da suspensão traseira. A dele é do tipo multi-link (multibraços), das mais modernas e consegue aliar conforto com estabilidade, enquanto a do Corolla Cross tem um tosco eixo rígido. Entre-eixos também é maior (em 6 cm) oferecendo mais espaço no banco traseiro.

Outro bom exemplo foi o Ford Ecosport: feito sobre a mesma plataforma do Fiesta, mas custando muito mais. Tinha até um aviso no para-sol: cuidado para rodar em velocidades mais elevadas pois falta estabilidade a este veículo…

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EcoSport vinha com uma aviso sobre instabilidade em velocidades elevadas (Foto: Ford | Divulgação)

Outro absurdo é o preço. Como virou moda (ou tendência, se preferirem…), as fábricas cobram pelo que não entregam. Voltando ao caso do Corolla, a versão SUV deveria custar menos, porém é mais cara que o sedã, mesmo com eixo rígido na traseira e detalhes toscos de acabamento. E não é apenas o Toyota: comparar sedã com um SUV construído sobre a mesma plataforma de outras marcas leva à mesma conclusão: como o (falso) utilitário-esportivo dá status ao proprietário, ela cobra caro pois o precifica para uma rentabilidade muito maior que a de um sedã ou hatch.

Resumo da ópera é que a maioria dos donos de SUVs procura justificar racionalmente uma compra feita pelo emocional, só para sair bonito na fita das classes econômicas mais elevadas.

Meus carros? Todos do tipo hatch ou sedã, são agradáveis ao volante. O real prazer ao dirigir. Mais estáveis e confortáveis, maior porta-malas, menos dependentes de eletrônica, mais ágeis e fáceis de manobrar, menor consumo de combustível e até tração integral, difícil de encontrar num SUV…

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